sexta-feira, 6 de julho de 2007

Plano de implantação de GC - 3

Mensagem originalmente postada no Fórum da SBGC em 18/01/2007

Meu caro Ronaldo
Você escreveu :
"Boa tarde a todos.
Meu nome é Ronaldo e estou também às voltas com Gestão de Conhecimentos em uma Instituição Federal de Ensino. É um verdadeiro vespeiro, porque terei que mexer com alguns feudos.
Agradeço a dica de Fernando Goldman e tratarei de providenciar os livros o quanto antes, especialmente se vier um upgrade no salário".
Vou aproveitar sua deixa, para tentar começar a responder a pergunta do Ricardo Soares:
"Como chegar na definição do processo e da política de GC de minha empresa, partindo do Modelo de Gestão da mesma?"


Eis uma bela pergunta .
Dizem que se julga o engenho de um homem, não pelas respostas que ele dá, mas sim pelas perguntas que ele faz.Eu sinceramente gostei muito da pergunta do Ricardo . Ela é capaz de produzir um verdadeiro terremoto nesse fórum.
Eu, por exemplo, não me sinto habilitado a responder à sua pergunta .
Sei que muitos, precipitadamente, dariam uma resposta recheada de lugares-comuns, o quê certamente não é aquilo que o Ricardo espera .
Vou começar rodeando, comendo o mingau pela borda, porém não pretendo fugir do assunto.
Antes de tudo, é preciso entender que para implantar qualquer coisa em qualquer lugar, seja uma grande organização, uma padaria da esquina, uma nova rotina no dia-a-dia de um casal, um plano entre um bando de delinqüentes, em um lar , em uma escola de samba, enfim , seja lá no que for, são necessários dois requisitos básicos: Confiança e Respeito
Gestão do Conhecimento, para horror de alguns poucos que me lêem, não é um modelo de gestão. Ninguém administrará uma organização, seja de que porte for, fazendo apenas Gestão do Conhecimento .
Jason Jennings, em seu excelente livro, Less is More, diz que “Empresas altamente produtivas têm um sistema para cada parte de seu negócio . E elas o fazem funcionar repetidamente”. (2003,p. 135)
Gestão do Conhecimento é um processo . Um processo que precisa ser sistematizado, que precisa funcionar repetida e continuamente para que a organização continue sendo, ou se torne, altamente produtiva .
Bingo! Aqui chegamos a um importante gargalo . Nem todas as organizações que dizem estar implantando GC são altamente produtivas. Algumas são, outras pretendem ser e muitas só precisam parecer que são .
Aqui reaparece o problema da confiança e do respeito .Segundo Jeannigs, se a alta direção não confia e respeita os empregados e estes não confiam e respeitam a alta direção, a empresa não pode se tornar verdadeiramente produtiva .
Para terminar, deixo este delicioso parágrafo do citado livro :

“Até que sejam demonstrados confiança e respeito mútuos na empresa, o resultado será, na melhor das hipóteses, um impasse desconfortável.Existirá um status quo - mesma coisa, dia diferente.Várias reuniões.Muitas decisões urgentes a ser tomadas e incêndios a ser apagados.Reinvenção contínua da roda . Nenhuma medida eficaz de produtividade.Bandos de pavões convencidos, andando pomposamente, fazendo grandes pronunciamentos. Mas infelizmente, não haverá aumento significativo de produtividade, mas a continuação da busca interminável da gerência por uma bola mágica ou a mais recente teoria de gestão ......” ( JENNINGS,2003,P.145 e 146)

Felizmente não fui eu quem escreveu isso, pois poderia parecer que já visitei alguma empresa assim .

Para não me alongar demais, em uma outra mensagem espero dar continuação à resposta do Ricardo

Forte abraço
Fernando Goldman

Referência Bibliográfica:

Jennings, Jason. Menos é mais - os segredos da produtividade: o que as empresas vencedoras fazem de diferente,tradução de Elaine Pepe, Rio de Janeiro:Campus,2003

Nenhum comentário: