Prezados
Na postagem anterior, fiz alguns comentários sobre o relatório “Global Risks 2008 - A Global Risk Network Report” publicado pelo Fórum Econômico Mundial, disponível em http://www.weforum.org/pdf/globalrisk/report2008.pdf , que, como já disse, destaca a necessidade de uma nova forma de pensar o problema da energia no mundo.
Aquele documento destaca que o ano de 2007 viu um aumento dos preços do petróleo, tornando-os comparáveis aos preços da década de 1980, se ajustados pela inflação. Os autores acreditam que, embora exista considerável incerteza a longo prazo sobre as oferta e demanda mundiais, pelo menos no horizonte de 10 anos, coberto por aquele relatório, deve-se acreditar que há poucas razões para os preços da energia cairem significativamente e muitas para eles aumentarem.
Assim, no curto prazo, há uma sensação de aperto no mercado. Mercado mundial, já que o documento não fala especificamente do Brasil, onde as autoridades insistem em declarar a situação não tão desconfortável quanto se pinta. Afinal de contas, o Brasil parece não pertencer mesmo a esse mundo analisado de forma sistêmica pelo Fórum Econômico Mundial.
Voltando às análises do relatório, há a percepção de que a cada vez maior proximidade entre as curvas de oferta e demanda de energia tem acentuado a vulnerabilidade a interrupções no abastecimento. Isso lá no mundo deles, para que ninguém diga que sou alarmista! Para os próximos 10 anos, a Agência Internacional de Energia identifica esse risco de uma forma muito acentuada, na medida em que os investimentos na produção de energia não conseguem acompanhar o ritmo do aumento da demanda. Lá, volto a insistir, pois a análise é mundial.
Os dados do relatório indicam investimentos necessários ao atendimento da demanda prevista para 2030 sendo estimados em US$ 11,6 trilhões, mas as incertezas existentes no momento quanto ao retorno sobre esses investimentos e quanto ao futuro da regulamentação ambiental, em especial devido aos cuidados necessários com os gases causadores do efeito de estufa, significam que tais investimento não podem ser feitos de imediato.
A Agência Internacional da Energia tem previsto um aumento de 37% na procura de petróleo atingindo 116 milhões de barris por dia em 2030, mas o relatório informa que o investimento em exploração tem deixado a desejar e muitos especialistas sugerem que a produção petrolífera até lá provavelmente não ultrapassará 100 milhões de barris por dia.
Outro importante detalhe destacado pelo relatório é a economia global tem conseguido demonstrar notável resistência aos aumentos dos preços finais da energia desde 2004. Mas o limite dessa resistência parece estar perto de ser alcançado. O ganhos de eficiência energética mais fáceis, provavelmente já foram realizados. Além disso, as condições financeiras, que têm prevalecido nos últimos anos, com uma abundante liquidez, resultante, em parte, das alta dos preços de insumos energéticos, possibilitando excedentes financeiros aos países exportadores , têm mudado.
O resultado dessas observações contidas no relatório é não somente o aumento do risco de preços de energia mais elevados, mas, potencialmente, um aumento da vulnerabilidade da economia global.
Forte abraço
Fernando Goldman
Capes, CNPq e as jabuticabas
Há 9 anos
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