Pode parecer estranho, mas é da maior importância o entendimento de que aquilo que se chama de Gestão do Conhecimento é uma visão bem específica de cada empresa.
A racionalidade de tal fato é fruto de que até mesmo o que é "conhecimento" é uma definição bem específica de cada empresa ou arranjo organizacional.
Recentemente um aluno em início de curso me escreveu "Perdemos recentemente os dois únicos funcionários que conheciam e haviam sido treinados em uma determinada ferramenta (software) e agora, pela falta de uma boa gestão do conhecimento, estamos sem ninguém para trabalhar neste sistema, o que nos obrigará a reiniciar o processo de treinamento e conhecimento da ferramenta por novos funcionários."
Muita gente abraça esta ideia com naturalidade. O conhecimento seria estar treinado em uma tarefa ou ter um conjunto de informações relevante para execução de determinado trabalho.
Tal visão é fortemente influenciada por um uma dificuldade de diferenciar informação e conhecimento. Podemos fazer uma lista das funções necessárias para o andamento do trabalho de uma firma e tentarmos programar redundâncias para na eventualidade de perdermos um funcionário – por qualquer razão que seja – o substituirmos o mais rapidamente possível.
Dependendo do porte da empresa, isto simplesmente não é possível. Em empresas pequenas e até de médio porte, se ganha de dia para comer de noite e não faria sentido ficar treinando gente em paralelo para no dia que um funcionário tiver de sair – hoje em dia uma realidade sempre presente – já haver outro funcionário pronto para assumir o seu lugar. Isto seria um luxo impossível de se arcar em determinados negócios.
Para determinado porte de empresas é economicamente mais viável se esperar acontecer a saída de algum funcionário e quando acontecer tentar resolver o problema de forma localizada, absorvendo as consequências daquela saída de funcionário do jeito que for possível.
Para outras empresas, seu porte justifica criar redundâncias para algumas e até mesmo para todas as funções, mas chamar isto de Gestão do Conhecimento é perder a oportunidade de melhor entender o conhecimento organizacional como recurso da empresa que pode e deve ser gerido. É deixar de usar toda pesquisa desenvolvida em um campo de conhecimento que vem crescendo muito nos últimos anos e optar por soluções fáceis, mas que na prática não produzem resultados novos.
Forte abraço
Fernando Goldman