“Enterprise 2.0”, segundo me dizem, é um termo cunhado por Andre McAfee, professor da Harvard Business School. Na verdade é uma web 2.0 para o mundo corporativo e uma de suas promessas é levar as informações relevantes para as pessoas que deles precisem, usando blogs, wikis e outras ferramentas do gênero.
Para uma excelente e sucinta apresentação sobre o assunto acesse: http://www.slideshare.net/absolutesubzero/community-management .
Um dos aparentes e bem alardeados benefícios da Enterprise 2.0 é garantir que o conhecimento não se perca, totalmente, com a saída de profissionais da empresa, uma preocupação cada vez mais presente. Outros benefícios seriam ainda reduzir custos com treinamentos e alavancar a colaboração entre os membros da organização.
Parece que aqui, mais uma vez, a falta da necessária distinção entre “informação”, conhecimento explícito e conhecimento tácito pode fazer seus estragos.
Diferente das implementações de software mais tradicionais, de cima para baixo e centralizadas, as ferramentas da enterprise 2.0 ganham força graças à expectativa de participação espontânea e colaborativa dos funcionários, como acontece, por exemplo, no Slideshare ou no YouTube.
Assim, é o interesse e a participação dos funcionários, que garantirá o sucesso. Aqui é que a porca torce o rabo, como diziam no tempo dos avós dos meus avós. Mais uma vez, as organizações precisarão resolver questões relativas a um ambiente não propício ao compartilhar conhecimento.
O próprio McAfee criou uma lista das capacidades necessárias para levar a web 2.0 para a organização(ver a apresentação citada acima) entre as quais não incluiu Gestão do Conhecimento:
- Busca (a informação tem de ser “buscável”);
- Conexões (links) devem conectar posts em blogs, wikis(páginas comunitárias na internet que podem ser alteradas por todos os usuários que têm direitos de acesso) e outros;
- Autoria (ferramentas simples devem permitir que qualquer um contribua e edite o conteúdo);
- Tagging (os usuários tem de poder classificar o conteúdo de uma forma que faça sentido para eles mesmos);
- Extensões (aplicações devem incluir sugestões e recomendações) e
- Sinalizações (tecnologias como o RSS que avisa aos usuários quando há novo conteúdo).
A enterprise 2.0, como a web 2.0, é uma conversa franca, sincera, baseada em liberdade de expressão, com a única diferença que toda organização está “assistindo”. Ao mesmo tempo que as organizações precisarão adotar esse tipo de aplicações com os naturais requisitos de segurança, privacidade e governança, é essencial que já haja na organização um espírito de compartilhamento, ou que ele seja trabalhado.
Se os funcionários não se sentirem seguros e motivados para compartilhar informações e conhecimentos ou até identificarem alguma conseqüência negativa nisso, eles ficarão relutantes em usar essas ferramentas.
Um outro aspecto importante é que as ferramentas devem ser simples o suficiente para motivar o seu uso e não aparentar um aumento de trabalho. Esse é um aspecto muito importante e que também é sempre muito mal entendido na Gestão do Conhecimento: as ferramentas devem ser simples ou ninguém vai se dar ao trabalho de usá-las, a menos que obrigado, mas aí já vira outra história.
Para funcionarem, as aplicações da enterprise 2.0 devem ser ainda muito interativas, concentrando nas mãos dos usuários a maior parte da inovação e da mudança. O que está e o que não está funcionando? Quais funcionalidades são realmente necessárias? Em muitos casos, partirão dos próprios funcionários as sugestões para que as ferramentas fiquem mais interessantes. Vale, aqui também, a velha máxima de que neste mundo em constante desenvolvimento, os produtos nunca estão prontos.
A questão então é a seguinte: Hoje, a Gestão do Conhecimento é vista como um conjunto de conceitos, métodos e técnicas para criar e dar suporte a uma cultura de colaboração e troca de informações e conhecimentos no ambiente organizacional.
Pois bem, sem uma efetiva Gestão do Conhecimento da organização a enterprise 2.0, simplesmente não funcionará.
Forte abraço
Fernando Goldman
Revisado em 31.03.2008
4 comentários:
Oi, Goldman!
Muito interessante o teu post - como vc sabe, tudo que está em torno de tecnologia, conteúdo e colaboração está no meu radar. Logo, Enterprise 2.0 é um tema para o qual tenho estado atento.
Minha conclusão maior é que não se está fazendo a devida leitura antropofágica da web 2.0 para o mundo corporativo. E vc tem toda razão: estão tentando reinventar a roda, ao invés de beber em conceitos e experiências que a GC já acumulou na sua estrada... coisa de hype mesmo.
Na semana passada em fiz uma palestra a este respeito, no World Web Expo Forum, participando de uma mesa de debates. Coloquei comentários e os slides lá no meu blog, que te convido a visitar: http://ricardosaldanha.wordpress.com
Vou linkar o teu no meu, eles (e nós) temos muito em comum (menos o fato de que eu torço pelo Vasco... rs).
[]s!
Saldanha
Prezado Saldanha
Muita honra ter você comentando meu blog. Ontem li seus comentários e entrei lá no seu blog. Viajei. Vi muita coisa interessante e percebi que vou passar um bom tempo lá, me atualizando no lado mais tecnológico da coisa.É bom achar isso com alguém que vê o lado antropológico e cognitivo da coisa também.
Quanto a você ser vascaíno, não se preocupe não, porque nos últimos anos eu tenho procurado me cercar de amigos vascaínos. É uma forma de garantir que não vou ter de enfrentar gozações.
Forte abraço
Fernando Goldman
Complementando o seu post gostaria de deixar a dica de um slide "convidativo" para a onda do Enterprise 2.0:
http://www.slideshare.net/trib/enterprise-20-enabling-change-or-part-of-the-problem-presentation?src=embed
Julio Caldas
Prezado Julio
Dei uma olhada na referida apresentação e é realmente muito interessante e bem montada.
Obrigado pela dica.
forte abraço
fernando Goldman
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