quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Estudo de Caso


Prezados

Sabem qual é a fixação de muitos pesquisadores? estudo de caso.

Tem seu valor? Talvez tenha, mas quando se trata de um ativo tão específico como o conhecimento organizacional é preciso cuidado. Muito cuidado.

Primeiro, é difícil encontrar estudos de casos de fracassos ou de ações que não produziram resultados satisfatórios. Quando muito, lições aprendidas.

Depois, uma coisa é você buscar estudos de casos, que ajudem a falsear, ou não, sua proposição formulada. Outra coisa é você buscar estudos de casos para formular uma proposição. Isto é indução!

Como Popper bem explicou, não importa quantas vezes você testou uma hipótese, ela pode se mostrar falsa em um próximo teste. É o famoso "problema da indução". Por isso, antes de sair fazendo estudos de casos, tentando entender o que já deu certo para n empresas, ou, o que é pior, para uma só empresa, é importante formular uma teoria que te possibilite estabelecer nexo causal.

Nexo causal? sim, a relação de causa e efeito entre conduta e resultado.

Para exemplificar, com um pouco de humor, segue uma piada bem conhecida:

Sobre GORDURA:
No Japão, são consumidas poucas gorduras e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA; em compensação, na França se consomem muitas gorduras e, ainda assim, o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;

Sobre
VINHO:
Na Índia, se bebe pouco vinho tinto e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;
Em compensação, na Espanha se bebe muito vinho tinto e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;

Sobre
SEXO:
Na Argélia, se transa muito pouco e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;
Em compensação, no Brasil se transa muuuuuito e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;

CONCLUSÃO ( tentando estabelecer nexo causal) :

Beba , coma e transe sem parar, pois o que mata é falar inglês!

Forte abraço

Fernando Goldman

3 comentários:

Ferdinand disse...

Fernando
Valeu a piada.
Não tinha visto ainda.

Sabe, o que pega muito mesmo, é o tal famoso problema da indução.
Para a maioria das pessoas Popper, e seus conceitos é um "campo sagrado", melhor não bulir!

Mais uma vez cabe referência ao livro "The Halo Effect" do Phil Rosenzweig.
Já lí mais de uma vez e só não encomendo em alemão porque fica muito caro. (Muito interessante ler o mesmo livro em outra língua!)

Vejam o comentário de Craig Howe na Amazon, que tomo a liberdade de copiar, dá uma pintura geral.

This is a rare business and management book. But a warning is in order. It is not intended for those seeking the "secret to success" or the formula to "dominate the market."

Phil Rosenzweig, a professor at IMD in Lausanne, Switzerland and strategy consultant, argues that much of business thinking is dominated by nine delusions:

1. The Halo Effect - many performance drivers are simply attributions based on prior performance.
2. The Delusion of Correlation and Causality - Two things may be correlated but we may not know which is the base cause.
3. The Delusion of Single Explanations - Many explanations are highly correlated; the effect of each one is usually less than suggested.
4. The Delusion of Connecting the Winning Dots - It is difficult to isolate the reasons for success. There is no way of comparing them with less successful companies.
5. The Delusion of Rigorous Research - If the data are not good, it does not matter how sophisticated the research methods appear to be.
6. The Delusion of Lasting Success - Almost all high-performing companies regress over time.
7. The Delusion of Absolute Performance - Company performance is relative, not absolute.
8. The Delusion of the Wrong End of the Stick - Highly-focused companies are often successful; yet highly-focused companies are not all successful.
9. The Delusion of Organizational Physics - Despite our quest for certainty and order, company performance does not obey the laws of nature and science.

In his final two chapters, Rosenzweig suggests ways for managers to replace delusions with a more discerning way to understand company performance.

This book carries no promises of success. Rosenzweig guarantees no successful results. He believes, and I agree, that a clear-eyed, critical and thoughtful approach to management is better than the causal tripe that dominates today's business bookshelves.

Forte Abraço
Ferdinand

Ferdinand disse...

Fernando
Vou comentar aqui, apesar de estar desconexo com o post, mas é o mais visível neste instante.
Já ví dezenas de vezes o comentário de que o maior problema nas empresas é o da comunicação. Até há poucos meses, eu concordava no literal. Hoje, depois de muita leitura e o interagir contigo e outros blogs, vejo o problema de comunicação de outra forma. A comunicação no literal, texto, mundo 3 do Popper, existe até em boa profusão. O que chama minha atenção agora é o problema de "significado". Este só emerge no mundo 2 do Popper.
Podemos entrar por este caminho em um próximo post seu?

Ferdinand disse...

Fernando

Só para não deixar escapar.

Em teus posts talvez fosse bom aspergir um pouco de "termos específicos" em inglês mesmo.
Aí, nós leitores, quase que por osmose vamos nos familiarizando com estes termos.
Ajuda horrores quando mergulhas num paper em inglês.

O Clemente já usa um pouco deste expediente, e vai até além, salpicando termos como "Zeitgeist".

Tenho visto este "mecanismo" em certos autores escrevendo em inglês, usam os termos específicos em alemão, quando usam um constructo do Freud ou de algum filósofo ( Kant, Schopenhauer...), em francês e até italiano já ví.

Só uma sugestão

Forte Abraço
Ferdinand