domingo, 16 de janeiro de 2011

O conhecimento como base de uma nova teoria dinâmica da firma


Prezados

Em um artigo seminal de 1996, "Making knowledge the basis of a dynamic theory of the firm", John Christopher Spender* nos alerta para o caráter do conhecimento como um conceito problemático demais, o que dificulta muito a tarefa de construir uma teoria da firma dinâmica e baseada no conhecimento.

Uma característica que muito me atrai nos textos de Spender, em geral, é sua riqueza de informações sobre as bases filosóficas necessárias a se entender o conhecimento como fator de produção.

Este é justamente um ponto que afugenta muita gente, que pretende fazer Gestão do Conhecimento sem entender o conhecimento, ou pelo menos sem precisar pensar muito.

Especialmente naquele seu artigo, Spender mostra a importância de distinguir com clareza esta teoria proposta de duas visões já bastante conhecidas: a Visão Baseada em Recursos (VBR) e a Visão Evolucionária.

Para Spender, durante os últimos anos, os teóricos da estratégia corporativa têm dado maior atenção à idéia da empresa como um corpo de conhecimento, embora muita gente argumente que tudo isto não passa simplesmente de um modismo acadêmico, apenas mais um reflexo da crença popular de que estamos nos movendo para uma nova Era da Informação e argumentem que pode haver pouca necessidade de uma nova teoria, desde que a tomada de decisões sempre foi uma questão de conhecimento.

Para outros é um passo significativo em direção a lidar com os problemas epistemológicos de maneira adequada.

Trata-se de um artigo obrigatório para quem pretende entender o Conhecimento Organizacional. Vale a pena conhecer o artigo de Spender, que está disponível em

http://www.jcspender.com/uploads/Spender-SMJ96SI.pdf

Forte abraço

Fernando Goldman



* SPENDER, J. C. Making knowledge the basis of a dynamic theory of the firm. Strategic Management Journal, vol. 17(edição especial), p. 45–62, 1996.

8 comentários:

Ferdinand disse...

Fernando
O Spender reforça a opinião que tenho dos conceitos do Nonaka.
Concordo que é um texto difícil.
Contudo, vou re-ler após ruminar algumas semanas.

Ferdinand disse...

Fernando
Sustentabilidade é o tema para a KM!
Acabo de ver mais 2 palestras no TED, a do Van Jones -the Economic Injustice of Plastics e a da Naomi Klein - Addicted to Risk.
De que adiantam as teorias econômicas se estamos em rota de colisão com nossa própria extinção?
Forte abraço
Ferdinand

Fernando Goldman disse...

Ferdinand

Você tem razão, sustentabilidade é uma área de interesse muito importante para a KM e eu completaria: se não começarmos a pensar seriamente na KM da sustentabilidade, continuaremos confundindo prevenção de catástrofes com sistemas de alerta.

Forte abraço

Fernando Goldman

Ferdinand disse...

Concordo que sempre há a dita confusão. Mas os administradores estão cientes! E eles sabem que basta fazer circo para a platéia e fica tudo OK.

Ferdinand disse...

Fernando
Pegando uma carona em Inteligência Empresarial, vemos que o grande Capital, com o único motivador de "lucro a qualquer custo" é talvez o maior atrator da rota de destruição acelerada do meio ambiente atuando hoje.
O trabalho do Edgard Morin tem que ser posto mais em evidência.
Parece que ele sabe das coisas.
Abraço
Ferdinand

Ferdinand disse...

Fernando
veja que interessante. Nós passarmos a usar o tag "Gestão de Conhecimento" em vez do mais adequado na minha humilde opinião "Gestão do Saber". O Spender é que colocou isto bem claro. A língua inglêsa é que tem apenas uma palavra para estas duas coisas diferentes: know-what e know-how. Como o próprio Spender mostra no alemão usam kennen e wissen, no françês connaître e savoir. E por quê nós não usamos "conhecer" e "saber", como coisas distintas em KM?
Será que é porque para as administrações das organizações é mais importante o "conhecer", e a exigüidade do tempo não permite aos administradores adentrar o "saber"?
Abração
Ferdinand

Ferdinand disse...

Fernando
Finalmente alguém põe no papel os termos que acho que não podem nunca faltar em KM. "Shrewdness or cunning"!
Abração
Ferdinand

Ferdinand disse...

Continuando
E esta "esperteza" não se ensina em lugar nenhum. Ela é algo misterioso (tácito?) que a pessoa desenvolve ou não. É o nosso tão cantado em verso e prosa "malandragem", que quando em excesso leva o “possuído” diretamente para mais um praticante da Lei de Gerson.
Abração
Ferdinand