sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sobre o que pesquisa Nonaka?

Prezados

Muita gente não percebe Nonaka como um importante pesquisador sobre a inovação. Para essa gente Nonaka não faz sentido se não for citado como ‘Nonaka e Takeuchi’ e sua área de pesquisa seria a ‘Gestão do Conhecimento’.

Isto denota um desconhecimento sobre o trabalho deste importante pesquisador, que chegou a ser considerado por David Teece - que é um dos principais formuladores do conceito de Capacitações Dinâmicas - como um dos três gigantes do pensamento sobre as firmas, ao lado de Drucker e Chandler. (ver minha postagem 'Como Teece vê Nonaka'

Eu, guardadas – naturamente - as devidas proporções, sofro de um problema semelhante. Minha pesquisa é, ou pelo menos eu gostaria que fosse, sobre a Dinâmica do Conhecimento Organizacional, que seria um elemento fundamental a ser mais bem entendido, para, então, se definir um conjunto de ações e práticas de apoio voltadas a lidar de forma consciente com o Conhecimento Organizacional. Práticas estas que, uma vez bem entendidas, poderíamos, então, chamar de 'Gestão do Conhecimento Organizacional'.

Minha pesquisa usa como elemento de partida teórico a Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional, na qual Nonaka e seus diversos colaboradores, ao longo de mais de vinte anos de pesquisa acadêmica, vêm conceituando a inovação como resultado da criação dinâmica do conhecimento organizacional.

É interessante notar que criar conhecimento não implica em aumentar a quantidade de conhecimento, como normalmente aconteceria para bens tangíveis. A criação de conhecimento possibilita novos ‘estados de conhecimento’.

Acho que um dos grandes saltos teóricos proporcionados pela Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional é a criação de modelos que ajudem a explicar a inovação como um simples resultado da criação de conhecimento organizacional.

Nunca foi meu objetivo fazer uma pesquisa sobre como as empresas vêm fazendo Gestão do Conhecimento, pois isso seria, a meu ver, totalmente inócuo e tem sido repetido com frequência, sem resultados notáveis.

Meu objetivo é realmente contribuir para o debate - a partir de uma melhor conceituação do Conhecimento Organizacional - ajudando as empresas a descobrirem o que elas deveriam fazer para inovarem.

Neste contexto são fundamentais: a diferenciação entre ações de primeira e segunda ordem; a percepção do Conhecimento Organizacional como um fenômeno emergente; o reconhecimento da cognição distribuída presente nas estruturas de conhecimento; a predominância da dimensão explícita presente nas ações de aprendizado de 1ª ordem; a predominância da dimensão tácita presente nas ações de 2ª ordem; a percepção das capacitações dinâmicas como fruto das ações de segunda ordem sobre as estruturas de conhecimento; a importância da Ambidestria Organizacional; a importância de se buscar a Eficiência Adaptativa em contraposição à Eficiência Alocativa, conforme proposto por Douglas North.

Tudo isto eu não conseguiria observar me prendendo às ações mais operacionais que as empresas chamam hoje de Gestão do Conhecimento, em geral coordenadas pelo RH.

Os elementos que eu preciso estão, sim, presentes nas abordagens mais estratégicas que as empresas de sucesso têm de como lidar com seu conhecimento a longo prazo, mesmo que elas não chamem a isto de “Gestão do Conhecimento”. É assunto de Gestão Estratégica, não do RH operacional.

Para saber o que as empresas fazem como GC, eu acabaria sendo direcionado ao setor de RH.

Em outras palavras, meu tema é sobre Inovação e não sobre o que hoje é usualmente chamado de Gestão do Conhecimento. Pelo menos não sobre a GC que é feita hoje pela maioria das empresas. Meu interlocutor seria alguém preocupado com a Gestão estratégica da empresa.

Assim como Nonaka, o tema de minha pesquisa é a Inovação.

Forte abraço

Fernando Goldman

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