Prezados
Estou voltando do KM Brasil 2011, que, para quem não sabe, vem a ser a décima versão do Congresso Brasileiro de Gestão do Conhecimento. Foi a primeira vez em alguns anos que participei do evento sem estar participando de sua organização.
De um lado, isto me possibilita uma certa isenção para elogiar as muitas coisas boas que observei, de outro me possibilitou participar do evento de uma perspectiva diferente.
Como congressista pude fazer observações sob outra ótica e gostei desse modo de ver o evento. Sem ficar estressado se o próximo palestrante já chegou ou se a apresentação feita pelo palestrante está totalmente alinhada com o tema da mesa, pude relaxar e aproveitar muito mais. E o resultado foi muito bom.
Os organizadores deste ano - os que participam diretamente, como também todos aqueles que acabam colaborando de alguma forma, estão de parabéns.
Isto não significa que eu tenha ficado satisfeito com os rumos que a KM vem tomando entre nós. Não, ao contrário, voltei com a percepção clara de que se aprofunda nas empresas brasileiras o paradigma, em relação ao conhecimento, da objetividade. Logo nós brasileiros que somos tão subjetivos em tantas coisas, temos demonstrado uma objetividade irritante em relação ao conhecimento em nossas empresas.
Fico me perguntando se esta visão tão objetiva, não seria talvez um resultado da atual carência brasileira na formação de engenheiros e cientistas. Exatamente por terem carência de profissionais criadores de conhecimento no seu setor, nossas empresas de engenharia estão tendendo a acreditar na possibilidade do conhecimento objetivo, ou seja, um conhecimento que não dependa do conhecedor. Isto pode ser uma armadilha muito perigosa.
Chamou-me atenção a quantidade de relatos de ações ditas de KM em áreas de engenharia com foco em produzir manuais de engenharia.
As empresas de engenharia, de projetos, de consultoria, de construção e as áreas de engenharia de outros tipos de empresas sempre se caracterizaram pela organização de suas informações. Uma batalha constante nestes ambientes sempre foi manter os manuais atualizados.
Mas quem já viveu o dia-a-dia de ambientes como estes, sabe que por maior que seja a utilidade de um manual bem construído, não é no manual que está o verdadeiro conhecimento da empresa, suas capacitações, mas naqueles profissionais que são capazes de dar respostas justamente aos problemas que não estão respondidos no manual. Enquanto isto, vale a pena continuarmos fazendo manuais, sim, desde que tenhamos a percepção de que estamos fazendo Gestão da Informação. Importante, porém não suficiente para a criação de conhecimento.
Forte abraço
Fernando Goldman
Texto revisado em 09.10.2011
Capes, CNPq e as jabuticabas
Há 9 anos
2 comentários:
Caro Goldman,
Fiquei um pouco frustrado com o evento, em absoluto pela organizacao, que achei excelente, mas por um certo pacto não declarado de ninguem contestar nada.
Em conversas particulares percebia que muitos discordavam conceitualmente de muita coisa que estava sendo dita, mas ninguem parecia se incomodar.
Parecia que num congresso cujo tema tocava no tema do compartilhamento, todos se conformavam com suas proprias experiencias e não estavam propensas a colaborar, pois para isso precisariam questionar e debater.
Tomara que minha percepcao esteja errada, afinal sou um neofito, ainda buscando aprender mais sobre o tema.
Abracos!
Prezado Daniel
Obrigado por comentar a postagem. De vez em quando é bom saber que tem vida inteligente lendo o blog.
Quanto ao observado por você, vem a confirmar o velho chavão de que muita gente envolvida com KM está preocupada - não em fazer, mas - em parecer que está fazendo alguma coisa.
Aliás, esta é uma característica da vida empresarial brasileira, que não fica restrita a KM.
Forte abraço
Fernando Goldman
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