Eu
tenho pesquisado muito sobre Gestão do Conhecimento Organizacional (KM), já há
algum tempo, e estou convencido de que há alguns pontos nevrálgicos na
implantação dessa atividade nos grandes arranjos organizacionais. Repare que eu
propositadamente insisto em diferenciar os arranjos organizacionais de suas
“organizações”, o que também é muito importante para quem pensa em fazer KM.
Mas talvez,
o principal desses pontos nevrálgicos na implantação de KM nos grandes arranjos
organizacionais seja a dificuldade em estabelecer a correta diferenciação entre
Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento. Essa dificuldade se faz presente
pela dificuldade que as pessoas têm, embora a neguem, de diferenciar Informação
e Conhecimento.
Em
sua “Letter” de outubro de 2016, David
Gurteen nos informa, com certa euforia, sobre um ressurgimento da KM no governo
do Reino Unido, na forma de um conjunto de “Princípios” que o governo de lá
publicou em um documento intitulado “ Knowledge Principles for Government”, que eu pretendo mais adiante analisar aqui.
Segundo
Gurteen, este conjunto de “Princípios” foi concebido por profissionais de Gestão
de Conhecimento e Informação do governo do UK para ajudar seus colegas no
desenvolvimento de estratégias e planos para melhorar a forma como o
conhecimento é “compartilhado” (outro mal entendido sobre o conhecimento) em seus departamentos.
A
partir de alguns comentários sobre aquele documento do governo britânico,
Gurteen nos convida a conhecer uma página (http://conversational-leadership.net/knowledge-human-mind/),
com o título “Knowledge only exists in the human mind - Everything else is
information”, que é parte de seu livro on
line, ainda sendo escrito, sobre Conversational Leadership.
Gurteen
inicia sua análise lembrando que “Na linguagem cotidiana, as palavras ‘conhecimento’
e ‘informação’ são utilizados livremente e de forma intercambiável, mas se desejarmos
gerenciar informações e conhecimento, ele acha “importante fazer uma distinção
clara e nítida entre os dois conceitos”.
Após
algumas definições, Gurteen nos lembra alguns importantes conceitos propostos
por Wilson, em 2002, que clara e eloquentemente faz a distinção entre
conhecimento e informação. Alguns dos principais conceitos propostos por Wilson
são:
O
conhecimento só existe na mente humana. Todo o resto é informação.
O
conhecimento é definido como o que sabemos: o conhecimento envolve os processos
mentais de apreender, compreender e aprender que vão na mente e apenas
na mente, por mais que envolvam interação com o mundo fora da mente e interação
com os outros.
Sempre
que queremos expressar o que sabemos, só podemos fazê-lo proferindo mensagens
de um tipo ou outro - oral, escrita, gráfica, gestuais ou mesmo através de
"linguagem corporal".
Tais
mensagens não carregam "conhecimento", constituem "informações", que
um espírito preparado pode assimilar, entender, compreender e incorporar em
suas próprias estruturas de conhecimento.
Eu
recomendo a leitura do texto do Gurteen. Aliás, se você não conhece o texto do
Wilson*, eu também recomendo sua leitura, embora, num pensamento de 2002, ele vá tentar lhe mostrar que KM não existe.
O
mais importante de tudo é a certeza de que você só vai conseguir implantar um
processo de KM se conseguir distinguir Gestão da Informação e Gestão do
Conhecimento. No meu Modelo de Gestão do Conhecimento Organizacional (http://kmgoldman.blogspot.com.br/2016/09/a-dinamica-do-conhecimento.html
), você pode distinguir claramente como isto acontece em dois loops.
Forte abraço
Fernando Goldman
* WILSON, T.D. The nonsense of
'knowledge management'. Information Research, v.8, n.1, 2002. Disponível
em: . Acesso em: 02 nov.
2016.
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