quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A perfeita percepção da diferença entre informação e conhecimento

Atualmente vem sendo bastante reconhecido que a maioria das atividades desenvolvidas por aí sob a etiqueta de Gestão do Conhecimento são, na realidade, atividades de Gestão da Informação. Assim, constantemente, desperta atenção a importância da devida diferença entre informação e conhecimento.

 

É possível notar uma certa frustração quando as empresas desenvolvem, ou contratam alguém para desenvolver, após muito tempo de trabalho e muitos custos, sistemas de Gestão do Conhecimento e acabam percebendo ter conseguido, tão somente, sistemas de Gestão da Informação.

 

Não que sistemas de Gestão da Informação não tenham enorme importância nas atividades gerencias como as vemos hoje em dia. Muitos autores afirmam categoricamente não ser possível se fazer uma boa Gestão do Conhecimento sem uma boa Gestão da Informação. Pronto! Parou aí.

 

A verdade é que com os desenvolvimentos alcançados nas últimas décadas no campo das Tecnologias da Informação, qualquer garoto de segundo grau com razoável conhecimento de Banco de Dados desenvolve um sistema capaz de livrar uma empresa de ter que lidar com informações espalhadas em várias planilhas simultaneamente.

 

Infelizmente, quem compra a ideia de um sistema de Gestão do Conhecimento espera muito mais do que um sistema de Gestão da Informação, como o descrito acima, é capaz de propiciar. Nessa hora começa a haver a necessidade de se entender com clareza a diferença entre informação e conhecimento.

 

Para tanto, a maior dificuldade reside no reconhecimento do caráter dinâmico do conhecimento. Há assim a necessidade de se ter uma Epistemologia, o que demanda um certo grau de aprofundamento. Como é bem sabido, a maioria dos que citam Polanyi nunca o leram. Muitos nem mesmo leram os trabalhos de Nonaka direito e não são capazes de compreender as simplificações feitas por ele nas ideias de Polanyi.

 

Por não entender o dinamismo do conhecimento, traduzido no fato de que ele está em constante construção, muitos profissionais, sem a base epistemológica necessária, acreditam ser possível transformar o conhecimento tácito em explícito e, ingenuamente, atribuem tal ideia a Nonaka.

 

Outros, apesar de afirmarem que informação e conhecimento são essencialmente diferentes, dizem que informação e conhecimento explícito poderiam ser a mesma coisa.

 

Talvez, pela falta da base epistemológica já citada, estes últimos tenham dificuldade de perceber que não existem dois conhecimentos distintos. Para Polanyi, tácito e explícito seriam apenas duas dimensões dinâmicas de um mesmo conhecimento e que um não existe sem o outro. Os dois estão em constante construção.

 

Portanto, como afirmar que informação e conhecimento são essencialmente diferentes, tendo um caráter estático e o outro caráter dinâmico, para a seguir dizer que a informação, estática, seria a mesma coisa que o conhecimento explícito, dinâmico pela própria natureza do conhecimento?

 

A informação pode ser gerada, armazenada, compartilhada, distribuída, etc., o conhecimento, seja ele tácito ou explícito, não.

 

Forte abraço

 

Fernando Goldman

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Da Gestão do Conhecimento à Gestão do Conhecimento Organizacional

Prezados

Para compreender o que realmente pode significar a expressão Gestão do Conhecimento Organizacional - e todo seu potencial de ser muito mais do que um simples modismo - é necessário ter clareza com relação a duas dimensões básicas. Primeiro, ter a perfeita percepção da diferença entre informação e conhecimento. Segundo, uma vez entendido o que é o conhecimento e seu caráter dinâmico, a percepção do Conhecimento Organizacional como uma metáfora capaz de auxiliar na construção de uma Teoria da Firma alinhada ao referencial teórico das Capacitações Dinâmicas.

Na enorme distância que separa essas duas dimensões talvez resida a explicação do porquê, após mais de vinte anos de pesquisas e publicações sobre o tema, ainda não se tenha atingido um consenso de que a Gestão do Conhecimento só faz sentido quando entendida como Gestão do Conhecimento Organizacional.

As duas dimensões reúnem, ao invés de separar, uma enorme variedade de profissionais sobre o guarda-chuva único de uma coisa difusa designada genericamente por Gestão do Conhecimento. O assunto atrai pesquisas em diferentes áreas de formação, indo da Economia, a Gestão Estratégica, a Teoria das Organizações, passando pelos Sistemas de Informação e a Gestão da Tecnologia e da Inovação, para atingir a Engenharia de Produção, o Marketing, a Psicologia, a Sociologia, a Pedagogia, a Arquivologia, a Biblioteconomia, etc.

Na primeira dimensão - a diferenciação entre informação e conhecimento - a maior dificuldade reside no reconhecimento do caráter dinâmico do conhecimento. Por não entender este dinamismo, traduzido no fato de que o conhecimento está em constante construção, muitos profissionais, sem a base teórica necessária, acreditam ser possível transformar o conhecimento tácito em explícito e confundem informação e conhecimento explícito.

Talvez o mais característico desta dimensão seja a dificuldade de se perceber que não existem dois conhecimentos distintos. Tácito e explícito seriam apenas facetas de um mesmo conhecimento e que um não existe sem o outro.

Como imaginar que profissionais, com tão diferentes formações, se não entendem o que é o conhecimento, possam entender o Conhecimento Organizacional, um hiato na literatura sobre arranjos organizacionais.

Embora a literatura esteja repleta do uso da expressão Gestão do Conhecimento Organizacional, muitas vezes é difícil identificar se o organizacional é um adjetivo da Gestão do Conhecimento, como se houvesse outros tipos de Gestão do Conhecimento, ou se efetivamente se está tratando de gerir o Conhecimento Organizacional.  

A verdade é que ainda há muita confusão e desperdício de recursos devido à falta de definições, critérios e padrões claros sobre o que deveria ser esperado da Gestão do Conhecimento Organizacional como uma competência organizacional e a percepção de que ela deveria estar relacionada à criação dinâmica de Conhecimento Organizacional, ou seja, à inovação.

Forte abraço

Fernando Goldman