Prezados
Em 1998, há mais de doze anos, David Teece escreveu um artigo para a California Management Review, intitulado "Research Directions for Knowledge Management", onde previa que o interesse, então, emergente em Gestão do Conhecimento exigiria considerável pesquisa acadêmica.
Naquele artigo, Teece manifestou uma preocupação, que, infelizmente, iria se mostrar totalmente pertinente. Alertava ele para a importância de a Gestão do Conhecimento levar em conta toda uma significativa literatura existente sobre Gestão da Tecnologia, Empreendedorismo, Inovação, Estratégia de Negócios etc.
Teece chamava atenção para o perigo real de que a Gestão do Conhecimento se tornasse desacreditada se insistisse em ignorar a existência dessa importante literatura, introduzindo uma confusão intelectual desnecessária.
Na verdade isto vem desde então acontecendo, na medida que alguns autores insistem em se referir à Gestão do Conhecimento de uma forma literal, acreditando, por exemplo: que Gestão do Treinamento e Gestão do Conhecimento se confundam; que um simples portal ou um dos chamados LMS (Learning Management System), por si só, produza algo que possa ser chamado de Gestão do Conhecimento; que é possível acumular conhecimento e torná-lo disponível para alguém quando for preciso; que Gestão do Conhecimento permite que os verdadeiros conhecedores se aposentem de uma hora para outra e deixem seu conhecimento na empresa; e uma porção de bobagens que a gente ouve por aí.
O uso da expressão Gestão do Conhecimento Organizacional tenta mostrar que, embora haja muito ainda para se pesquisar, o que se busca é algo alinhado à crença de Teece de que, desde que corretamente entendido, este guarda-chuva pode integrar trabalhos importantes nas Ciências Contábeis, na Economia,no Empreendedorismo, na Teoria Organizacional, Marketing, Sociologia, Estratégia etc.
Cada um daqueles campos, como Teece destacou, proporciona importantes insights sobre um ou outro aspecto do Conhecimento Organizacional, mas nenhum deles oferece uma estrutura integrada. Isto reforça a necessidade de uma abordagem multidisciplinar à Gestão do Conhecimento Organizacional.
Forte abraço
Fernando Goldman
Um comentário:
Fernando
O maior problema que enfrentamos é que somos prisioneiros de nosso “nicho cognitivo” e não nos damos conta disso. O processo todo é transparente e temos a mais grata das ilusões de estarmos captando a realidade! Por isso, os especialistas no assunto nos chamam de "naive realists". Não concordamos com isto e a confusão está só começando. Nossa intuição cognitiva nos diz que o mundo é de um jeito quando na realidade não pode ser assim.
Como exemplos deste "escorregamento", apresentam, só para exemplificar: Intuitivamente, os sólidos têm peso. Errado! Os sólidos têm é inércia, o peso é decorrência de estarem imersos num campo gravitacional, e valem a leis de Newton, que não são nada intuitivas.
Outro exemplo: a matéria tem cor, pois é colorida que a vemos. Errado! Nós é que percebemos como cor, o reflexo de ondas eletromagnéticas que atingem nosso sistema visual.
Se para coisas de nosso dia a dia estamos tão longe da realidade, imagine como é a coisa para constructos mais abstratos. E convenhamos, confundir o constructo “conhecimento”com informação é automático. Tens que pensar e raciocinar um bocado para evidenciar que são coisas diferentes.
Forte abraço
Ferdinand
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