domingo, 18 de abril de 2010

Educação Corporativa e KM

Prezados

Em muitas empresas, quando se fala em KM é feita uma correlação entre a idéia do que KM deveria fazer e aquilo que a Educação Corporativa já faz há muito tempo. Tal abordagem produz uma visão de KM que não é sustentável, pois acaba inevitavelmente conduzindo à presunção de que KM se propõe a fazer criação, assimilação, difusão e aplicação do conhecimento. Esta idéia traz em si própria três erros que são desastrosos.

O primeiro diz respeito ao fato de que se isto fosse verdade, para fazer KM de forma explícita e sistemática, não precisaríamos fazer muita coisa além daquilo do que já vem sendo feito em termos de formação continuada de funcionários. Resulta daí que implantar uma KM para muitas empresas tem se traduzido em talvez mudar o nome do Centro de Treinamento para Universidade Corporativa, comprar alguns cursos externos, algumas ferramentas de Ensino a Distância e por aí vai. Mas nada que dê sustentabilidade à idéia de se precisar de uma atividade específica e diferenciada dentro da empresa para se melhor lidar com o conhecimento como fator de produção.

O segundo erro seria pensar que a Educação Corporativa lida com conhecimento. Na maioria das vezes isto não é verdade. A Educação Corporativa, independentemente de sua qualidade, quase sempre lida com a geração, assimilação, difusão e aplicação de informações. Isto explica porque empresas que focam suas ações de KM em seus setores de Educação Corporativa, a longo prazo vão perceber uma retração na criação de conhecimento.

O terceiro erro seria crer que assimilação, difusão e aplicação são as ações chaves na criação de conhecimento, o que não é verdade. A grande armadilha em KM é utilizar ferramentas e conceitos de gestão da informação com a expectativa de criar conhecimento.

Conhecimento é diferente de informação e embora quase sempre as pessoas digam reconhecer a diferença, deixam passar despercebido o fato de que o conhecimento é criado nas fronteiras do conhecimento existente, em um processo dinâmico.

A criação do conhecimento simplesmente não acontece quando o foco é em assimilação, difusão e aplicação, embora estas ações, que envolvem informações, sejam úteis ao desenvolvimento de qualquer arranjo organizacional.

Para que haja criação de conhecimento é necessário um ambiente propício às ações chaves para uma produção social, que seriam a crítica, a revisão e a reinterpretação do conhecimento existente. Ou seja, algo que extrapola em muito à Educação Corporativa, em especial, quando ela foca suas ações na contratação de cursos externos.

Com relação à compra de cursos externos, na busca de construir vantagens competitivas, vale lembrar Teece (2000) que disse:

Tudo aquilo que pode ser adquirido por qualquer empresa, num mercado em livre concorrência, não é capaz de gerar, por si só, vantagens competitivas para nenhum dos participantes desse mercado.ela foca suas ações na contratação de cursos externos.

Forte abraço

Fernando Goldman


Revisado em 13.06.2010

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