quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Como reter o conhecimento na empresa?

Prezados


É fácil perceber que há relativamente poucos casos de sucesso em Gestão do Conhecimento (KM). Isto se deve muito provavelmente ao fato de a maioria dos programas de KM se apoiar na triste idéia de reter conhecimento.


Os chamados programas de retenção de conhecimento geralmente acabam desaguando nos 3C´s: capturar – codificar – compartilhar.

Muitos dos nossos experts vão se aposentar em breve e vão levar consigo todo seu conhecimento

Quantas vezes já não ouvimos essa ladainha? Há uma insistência em tentar resolver esse problema clássico contratando custosos programas de retenção de conhecimento, que acabam se mostrando, frustrantemente, de muito pouca utilidade.


Tal tipo de frustração é em boa parte resultado do desconhecimento de em que consiste a “expertise” e qual sua relação com a informação e com o conhecimento.


Expertise é mais do que conhecimento, que por sua vez, como tem sido largamente discutido neste blog, é muito mais do que a simples informação.


Expertise é baseada naquilo que todos os seres humanos imaginam ter, mas só alguns desenvolvem: bom senso.


Não sei quem disse isso da primeira vez, mas ele tinha razão: você certamente encontrará seres humanos se queixando da falta de uma série de coisas na vida, mas você nunca encontrará um ser humano reclamando de não ter bom senso.


Além disso, traduzir a palavra “expertise” por “especialidade” e “expert” por “especialista” não diz tudo sobre o papel do expert na empresa.


É certo que o conhecimento envolve a capacitação de definir problemas e conseguir resolvê-los, porém a expertise envolve a capacitação de diagnosticar de forma rápida e precisa uma situação e encontrar uma solução rapidamente, sem um longo processo analítico. A diferença entre um expert e um bom conhecedor de determinado assunto reside na forma como vêem o mundo e, em especial, no modo como vêem o seu campo.


Significa dizer: conhecimento tácito.


Assim, é simples entender porque programas de retenção de conhecimento falham, em sua grande maioria. Ao focar no conhecimento explicitável esses programas desconsideram que aquilo que os experts precisariam ensinar aos mais novos, para lhes propiciar expertise, também envolve a forma como os próprios experts pensam e sobre a qual nem eles mesmos estão cientes.


Forte abraço


Fernando Goldman

3 comentários:

Thiago Cardoso disse...

Olá Fernando,

Meu nome é Thiago e estou estudando KM na Faculdade. Na minha empresa, este novo conceito de Gestão do Conhecimento tem tomado bastante força. Na nosso ambiente de trabalho, o profissional que detém o conhecimento é bastante valorizado, incentivado e até mesmo auxiliado para que possa transmitir o seu conhecimento. Mas eu tenho uma pergunta. Na sua opinião, quais as características um profissional "comum" ou aprendiz precisa ter para se tornar um "expert"? Todo profissional pode se tornar um expert?

Fernando Goldman disse...

Prezado Thiago

Sua pergunta merece uma nova postagem inteira, tal a sua importância para a compreensão do real papel da KM na composição de uma Teoria da Firma que seja alicável em nossa atual sociedade da informação, comunicação e conhecimento.

Se você me permite, vou responder-lhe em uma nova postagem e muto obrigado pela pergunta-dica.

Forte abraço

Fernando Goldman

Marback,Lázaro disse...

Caro Fernando, do Thiago, parece-me uma pergunta retórica, como naquele intuito de ter como meta estimular reflexões sobre o assunto. O mestre teve tempo de respondê-lo? Gostaria de saber o seu pensamento a respeito. Um sincero abraço.