quarta-feira, 6 de março de 2013

Nonaka e a Gestão do Conhecimento – 1ª parte

Prezados

O leitor deste blog, Eduardo Klass, fez alguns comentários e questionamentos à postagem anterior, “Parágrafos Esclarecedores sobre Gestão do Conhecimento Organizacional – nº 1”, sobre os quais eu vou preferir abrir uma nova postagem para responder.

Entre as perguntas feitas pelo Eduardo, algumas podem ser respondidas diretamente, outras pedem um “depende”.

Quando ele escreve “com relação ao que Nonaka diz, podemos dizer que as organizações não são competentes nos dias de hoje para promover a Gestão do Conhecimento?”, eu confesso que fico embatucado, pois não sei exatamente o que o Eduardo está entendendo por “Gestão do Conhecimento”. Na verdade, o problema não é com o Eduardo. Como já escrevi antes neste blog, não há a menor certeza de que o que o Eduardo está pensando como sendo Gestão do Conhecimento, seja a mesma coisa que eu penso, ou algum outro leitor pensa. Na verdade, nem sei se o que o Eduardo pensa que Nonaka disse, foi realmente escrito por Nonaka.

Há um enorme volume de citações de Nonaka que dizem que ele disse coisas que talvez nunca tenha dito. Principalmente quando se referem a Nonaka e Takeuchi (1995), ou pior ainda a Nonaka e Takeuchi (1997, na tradução para o português). Quando o assunto é conversão do conhecimento tácito em explícito é impressionante como as pessoas atribuem ao pobre do Nonaka uma porção de ideias que ele nunca defendeu. Há um artigo clássico do Snowden em que ele diz que chega a ser irônico atribuíram ao Nonaka exatamente aqui que ele nega. Muita gente, de boa fé, defende algumas ideias como sendo de Nonaka, porque leu em algum lugar que ele havia dito aquilo.

Talvez um bom ponto de partida seja entender que Nonaka não é realmente um autor daquilo que usualmente é referido como Gestão do Conhecimento. Surpresa! Nonaka não é, a rigor, um autor de Gestão do Conhecimento. Quando a onda da Gestão do Conhecimento se instalou ele andou até publicando livros, pelo menos um eu tenho certeza, com coletânia de artigos sobre o tema, mas, acreditem, Nonaka não é dessa tribo que anda por aí querendo explicitar o conhecimento tácito dos conhecedores.

Nonaka escreveu um artigo, entre outros, para a edição de novembro-dezembro de 1991, da Harvard Business Review – uma publicação considerada não acadêmica, porém de grande prestígio entre gestores.  Este artigo é considerado um marco para definir o início das publicações em inglês que caracterizam a construção da chamada Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional. O artigo de Nonaka (1991) se chama “The Knowledge-Creating Company” e continua atual, sendo que até hoje muitas das ideias ali propostas não foram plenamente absorvidas.

Para entender Nonaka e a Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional é necessário entender que o assunto de Nonaka, seu foco de pesquisa, não é gerir informação, muitas vezes confundida com conhecimento. O assunto dele é a dinâmica da inovação. Foi pesquisando a dinâmica da inovação, que ele percebeu que a inovação é a criação de Conhecimento Organizacional.

Continuo em outra postagem

 

Forte abraço

 
Fernando Goldman

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