domingo, 9 de janeiro de 2011

Ambidestria Organizacional

Prezados

Antes de iniciar esta postagem, vale firmar mais uma vez a idéia de que nos textos deste blog é adotada uma terminologia onde as empresas (as firmas) são apenas um dos muitos tipos de arranjos organizacionais (sistemas adaptativos complexos), os quais têm uma determinada organização em um determinado instante.

Tenho também defendido aqui neste blog que as vantagens competitivas, as assimetrias, que uma empresa pode ter a seu favor, são cada vez mais vistas como sendo oriundas de sua organização no instante considerado. Como Barney vem destacando, a partir de 2007, a organização de uma empresa, vista como sua habilidade para lidar com seus recursos valiosos, raros e difíceis de imitar é fator importantíssimo para determinar até que ponto a vantagem competitiva gerada por determinado recurso será sustentável ou não.

Muitos autores usam os termos "criar" e "compartilhar" para expressar os diferentes focos que uma empresa pode ter no conhecimento.

O termo "compartilhar" quando aplicado ao conhecimento pode gerar certo grau de confusão. Compartilhar é facilmente entendido quando aplicado a coisas. Compartilhar coisas é um conceito fácil de entender. Compartilhar informações também. No entanto, se assumimos o conhecimento como uma capacitação (uma capacitação para ação eficaz), o termo "compartilhar" deixa de ser entendido tão facilmente. Afinal, o que significa compartilhar uma capacitação?

Muitos fracassos em Gestão do Conhecimento se devem à dificuldade de entender o que significaria "compartilhar conhecimento". Às vezes se demora bastante tempo até perceber que "compartilhar informações" não significa "compartilhar conhecimento".

As diferentes formas como o conhecimento organizacional é tratado dependem fundamentalmente do tipo de produção de conhecimento focado pela empresa. A literatura sobre o Conhecimento Organizacional vem distinguindo aqueles dois tipos de produção do conhecimento (criação e compartilhamento) de várias maneiras diferentes.

March (1991), por exemplo, fala em exploração (exploration) e aproveitamento (exploitation) do conhecimento. Para ele, a exploração (prospecção) de conhecimento refere-se a atividades que levam a novos conhecimentos, por exemplo, atividades como a experimentação e a descoberta. Já o aproveitamento do conhecimento refere-se a atividades que utilizam ou recombinam o conhecimento existente para criar valor, por exemplo, atividades como a rotinização e novas aplicações para conhecimento já existente.

Outros autores falam em coordenação e integração do conhecimento. Outros de aprendizado adaptativo e generativo e há diversas outras maneiras de expressar a habilidade que as empresas precisam ter para lidar adequada e simultaneamente com as duas formas de renovar seu conhecimento organizacional.

Esta habilidade vem sendo chamada de Ambidestria Organizacional, um constructo que vem ganhando importância na literatura sobre a firma, e deverá ganhar maior destaque em nossas próximas postagens, pois é um importante fator de Gestão do Conhecimento Organizacional, ainda pouco explorado entre nós.

Forte abraço

Fernando Goldman

Revisado em 11.01.2011

Um comentário:

Ferdinand disse...

Fernando
Tive que ler e reler, e não tenho certeza de ter captado o sentido pretendido por você.
A questão central é a Ambidestria Organizacional na criação e compartilhamento deste todo complexo que é a noção de "conhecimento".
Para o leitor fiel de tuas postagens aposto que faz todo o sentido. Para o Administrador do calibre de um CIO ou KM, que só surfa em relatórios gerenciais, tenho dúvidas.
E não sei o que dizer ou sugerir.
Alguém mais tem alguma sugestão?
Forte Abraço
Ferdinand