sexta-feira, 6 de julho de 2007

KM RIO 2006 - Entrevista

Terminado o KM RIO 2006,realizado na Casa de Ciência da UFRJ, em 09/11/2006, foi feita uma entrevista pela equipe de assessoria do evento, na qual abordei alguns temas de GC, que acredito podem alavancar discussões interessantes neste Blog.

A entrevista original está disponível em http://www.kmrio.com.br/pos_evento1.html .

A seguir farei algumas postagens com algumas das principais perguntas feitas:

Após o KM RIO 2006, entrevistamos o Diretor do Pólo-Rio da SBGC e Coordenador do KM Rio 2006, o engº Fernando Goldman:

Equipe KMRIO 2006: O que significa SBGC e o que ela faz?
Fernando Goldman: Significa Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento, uma organização nacional sem fins lucrativos, tendo como um de seus principais objetivos promover uma maior divulgação da Gestão do Conhecimento, visando o aumento da efetividade das organizações, a competitividade do país e a qualidade de vida das pessoas.

Equipe KMRIO 2006: Por que é utilizada a sigla KM e não GC?
Fernando Goldman: Vem da expressão em inglês "Knowledge Management" (Gestão do Conhecimento). Trata-se de um termo consagrado internacionalmente, embora eu não o considere ideal.
Equipe KMRIO 2006: Mas o que vem a ser a Gestão do Conhecimento?
Fernando Goldman: Diversas definições sobre KM têm sido apresentadas em diferentes artigos e livros e estão sempre próximas de algo como: “KM é o conjunto de processos, em uma organização, relacionados com a criação, uso e disseminação de conhecimentos”. Este tipo de definição já não é adequado a descrever a necessidade de uma KM eficaz. Eu, pessoalmente, gosto mais de uma definição ainda pouco usada, porém, a meu ver, mais abrangente. Nela, “KM” seria o nome dado a um processo contínuo, composto por um conjunto de práticas que procuram gerenciar as circunstâncias que o conhecimento precisa para prosperar na organização, bem como as técnicas necessárias para avaliar seus efeitos.

Equipe KMRIO 2006: Por que tanta ênfase no Conhecimento?
Fernando Goldman: Vários estudos realizados a partir das duas últimas décadas (oriundos das mais diferentes fontes) vêm mostrando as economias dos países desenvolvidos e das organizações de ponta cada vez menos dependentes dos fatores tradicionais de produção (mão-de-obra,terra, energia e matéria-prima). Em contrapartida, esses mesmos estudos apontam o contínuo aumento da importância econômica da produção de bens fortemente relacionados ao Conhecimento.

Equipe KMRIO 2006: Como seria o conhecimento transformado em resultados?
Fernando Goldman: Por um lado, podemos falar dos chamados bens relacionados aos intangíveis como, por exemplo, softwares, músicas, programas de televisão, filmes, pagamento de royalties sob licenças e etc. Por outro lado, podemos falar dos bens de alta tecnologia, intensivos em conhecimento, tais como: aviões, computadores, automóveis top de linha e etc. Podemos falar ainda dos segmentos de serviços, intensivos no uso de tecnologia e conhecimento: o financeiro, seguros, comunicações, serviços de engenharia e consultoria, os setores de serviços sociais e etc.

Equipe KMRIO 2006: Seria o Conhecimento mais um fator de produção?
Fernando Goldman: Sim, eu diria o mais importante e de melhor retorno na Era da Informação e do Conhecimento, que já estamos vivendo.
Equipe KMRIO 2006: Quais as mudanças pretendidas com esse novo conceito?
Fernando Goldman: Torna-se cada vez mais necessário aceitar, compreender e lidar com os conceitos relacionados aos fatos citados, facilitando a absorção de idéias relativamente novas como Capital Intelectual, em contraposição ao Capital Financeiro, e Ativos Intangíveis, em contraposição aos Ativos Tangíveis, por exemplo.

Equipe KMRIO 2006: E como isso repercute nas empresas?
Fernando Goldman: As finanças das organizações caminham cada vez mais para o objetivo principal da criação de valor. Hoje, qualquer decisão, seja de curto ou longo prazo, deve buscar de uma forma direta e objetiva o alcance desse objetivo maior. A razão fundamental do capitalismo é o retorno sobre o capital investido. Nesse contexto, é natural que, atualmente, as organizações concentrem nos chamados ativos intangíveis a maior à parte de seus investimentos e esforços para criação de valor.
Equipe KMRIO 2006: Então o foco é o Conhecimento?
Fernando Goldman: Nunca é demais chamar a atenção para o fato de que quando nos propomos a gerenciar o Conhecimento, estamos falando do Conhecimento Estratégico, aquele que precisa ser continuamente criado para garantir à organização uma vantagem competitiva sustentável. Na verdade, nem todo o conhecimento se traduz em vantagem competitiva ou inovação, nem mesmo capacidade de empreender.A importância de um determinado conhecimento depende do contexto.Devemos lembrar que a importância dada ao conhecimento não é um fato novo. A história da humanidade mostra que os povos que melhor souberam gerir e gerar conhecimentos úteis (estratégicos) foram os que, em cada época, atingiram predominância sobre os demais.A mesma história da humanidade tem sido cruel com os povos e nações que não tiveram tal competência.

Equipe KMRIO 2006: Mas a criação de conhecimento não é um fenômeno espontâneo e como tal não pode ser totalmente gerenciado?
Fernando Goldman: Realmente, como diversos autores têm chamado a atenção, a forma mais segura de inibir o desenvolvimento dos fenômenos espontâneos seria tentar gerenciá-los. Pode parecer um paradoxo, falar em KM e ao mesmo tempo reconhecer a ineficácia de tentar gerenciar a criação de conhecimento, mas, como já foi dito, devemos gerenciar as circunstâncias que o conhecimento precisa para prosperar. A idéia é então gerenciar culturas e ambientes de conhecimento.
Equipe KMRIO 2006: E a LeiSarbanes Oxley onde entra nisso tudo?
Fernando Goldman: Como a Raquel Balceiro chamou à atenção durante o seminário, a Petrobras para colocar suas ações na bolsa de Nova Iorque, teve o seu sistema de Gestão do Conhecimento avaliado devido à Lei Sarbanes Oxley , que foi criada em 2002 após as quebras da empresa de energia Enron, da Consultoria Arthur Andersen e da WorldCom na área de telecomunicações. A Governança Corporativa existe para regulamentar a relação dos executivos com os acionistas, sócios e demais stakeholders e seu foco deverá ser direcionado em um futuro não distante para a KM, à medida que os mercados começarem a sentir que as possíveis ameaças ao retorno sobre o capital investido estarão diretamente associadas ao modo de gerenciar o
conhecimento nas organizações.

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