Para compreender o que
realmente pode significar a expressão Gestão do Conhecimento Organizacional - e
todo seu potencial de ser muito mais do que um simples modismo - é necessário ter
clareza com relação a duas dimensões básicas. Primeiro, ter a perfeita
percepção da diferença entre informação e conhecimento. Segundo, uma vez
entendido o que é o conhecimento e seu caráter dinâmico, a percepção do Conhecimento
Organizacional como uma metáfora capaz de auxiliar na construção de uma Teoria
da Firma alinhada ao referencial teórico das Capacitações Dinâmicas.
Na enorme distância que
separa essas duas dimensões talvez resida a explicação do porquê, após mais de
vinte anos de pesquisas e publicações sobre o tema, ainda não se tenha atingido
um consenso de que a Gestão do Conhecimento só faz sentido quando entendida
como Gestão do Conhecimento Organizacional.
As duas dimensões reúnem,
ao invés de separar, uma enorme variedade de profissionais sobre o guarda-chuva
único de uma coisa difusa designada genericamente por Gestão do Conhecimento. O
assunto atrai pesquisas em diferentes áreas de formação, indo da Economia, a
Gestão Estratégica, a Teoria das Organizações, passando pelos Sistemas de Informação
e a Gestão da Tecnologia e da Inovação, para atingir a Engenharia de Produção, o
Marketing, a Psicologia, a Sociologia, a Pedagogia, a Arquivologia, a Biblioteconomia, etc.
Na primeira dimensão - a
diferenciação entre informação e conhecimento - a maior dificuldade reside no
reconhecimento do caráter dinâmico do conhecimento. Por não entender este
dinamismo, traduzido no fato de que o conhecimento está em constante
construção, muitos profissionais, sem a base teórica necessária, acreditam ser
possível transformar o conhecimento tácito em explícito e confundem informação
e conhecimento explícito.
Talvez o mais
característico desta dimensão seja a dificuldade de se perceber que não existem
dois conhecimentos distintos. Tácito e explícito seriam apenas facetas de um
mesmo conhecimento e que um não existe sem o outro.
Como imaginar que
profissionais, com tão diferentes formações, se não entendem o que é o
conhecimento, possam entender o Conhecimento Organizacional, um hiato na
literatura sobre arranjos organizacionais.
Embora a literatura esteja
repleta do uso da expressão Gestão do Conhecimento Organizacional, muitas vezes
é difícil identificar se o organizacional é um adjetivo da Gestão do
Conhecimento, como se houvesse outros tipos de Gestão do Conhecimento, ou se
efetivamente se está tratando de gerir o Conhecimento Organizacional.
A verdade é que ainda há
muita confusão e desperdício de recursos devido à falta de definições,
critérios e padrões claros sobre o que deveria ser esperado da Gestão do
Conhecimento Organizacional como uma competência organizacional e a percepção
de que ela deveria estar relacionada à criação dinâmica de Conhecimento
Organizacional, ou seja, à inovação.
Forte abraço
Fernando Goldman
Um comentário:
Para auxiliar um pouco na diferenciação entre informação e conhecimento talvez a palestra do Andrew D Giger seja de alguma valia. Vejam em https://www.youtube.com/watch?v=SCNPqqtA0bw
Quanto à Gestão do Conhecimento Organizacional, está além de minha limitada capacidade......
Postar um comentário