terça-feira, 11 de outubro de 2011

Chegando do KM Brasil 2011 (III) – Lições Aprendidas

Prezados


O comentário feito pelo Daniel Beltran, com relação a ‘Lições Aprendidas’, na postagem anterior é uma boa oportunidade para refletirmos um pouco sobre como as empresas têm visto Gestão de Conhecimento Organizacional (KM) e como isto influenciou algumas apresentações e discussões no KM Brasil 2011.


Eu trabalho com uma definição de Gestão do Conhecimento, que pode ser vista na coluna aqui ao lado - à direita de quem olha para a tela - que vê KM como um metaprocesso, ou seja, uma reflexão crítica sobre os processos, programas e políticas de conhecimento da empresa. Adoto também um framework que me ajuda a entender como as coisas fucionam - que também pode ser visto à direita de quem olha para a tela.


O framework se apóia na ideia de que há processos de conhecimento em uma empresa que são estruturais e outros que são operacionais. Não se deve confundir os processos de conhecimento operacionais com os processos operacionais realmente, que é onde as coisas acontecem fisicamente, embora os dois aconteçam simultaneamente.


Voltando ao comentário do Daniel Beltran, a adoção da Gestão de Projetos pode ser definida por uma empresa como sua política para lidar com o conhecimento necessário a implementar grandes projetos. Quando isto acontece, a disciplina de Gestão de Projetos passa a fazer parte das Estruturas de Conhecimento da empresa e um método (costuma-se falar ‘metodologia’) de Gestão de Projetos é adotado como parte dos processos operacionais de conhecimento. Observem que a princípio, o Gerente de um Projeto não é, ou não deveria ser, um dos Gerentes Operacionais envolvidos no projeto.


Se a metodologia adotada pela empresa preve a realização de reuniões de ‘Lições Aprendidas’ no final do projeto, o que normalmente acontece, isto será parte dos processos operacionais de conhecimento. Nesta reunião prevalecerá o foco em conhecimento explicitável, visto que o objetivo é registrar as ‘Lições Aprendidas’. Significa dizer que o resultado da reunião de ‘Lições Aprendidas’ é mais ligado a uma correta Gestão das Informações, oriundas do projeto que está se encerrando.


Há assim três tipos de ação possíveis, que não devem ser confundidas.


Uma seria a reunião de ‘Lições Aprendidas’ propriamente dita, onde devem ser discutidos os diferentes aspectos do projeto e decididas quais informações devem ser revisadas para que problemas observados não voltem a acontecer nos próximos projetos. Esta reunião ocorre no processo operacional de conhecimento. Não é uma ação de KM, mas sim uma ação operacional, que envolve conhecimento, sim, mas tudo no fundo envolve conhecimento. Este tipo de ação é focado em eficiência.


Um outro tipo de ação seria fazer uma reunião para aperfeiçoar as reuniões de ‘Lições Aprendidas’. Isto seria uma reflexão de primeira ordem ( ver o framework), onde se pode discutir a melhor forma de como as reuniões de ‘Lições Aprendidas’, de todos os projetos, devem ser realizadas, para serem mais efetivas para o Conhecimento Organizacional. Este tipo de ação é focado em eficácia.


Por fim, uma outra ação, seria uma reunião para uma reflexão de segunda ordem ( ver novamente o framework). Nela caberia questionar se a política da empresa de adotar a Gestão de Projetos está sendo efetiva para o Conhecimento Organizacional e se vale a pena continuar fazendo reuniões de ‘Lições Aprendidas’. Este tipo de ação é focado em efetividade.


Parece confuso? Talvez seja mesmo.


O certo é que temos que entender que fazer uma reunião de ‘Lições Aprendidas’ com a turma do projeto não é função do pessoal de KM, mas sim do Gerente do Projeto. Ao pessoal de KM cabe questionar se as reuniões têm sido feitas e se têm produzido bons resultados para o Conhecimento Organizacional.


Forte abraço


Fernando Goldman

5 comentários:

Adele disse...

Goldman

Lições Aprendidas, no meu entendimento são narrativas nas quais se registra o que aconteceu, o que se espera do acontecimento, a análise das causas diferentes entre ambas, e o que foi aprendido por cada participante durante o processo. Este momento não é basicamente uma reunião e sim um bate-papo, onde o sentimento de cada participante é externado para dar subsídio a um novo acontecimento ou uma nova ação do grupo. Será que esta definição está certa??? O que você acha??
Adele

Fernando Goldman disse...

Oi Adele!

Não sei se a diferenciação que você fez entre reunião e bate-papo diz respeito ao registro. Se for, recomendo o texto http://ogerente.com/stakeholder/2007/09/09/a-importancia-de-documentar-licoes-aprendidas/

Forte abraço

fernando Goldman

Adele disse...

Fernando

Sim, diz respeito a registros e formalidades. Vou buscar o endereço recomendado.

Um abraço

Adele

Ferdinand disse...

Fernando
Com mais de 30 anos de trabalho em empresas de grande porte nunca ví levarem as lições aprendidas a sério. Desconfio que é político.
Nas lições aprendidas fica difícil esconder os erros.
E ninguém gosta de se expor.
Nossa cultura ainda se regojiza do erro alheio e esconde o próprio erro.
Difícil achar uma pessoa comum que não tenha em seu subconsciente uma dose de "Schadenfreude", nos "mais safos" isso é marcante.
Forte abraço
Ferdinand

Adele disse...

Goldman

Destaco do artigo recomendado a expressão: "A teoria diz que documentar lições aprendidas é uma atividade importantíssima durante qualquer projeto. Qualquer gerente de projeto concordará com isto, mas nem sempre esta atividade é realmente executada com a seriedade necessária". É isso aí, Fernando, o tempo está escasso, e não há tempo para ouvir, ou se fazer ouvir. Creio que temos que resgatar este momento dentro das equipes. Vamos trabalhar para isso.

Adele