Prezados
Muita gente se pergunta o porquê desta preocupação constante em definir Gestão do Conhecimento Organizacional como um assunto estratégico.
Por que chamar de estratégico um processo que poderia ser composto de algumas simples ferramentas operacionais de Tecnologia da Informação?
Simplesmente porque uma abordagem mais operacional acaba privilegiando o conhecimento dos indivíduos, se abstraindo do Conhecimento Organizacional, e aí acaba não fazendo nada de novo em relação ao que a Educação Corporativa já vinha fazendo ou, em alguns casos, pior ainda, acaba levando os funcionários para escaladas ou aulas de surf no domingo de manhã. Sempre fora do expediente, é claro.
A Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional (Nonaka e seus diferentes coautores) reserva um papel muito especial aos gerentes médios, mas na maioria das grandes empresas públicas brasileiras, que tanto necessitam de uma efetiva Gestão do Conhecimento Organizacional, os gerentes médios, em sua grande maioria, ascenderam à condição de gerentes justamente por se mostrarem bons executores de tarefas, muitas vezes se sentindo desconfortáveis ao terem de conduzir um processo cujas instruções já não venham predefinidas.
Em seu livro, Economic performance and the theory of the firm* ( p. 174), David Teece explica ter Chandler observado que, no início dos anos 1920, várias grandes corporações norte-americanas, funcionalmente organizadas, desenvolveram estruturas internas multidivisionais em resposta aos problemas administrativos cada vez mais complexos encontrados à medida que o tamanho daquelas empresas e sua diversidade aumentavam.
Segundo Teece, Williamson aprofundou a análise de ChandIer observando que dois grandes problemas foram encontrados pelas empresas à proporção que elas se expandiam radialmente: perda cumulativa do controle e a confusão entre a tomada de decisão estratégia e a operacional.
Teece explica este último fator como sendo o que ocorre em essência quando as decisões operacionais, que requerem atenção imediata, deslocam a atenção dos gerentes do pensamento estratégico, que é menos crítico no curto prazo. Uma vez que sempre há decisões operacionais a serem tomadas imediatamente – incêndios a serem apagados - o pensamento estratégico é caracteristicamente negligenciado.
A importância da definição de um assunto como estratégico reside, entre outros aspectos, justamente em mostrar aos gerentes médios que a participação deles neste metaprocesso de Gestão do Conhecimento Organizacional, que acaba sendo uma reflexão crítica sobre os processos, políticas e programas de conhecimento da empresa, implica em uma mudança de pensamento operacional para estratégico.
Em outras palavras, não se trata de um ‘incêndio’ a ser apagado com procedimentos já predefinidos através de observações anteriores, mas sim de uma reflexão crítica que pode mudar as estruturas de conhecimento da empresa, alterando a forma como os ‘incêndios’ serão apagados.
Muitas vezes os gerentes médios não foram preparados para este tipo de reflexão.
Forte abraço
Fernando Goldman
* Teece D.J.. Economic performance and the theory of the firm. Great Britain, Bookcratf Ltd, 1998. 640p
Capes, CNPq e as jabuticabas
Há 9 anos
Um comentário:
Fernando, parabéns pelo blog. Estou fazendo o curso de Gestão de TI na Faculdade Santa Cruz em Curitiba que possui em seu currículo a disciplina Gestão do Conhecimento. Aproveito então para pedir por indicação de livros para um iniciante no assunto.
Um grande abraço.
Alesander
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