O
leitor deste blog, Eduardo Klass, fez alguns comentários e questionamentos à
postagem anterior, “Parágrafos Esclarecedores sobre Gestão do Conhecimento
Organizacional – nº 1”, sobre os quais eu vou preferir abrir uma nova postagem
para responder.
Entre
as perguntas feitas pelo Eduardo, algumas podem ser respondidas diretamente,
outras pedem um “depende”.
Quando
ele escreve “com relação ao que Nonaka diz, podemos dizer que as organizações
não são competentes nos dias de hoje para promover a Gestão do Conhecimento?”,
eu confesso que fico embatucado, pois não sei exatamente o que o Eduardo está
entendendo por “Gestão do Conhecimento”. Na verdade, o problema não é com o
Eduardo. Como já escrevi antes neste blog, não há a menor certeza de que o que
o Eduardo está pensando como sendo Gestão do Conhecimento, seja a mesma coisa
que eu penso, ou algum outro leitor pensa. Na verdade, nem sei se o que o
Eduardo pensa que Nonaka disse, foi realmente escrito por Nonaka.
Há um
enorme volume de citações de Nonaka que dizem que ele disse coisas que talvez
nunca tenha dito. Principalmente quando se referem a Nonaka e Takeuchi (1995),
ou pior ainda a Nonaka e Takeuchi (1997, na tradução para o português). Quando o
assunto é conversão do conhecimento tácito em explícito é impressionante como
as pessoas atribuem ao pobre do Nonaka uma porção de ideias que ele nunca
defendeu. Há um artigo clássico do Snowden em que ele diz que chega a ser irônico
atribuíram ao Nonaka exatamente aqui que ele nega. Muita gente, de boa fé,
defende algumas ideias como sendo de Nonaka, porque leu em algum lugar que ele
havia dito aquilo.
Talvez
um bom ponto de partida seja entender que Nonaka não é realmente um autor
daquilo que usualmente é referido como Gestão do Conhecimento. Surpresa! Nonaka
não é, a rigor, um autor de Gestão do Conhecimento. Quando a onda da Gestão do
Conhecimento se instalou ele andou até publicando livros, pelo menos um eu
tenho certeza, com coletânia de artigos sobre o tema, mas, acreditem, Nonaka não é
dessa tribo que anda por aí querendo explicitar o conhecimento tácito dos
conhecedores.
Nonaka
escreveu um artigo, entre outros, para a edição de novembro-dezembro de 1991,
da Harvard Business Review – uma publicação considerada não acadêmica, porém de
grande prestígio entre gestores. Este
artigo é considerado um marco para definir o início das publicações em inglês
que caracterizam a construção da chamada Teoria da Criação do Conhecimento
Organizacional. O artigo de Nonaka (1991) se chama “The Knowledge-Creating
Company” e continua atual, sendo que até hoje muitas das ideias ali propostas
não foram plenamente absorvidas.
Para
entender Nonaka e a Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional é necessário
entender que o assunto de Nonaka, seu foco de pesquisa, não é gerir informação,
muitas vezes confundida com conhecimento. O assunto dele é a dinâmica da inovação.
Foi pesquisando a dinâmica da inovação, que ele percebeu que a inovação é a
criação de Conhecimento Organizacional.
Continuo
em outra postagem
Forte abraço
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