segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O homem cego da Gestão do Conhecimento Organizacional


Prezados
Há alguns anos eu li um livro sobre Análise Transacional - Eu estou Ok, você está Ok, do Dr Thomas A. Harris - que falava de "um homem cego, num quarto escuro, procurando um gato preto, que nem está lá dentro". As vezes eu vejo algumas pessoas tentando entender o que fazer em Gestão do Conhecimento Organizacional e lembro daquele pobre homem cego.
Há muitos pontos nevrálgicos na implantação de KM nos grandes arranjos organizacionais. Entre eles, dez se destacam: 

 
i)                a compreensão de que o conhecimento só existe na mente humana - todo o resto é informação;

ii)               a correta compreensão de como funciona o conhecimento tácito;

iii)             a compreensão de que o conhecimento explícito não é a mesma coisa que a informação;

iv)             a compreensão da diferença entre a Gestão de Informação (IM) e Gestão do Conhecimento Organizacional (KM);

v)              a compreensão do papel das rotinas organizacionais;

vi)            a  compreensão da organização como um conjunto rotinas de diferentes níveis;

vii)          a compreensão dos verdadeiros processos do Conhecimento Organizacional;

viii)        a compreensão que a Gestão do Conhecimento Organizacional propicia a Inovação;

ix)           a compreensão da Gestão do Conhecimento Organizacional (KM) como um metaprocesso;

x)             a compreensão por que é importante diferenciar Gestão do Conhecimento de Gestão do Conhecimento Organizacional (KM).

 

Vê-se assim que é necessário compreender algumas coisas para que se possa efetivamente pensar em fazer Gestão do Conhecimento Organizacional.
 
Forte abraço
 
Fernando Goldman

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O conhecimento só existe na mente humana - todo o resto é informação


Eu tenho pesquisado muito sobre Gestão do Conhecimento Organizacional (KM), já há algum tempo, e estou convencido de que há alguns pontos nevrálgicos na implantação dessa atividade nos grandes arranjos organizacionais. Repare que eu propositadamente insisto em diferenciar os arranjos organizacionais de suas “organizações”, o que também é muito importante para quem pensa em fazer KM.

Mas talvez, o principal desses pontos nevrálgicos na implantação de KM nos grandes arranjos organizacionais seja a dificuldade em estabelecer a correta diferenciação entre Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento. Essa dificuldade se faz presente pela dificuldade que as pessoas têm, embora a neguem, de diferenciar Informação e Conhecimento.  

Em sua “Letter” de outubro de 2016, David Gurteen nos informa, com certa euforia, sobre um ressurgimento da KM no governo do Reino Unido, na forma de um conjunto de “Princípios” que o governo de lá publicou em um documento intitulado “ Knowledge Principles for Government”, que eu pretendo mais adiante analisar aqui.

Segundo Gurteen, este conjunto de “Princípios” foi concebido por profissionais de Gestão de Conhecimento e Informação do governo do UK para ajudar seus colegas no desenvolvimento de estratégias e planos para melhorar a forma como o conhecimento é “compartilhado” (outro mal entendido sobre o conhecimento) em seus departamentos.

A partir de alguns comentários sobre aquele documento do governo britânico, Gurteen nos convida a conhecer uma página (http://conversational-leadership.net/knowledge-human-mind/), com o título “Knowledge only exists in the human mind - Everything else is information”, que é parte de seu livro on line, ainda sendo escrito, sobre Conversational Leadership.

Gurteen inicia sua análise lembrando que “Na linguagem cotidiana, as palavras ‘conhecimento’ e ‘informação’ são utilizados livremente e de forma intercambiável, mas se desejarmos gerenciar informações e conhecimento, ele acha “importante fazer uma distinção clara e nítida entre os dois conceitos”.

Após algumas definições, Gurteen nos lembra alguns importantes conceitos propostos por Wilson, em 2002, que clara e eloquentemente faz a distinção entre conhecimento e informação. Alguns dos principais conceitos propostos por Wilson são:

O conhecimento só existe na mente humana. Todo o resto é informação.

O conhecimento é definido como o que sabemos: o conhecimento envolve os processos mentais de apreender, compreender e aprender que vão na mente e apenas na mente, por mais que envolvam interação com o mundo fora da mente e interação com os outros.

Sempre que queremos expressar o que sabemos, só podemos fazê-lo proferindo mensagens de um tipo ou outro - oral, escrita, gráfica, gestuais ou mesmo através de "linguagem corporal".

Tais mensagens não carregam "conhecimento", constituem "informações", que um espírito preparado pode assimilar, entender, compreender e incorporar em suas próprias estruturas de conhecimento.

Eu recomendo a leitura do texto do Gurteen. Aliás, se você não conhece o texto do Wilson*, eu também recomendo sua leitura, embora, num pensamento de 2002, ele vá tentar lhe mostrar que KM não existe.

O mais importante de tudo é a certeza de que você só vai conseguir implantar um processo de KM se conseguir distinguir Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento. No meu Modelo de Gestão do Conhecimento Organizacional (http://kmgoldman.blogspot.com.br/2016/09/a-dinamica-do-conhecimento.html ), você pode distinguir claramente como isto acontece em dois loops.

Forte abraço

Fernando Goldman

* WILSON, T.D. The nonsense of 'knowledge management'. Information Research, v.8, n.1, 2002. Disponível em: . Acesso em: 02 nov. 2016.