sexta-feira, 13 de abril de 2012

Popularização da GC na Sustentabilidade – Entendendo a Gestão do Conhecimento Organizacional

Prezados

Segue texto que preparei para o evento "Popularização da GC na Sustentabilidade", do qual estou participando como facilitador.

Convido vocês a participarem do evento que vai de 16 a 20 de Abril de 2012, mas já pode ter seu material acessado.

O link é http://popgc.wordpress.com/ .

Forte abraço

Fernando Goldman

Entendendo a Gestão do Conhecimento Organizacional

A partir da ampla difusão que vêm alcançando a ‘busca da sustentabilidade’ e o ‘papel das inovações’, a necessidade de fazer ‘alguma coisa’ para alavancar o conhecimento está se tornando uma ideia cada vez mais presente no âmbito dos diferentes tipos de arranjos organizacionais.
Este tipo de ação, que deveria ser chamada de Gestão do Conhecimento Organizacional, é, em geral, referida apenas como Gestão do Conhecimento e tem sido alvo de diferentes mal entendidos. Infelizmente, há ainda muita confusão conceitual e desperdício de recursos devido à falta de definições, critérios e padrões claros sobre:
- o que realmente significaria fazer Gestão do Conhecimento Organizacional;
- o que deveria ser esperado dela; e
- a percepção da inovação, viabilizadora da sustentabilidade, como sendo a criação dinâmica de Conhecimento Organizacional.
O importante hiato existente na literatura sobre o Conhecimento Organizacional talvez explique a grande dificuldade que muitos executivos ainda têm para entender a importância estratégica deste construto e por isso não saberem o que é, nem como lidar com o conhecimento.
Muitos abraçam metáforas que tratam o conhecimento como uma coisa que pode ser capturada, codificada e compartilhada, acreditando na objetividade de se fazer ‘repositórios de conhecimentos’, não importando o quão subjetivo o conhecimento seja, nem quanto tal tipo de ideia já tenha se mostrado ingênua.
São os ‘armazenadores de conhecimento’, que, desconsiderando totalmente o caráter dinâmico do conhecimento, acreditam de boa fé ser possível pedir aos conhecedores que o registrem, deixando-o disponível para que mais tarde outros colaboradores possam dele se aproveitar.
Outros abraçam a confusão comum de imaginar que a Gestão do Conhecimento Organizacional estaria mais ligada à gestão das empresas na era em que vivemos e aconteceria pela simples adoção de modernas ferramentas tecnológicas de comunicação online e de mídias sociais – viabilizadoras de uma comunicação mais eficaz e do trabalho colaborativo em rede.
São os ‘socializadores do conhecimento’, que acreditam que a simples construção de redes sociais no ambiente de trabalho signifique a construção de comunidades epistemológicas, o que nem sempre é verdade.
É verdade, porém, que as empresas, ou talvez fosse melhor dizer seus executivos, se sentem muito mais à vontade de investir em sistemas tecnológicos – que vão de simples ferramentas modernas de comunicação, via internet ou intranet, a sofisticados softwares, que se anunciam como sendo de Gestão do Conhecimento, seja lá o que isto possa significar – do que se aprofundar em entender o conhecimento e seus desdobramentos.
O discurso quase sempre é ‘não queremos filosofia, mas sim práticas consagradas’, quando a primeira e principal prática de uma Gestão do Conhecimento Organizacional talvez devesse ser sua própria correta definição.
A confusão só aumenta quando se tenta explicar que o conhecimento – um ato em permanente construção – é, paradoxalmente, individual e fruto de uma cognição distribuída na comunidade à qual o indivíduo pertence.
Como ato individual em permanente construção o conhecimento se manifesta por ser uma capacidade de ação eficaz de um ou de alguns indivíduos, fruto preponderantemente de sua dimensão tácita, da qual a comunidade a que pertencem se apropria através de um processo social de construção de artefatos epistemológicos.
Tais artefatos epistemológicos – explícitos por si mesmos, mas que em última análise são caracterizados como informação e não conhecimento – vão se somar a outros elementos mais tácitos de cognição distribuída, para – em um processo recursivo – propiciar a outros integrantes da comunidade os elementos de criação de conhecimento, realimentando o processo.
Os artefatos epistemológicos são a manifestação do conhecimento construído por alguns indivíduos e não deveriam de forma alguma ser confundidos com o ato de conhecer em si.
Da mesma forma, uma comunidade pode ser mais ou menos efetiva epistemologicamente falando, dependendo do seu grau de comunicação, mas não se deve imaginar que tal efetividade de comunicação possa ser medida simplesmente pelos recursos tecnológicos que nela estejam disponíveis.
Compreender o conhecimento e a metáfora do Conhecimento Organizacional é a chave para a compreensão do que seria fazer Gestão do Conhecimento Organizacional, fazendo valer a máxima de que não existe melhor prática de que uma boa teoria.
Referências importantes sobre o tema GC
1 – O capítulo 4 do livro ‘Uma teoria evolucionária da mudança econômica’, de 1982, de Richard R. Nelson e Sidney G. Winter é um ponto de partida importantíssimo para entender como aqueles dois autores trouxeram para a microeconomia as ideias do filosofo da ciência, Michael Polanyi e como eles pretendiam utilizar a metáfora do conhecimento tácito dos indivíduos para o conhecimento das empresas.
Ver:
2 – Outra referência importantíssima para quem quer realmente entender a Gestão do Conhecimento Organizacional é o artigo de Nonaka e Toyama, ‘The theory of the knowledge-creating firm: subjectivity, objectivity and synthesis’ ( Industrial and Corporate Change, v. 14, n. 3, p. 419-436, 2005), que eu não conheço tradução em português ainda, mas é de fácil leitura em inglês, e está disponível em:
Este artigo mostra que a Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional explica a diferença entre as empresas não como falhas de mercado, mas como resultado de suas visões de futuro e suas estratégias sobre o conhecimento.
3 – Por fim, uma apresentação minha que acredito possa trazer muitos conceitos interessantes está disponível em:

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