Prezados
Ano passado fui convidado a participar da mesa da SBGC no SINCONEE cujo tema era "O Apagão das Engenharias". De lá para cá duas crises de coluna, um doutorado, o trabalho e muita pesquisa me deixaram distante do assunto.
Hoje pela manhã, recebi do Prof Dr Heitor M. Quintella e-mail com o assunto "País perde US$ 15 bi com má formação de engenheiro e falta de fisicos para gerar mais posições de engenharia".
Vou iniciar aqui uma sequência de postagens sobre este importante assunto.
Nesta postagem reproduzo a notícia que motivou a troca de e-mails citada.
Forte abraço
Fernando Goldman
FOLHA,  21 de Junho de 2010.
País perde US$ 15 bi com má  formação de engenheiro
Valor é estimativa dos  prejuízos com falhas nos projetos de obras  públicas
A baixa qualidade do ensino médio, sobretudo em disciplinas como  física, química e matemática, tornou-se obstáculo  para a formação de  engenheiros no Brasil.  Essa falha, agravada pela alta demanda gerada com o  crescimento do país, tem custo - e não é pequeno.
Cálculos de entidades de engenharia mostram que o país perde US$  15 bilhões (R$ 26,5 bilhões) por ano com falhas nos  projetos das obras públicas. A cifra, equivalente a 1% do  PIB, foi apresentada em  encontro nacional de  engenheiros, em Curitiba, na semana passada.
A  reunião levou à capital do Paraná 850 engenheiros de todo o país  com o único propósito: buscar meios de frear a  crise sem precedentes da engenharia nacional.
Guerra
A CNI (Confederação Nacional da  Indústria) calcula que 150 mil  vagas de engenheiros não terão como ser preenchidas até 2012.
Tamanha  demanda  diante da falta de profissionais criou uma guerra  por engenheiros.
>>
Em 2003, a formação de um  engenheiro custava US$ 25 mil. Hoje, US$  40 mil, diz a IBM, uma das empresas que mais contrataram engenheiros e  técnicos de computação desde quando o Brasil  tornou-se base mundial para oferta  de serviços.
Essa escassez já atinge a  competitividade brasileira. "Em 2009,  exportamos US$ 1,5 bilhão em serviços. Só a IBM respondeu por US$ 500  milhões. A Índia exportou US$ 25 bilhões", disse
Paulo  Portela, vice- presidente de  Serviços da IBM, em  seminário promovido pela Amcham, em
São Paulo.
"Essa disputa [por engenheiros] não ajuda. Vamos perder se entrarmos numa guerra e ampliar a inflação dos  custos da mão de obra." O salário  inicial, de R$ 1.500 em 2006, já atinge R$ 4.500.
Evasão
O diagnóstico da realidade nos 1.374 cursos no país mostra que a  evasão nos cursos de  engenharia é de 80%; dos 150  mil que ingressam no  primeiro ano, 30 mil se  formam.
"Só um 1 em cada 4 possui formação  adequada. O Brasil forma menos  de 10 mil  engenheiros com competência e esses são disputados pelas  empresas",  diz José Roberto Cardoso, diretor da  Escola Politécnica da USP, uma  das mais  importantes faculdades de engenharia do país.
A  Amcham (Câmara Americana de Comércio) quer o tema na campanha  eleitoral.
O documento com o diagnóstico e as  propostas compiladas por Jacques Marcovitch, professor da  USP e conselheiro do Fórum Econômico  Mundial, será entregue ao governo e aos candidatos.
É  certo que ficará para o próximo governo a busca da resposta para a pergunta: "Por que o jovem quer ser médico e advogado e não  quer ser engenheiro e professor de matemática?".
Exemplo de baixa procura pela área ocorreu em  concurso para professor de física em São  Paulo. De 931 vagas, só 304 foram preenchidas.
Sem oferta, indústria "caça" engenheiro
Pesquisa  do Ibope encomendada pela Amcham aponta que 76% das empresas no Brasil possuem programas de treinamento e  formação de mão de obra.
Boa parte desses  gastos assegura o futuro engenheiro na companhia. A mineradora Vale, que só em 2010 prevê investimento total de US$ 12,9 bilhões, deu escala a esse modelo.
A  mineradora criou cursos de pós-graduação para atrair engenheiros com até três anos de formado. Cada um recebe  bolsa de R$ 3.000 para  especialização em  engenharia de mina, ferrovia, porto e agora pelotização (transformação de finas partículas de minério em pelotas).
Marcelo Brandão, engenheiro ambiental, e Fabio Witaker, engenheiro mecânico, são exemplos recentes. Foram contratados em  fevereiro depois de curso intensivo de engenharia  ferroviária.
Aproximar-se da academia tem sido a  solução. A montadora General  Motors é uma  das  impresas mais agressivas nesse campo. Com a instalação no Brasil de 1 dos 5 centros mundiais de  desenvolvimento de produto , a  montadora teve  de ampliar de 600 para 1.300 o número de
engenheiros.
Acordo
Um acordo com a Escola Politécnica da  USP, um dos principais centros de formação de   engenheiros no Brasil, deu à GM uma vantagem.
Os  estudantes de engenharia da Poli aprendem a desenhar carros  no sistema GM de projetar
veículos.
"Quando esses estudantes saírem da universidade, estarão prontos,  com parte do treinamento executado", diz Pedro Manuchakian,  vice- presidente de Engenharia de Produtos da  General Motors na América do Sul.
>> Com planos  para criar centros de pesquisa no Brasil,
General   >> Electric  e
>> IBM correm para atrair profissionais. A IBM vai repatriar
50    >> cientistas
>> brasileiros.
>>
>> O  novo laboratório anunciado há duas semanas
exigirá cem
cientistas,  >> alguns dos quais engenheiros.
>>
>> "É uma  operação de guerra", disse Paulo Portela,
vice-presidente de >>  Serviços da IBM. De 3.800
funcionários
em 2003, a IBM expandiu  para   >> 21
>> mil. A empresa já treinou 60 mil pessoas,  das quais
contratou 10 mil. >>
>> Conteúdo nacional
>>
>>  A GE também tem planos igualmente fortes no país,
sobretudo para    >> ampliar o
>> conteúdo nacional de componentes usados  em seus
equipamentos. A   >> empresa
>> também  anunciou um centro de pesquisa no país, onde
contratará 150 >>  engenheiros.
>>
>> Segundo Alexandre Alfredo, diretor  de relações
institucionais, a   >> companhia
>> foi  buscar profissionais em quatro universidades: as
paulistas USP e  >> Unicamp e as federais do Rio e de Minas
Gerais. >>
>>  Governo quer reduzir evasão nos cursos
>>
>> A  principal meta do governo nos próximos três anos
é
elevar de 30    >> mil para
>> 40 mil o número de graduados em engenharia  no Brasil. A
tarefa foi >> entregue à Capes (Coordenação de
Aperfeiçoamento  de Pessoal de Nível >> Superior). A
instituição criou uma  comissão para cumprir esse   >>
objetivo. >>
>>  Segundo o coordenador da Capes, Jorge Almeida
Guimarães,
há dois    >> problemas
>> centrais na crise da engenharia  brasileira.
>>
>> A primeira é a precária formação no  ensino
fundamental e
médio, com >> grandes deficiências em  disciplinas
básicas
das chamadas ciências   >> duras,
>>  como física, química e matemática.
>>
>> A segunda é  consequência da anterior. A falta de boa
formação no   >>  ensino
>> médio tem provocado evasão maciça nos cursos de
engenharia.  "A   >> primeira
>> missão será garantir que o aluno  fique no curso",
disse
Guimarães. >>
>> A Capes vai  pedir auxílio à Petrobras para alcançar
essa
meta. A   >>  estatal,
>> responsável por grande parte da demanda brasileira  por
engenheiros,   >> é uma
>> das empresas mais  interessadas em ampliar a formação
desses   >> profissionais.
>>  Só assim conseguirá pôr em marcha planos de
investimentos
de US$  200 >> bilhões nos próximos cinco anos.
>>
>> A  comissão da Capes estuda repetir iniciativa hoje já
usada por    >> grandes
>> corporações e bancar a permanência dos  alunos nos
cursos.
>>
>> A ampliação em 10 mil  engenheiros em três anos é
uma meta
modesta   >> para as
>>  necessidades nacionais.
>>
>> Os países que fazem  concorrência com o Brasil no
mercado
>> internacional
>>  formam contingentes muito maiores de engenheiros. Por ano
, a China    >> forma
>> 400 mil engenheiros, a Índia, 250 mil, e a  Coreia do
Sul,
80 mil. >>
>> Iniciativas
>>
>>  Jacques Marcovitch, professor da USP, listou iniciativas
com o    >> objetivo de
>> modernizar a engenharia nacional em  documento a ser
entregue pela   >> Amcham
>> (Câmara  Americana de Comércio) aos presidenciáveis.
>>
>> O  desafio de todas é inverter a avaliação atual do
diretor da Poli,    >> José
>> Roberto Cardoso: "Engenheiros de menos.  Escolas de mais".
>> (Agnaldo Brito)
>> (Folha de SP,  21/6)FOLHA,  21 de Junho de 2010.
Capes, CNPq e as jabuticabas
Há 10 anos
 
 
 

 

 
 
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