Recebi do Ferdinand, o mais atuante leitor deste blog, a indicação para a leitura de uma interessante coluna, publicada no site da Associação dos Engenheiros da Petrobrás - AEPET, com o título "Tecnologia, Desenvolvimento e Ilusões", de autoria de Adriano Benayon.
A referida coluna pode ser encontrada em http://www.aepet.org.br/site/colunas/pagina/235/Tecnologia-Desenvolvimento-e-Iluses .
Vale a pena ler o texto de Benayon e aproveitarmos a oportunidade para uma reflexão sobre o que trata a teoria desenvolvida por Nonaka e o qual a relação dela com o artigo de Benayon.
O artigo de Benayon trata da interação da tecnologia com o desenvolvimento econômico e social. A obra de Nonaka trata da Criação de Conhecimento Organizacional. Talvez não seja simples estabelecer a conexão entre os dois temas, se não tivermos clareza de que a tecnologia é o conhecimento necessário à produção.
Novamente, pode parecer um simples jogo de palavras, mas há uma relação direta entre a Inovação Tecnológica - que compreende a inovação técnica, organizacional e institucional - e a criação de conhecimento organizacional.
Significa dizer, que toda argumentação de Benayon se traduz na incapacidade brasileira de gerar um conhecimento organizacional, seja a nível das firmas, seja a nível nacional, que propicie o desenvolvimento controlado de ativos de conhecimento, que nos propiciem vantagens competitivas sustentáveis, que normalmente se traduzem em tecnologia própria e assimetrias propiciadoras de rendas extraordinárias.
Isto não é alcançavel partindo-se do zero. Vem daí a ideia de catching-up e toda literatura sobre os retardatários, que no fundo é sobre o que trata o texto do Benayon. No fundo é sobre o que trata o Clemente Nóbrega quando incita a uma espécie de pirataria mental.
O que Nonaka propõe, para quem ainda percebeu o link entre os assuntos, é uma teoria que nos ajude a entender como se dá o processo de criação do conhecimento organizacional, possibilitando, assim, o desenvolvimento de novas tecnologias.
A proposta de Nonaka é universal, nada tendo a ver com a cultura japonesa ou especificamente com a de qualquer outro país, mas a necessidade de entender o fenômeno é exagerada no caso brasileiro.
Forte abraço
Fernando Goldman