domingo, 20 de março de 2011

A complementaridade entre Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento Organizacional

Prezados

Certamente há uma complementaridade entre Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento Organizacional (KM). De imediato, deve ficar claro que sem uma boa Gestão da Informação não se conseguirá uma boa Gestão do Conhecimento Organizacional.

Para melhor entender esta complementaridade, talvez seja útil considerarmos a cronologia proposta por Snowden (2002).

Naquela cronologia, a primeira geração de Gestão do Conhecimento compreende a maioria dos trabalhos ditos de KM, mas que na verdade são Gestão da Informação, sendo baseada principalmente em Tecnologia da Informação (TI). O foco destes primeiros trabalhos era e ainda é nos chamados 3C´s: Capturar, Codificar e Compartilhar. A ideia é obter as informações corretas, para as pessoas certas, no momento certo. Não há aqui uma clara distinção entre conhecimento e informação e muito menos a percepção da importância do contexto.

Percebe-se aqui alguma coisa de economia neoclássica, pois se supõe que os conhecimentos valiosos já existiriam na empresa ou estariam disponíveis na sociedade e o papel da KM seria encontrá-los, codificá-los e torná-los disponíveis ao compartilhamento.

Não deixa de ser sintomático que muitos textos ainda hoje falem em "assimetria de informações" como elemento construtor de vantagens competitivas, quando melhor seria falar em "assimetria de conhecimento" e vantagens competitivas sustentáveis.

Aquela primeira geração de KM − que teve uma grande aceitação inicial devido a seu alinhamento com a onda da reengenharia , em seu apogeu naquele momento − nasceu da crença existente na época de seu surgimento (segunda metade dos anos 1980) de que os então recentes desenvolvimentos da pesquisa em Inteligência Artificial e outras disciplinas vinculadas à pesquisa cognitiva produziriam um salto qualitativo na automação do trabalho intelectual. (GOLDMAN, 2010, p. 259).

Logo se aprendeu uma lição hoje ainda muitas vezes esquecida: de que não há trabalho realmente intelectual sem a presença do ser humano e que a experiência é fator preponderante na criação de conhecimento. Apesar disso, muitos continuam insistindo em pensar no conhecimento sem levar em conta a figura do conhecedor.

Interessante como muitos insistem também em começar a pensar em KM, cometendo os erros já conhecidos da primeira geração, como se ao invés de uma etapa superada, ela fosse uma etapa obrigatória.


Forte abraço

Fernando Goldman

Texto publicado originalmete na Discussão "Será que realmente nós entendemos a importância de reconhecer o conhecimento organizacional como um constructo social?" do Grupo "Gerindo o Conhecimento" do LinkedIn Groups

5 comentários:

Ferdinand disse...

Fernando
Continuo sem entender o que pode ser feito em KM. Como prover conhecimento correto para pessoas certas no momento certo, levando em conta o contexto da empresa e mercado?
Onde está este conhecimento ou pelo menos a informação para encurtar o caminho até ele?
Como saber quem é a melhor pessoa para a missão ( acho que era bom botar grupos de pessoas trabalhando em paralelo com um resultado em mente).
O momento certo já é passado. Aí o melhor é roubar os melhores profissionais do mercado, mas roubar com classe!
Abração
Ferdinand

Fernando Goldman disse...

Prezado Ferdinand

Apesar de trocarmos mensagens sobre KM, nunca paramos para conversar sobre o assunto de forma organizada.

O primeiro passo é entender que não se "prove conhecimento correto para pessoas certas no momento certo", simplesmente porque não é possível prover conhecimento. O conhecimento é construído individualmente.

O que é possível é fornecer um contexto compartilhado que seja propício à construção do conhecimento pelos indivíduos e, através deles, melhorar a emergência do conhecimento organizacional.

Forte abraço

Fernando Goldman

Unknown disse...

Prezado Fernando
Qual a sua opinião sobre mapa e modelo mental?
E como pode ser relacionado com a Gestão do Conhecimento Organizacional?
Abraços.

Fernando Goldman disse...

Prezado Erickson

Obrigado por seu comentário. Vou respondê-lo com uma postagem sobre o assunto.

Forte abraço

Fernando Goldman

Unknown disse...

Prezado Fernando

Tendo em vista que as organizações vem investindo em Gestão do Conhecimento, voçe conhece alguma ferramenta tecnológica para medir se determinado investimento surtiu o resultado pretendido pela organização.

Grato

Érickson