segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Brasileiros e alemães divergem em debate sobre energia alternativa


Prezados

Segue abaixo um interessante material que recebi do nosso amigo Heinz Sattler sobre como brasileiros e alemães divergem em debate sobre energias alternativas.

Forte abraço

Fernando Goldman


Meio Ambiente 12.11.2010

Brasileiros e alemães divergem em debate sobre energia alternativa



Debate realizado em Berlim pela Fundação Konrad Adenauer expõe as divergências entre brasileiros e alemães quando o tema é energia alternativa e ambientalismo.


Poucas oportunidades proporcionam uma ideia tão clara das divergências entre dois países na questão ambiental quanto o debate realizado nesta sexta-feira (12/11) na Fundação Konrad Adenauer, em Berlim, enfocando as possibilidades de cooperação entre Brasil e Alemanha na área de proteção ambiental e de energias renováveis.

A mesa-redonda "Brasil e Alemanha, interesses comuns na proteção do clima e na segurança energética?" reuniu políticos e analistas alemães e brasileiros em Berlim, em um evento na sede da instituição ligada ao partido democrata-cristão alemão.

Enquanto os representantes brasileiros se preocuparam principalmente em ressaltar as vantagens do etanol e desmentir acusações de ambientalistas europeus sobre supostas ameaças da monocultura da cana-de-açúcar à floresta amazônica e à produção de alimentos, os alemães ressaltavam as potencialidades do Brasil como um mercado em expansão. Os europeus lembraram que a infraestrutura brasileira, carente de melhorias, representa um foco de grande interesse para os investimentos da economia alemã, a poucos anos da próxima Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos do Rio.

Augusto Coutinho defende fim de barreiras ao etanolBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Augusto Coutinho defende fim de barreiras ao etanol"Os grandes eventos que vão acontecer no Brasil, em um espaço curto de tempo, favorecem bastante um trabalho de cooperação conosco", afirmou o deputado federal alemão Christian Ruck, da União Democrata Cristã (CDU). "Eles são um grande desafio para o país sul-americano, por causa dos problemas de uso da terra e da infraestrutura nas grandes cidades", comentou. "Por outro lado, podem marcar um avanço do Brasil como potência na área da economia verde, com base mesmo no sucesso que o país já teve na redução do desmatamento da Floresta Amazônica", acrescentou.

Brasileiros e europeus

Durante a discussão com o público, os participantes brasileiros tiveram que rebater perguntas sobre o suposto perigo da produção de etanol e biodiesel para o clima e para o fornecimento de alimentos.

"O Brasil é um país muito grande, que faz com que o cultivo da cana-de-açúcar em grande escala não represente uma ameaça à floresta e à produção de alimentos", garantiu o deputado estadual pernambucano Augusto Coutinho, do DEM. Logo em seguida, ele lamentou o que chamou de "barreiras" impostas pelos europeus. "Precisamos tentar diminuir as barreiras ao etanol", afirmou.

O governo alemão já expressou diversas vezes suas reservas quanto à produção de biocombustíveis no Brasil, pedindo um aumento dos controles ambientais, alegando risco perigo à manutenção da Amazônia.

Christian Ruck menciona interesses econômicosBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Christian Ruck menciona interesses econômicosAo ser questionado por um dos participantes brasileiros da plateia, que levantou suspeitas de interesses econômicos por trás do discurso ecológico alemão, o deputado alemão Christian Ruck, vice-líder da bancada da CDU no Parlamento alemão, admitiu que "interesses menos nobres" também podem fazer parte da posição alemã em relação ao bioetanol brasileiro. "Mas, por outro lado, devo ressaltar que o componente político-ambiental contribui bastante", ressalvou.

O diretor da seção brasileira da Fundação Konrad Adenauer, Peter Fischer-Bollin, resumiu como espectador a diferença no modo como brasileiros e alemães interpretam o problema ambiental. "Enquanto temos batalhas campais na Alemanha, por causa do depósito provisório de Gorleben, no Brasil o risco da energia nuclear é algo totalmente desconhecido", afirmou. "A ponto de, durante uma conferência realizada no Brasil, ter havido um choque de culturas quando os alemães se irritaram ao ouvir os brasileiros citarem a usina nuclear como fonte de energia limpa."

http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6225713,00.html

Autor: Márcio Damasceno
Revisão: Carlos Albuquerque



3 comentários:

Ferdinand disse...

Desconfio da pureza de intenções de qualquer político quando se trata de dinheiro. Mas convenhamos que a nossa reputação no cenário internacional não é lá estas coisas. Não se fazem mais representantes como o Rui Barbosa. Hoje temos seletos jogadores e até o Tiririca (se conseguir provar que não é analfabeto). Um presidente que se orgulha de não ter estudado faz aumentar o descaso para com o conhecimento, em âmbito nacional. Só torna mais acidentado, árido e difícil o terreno para a KM por aquí. Não é à toa que aparecem "choques culturais". O pessoal de fora deve realmente ficar chocado, não com os políticos (estes são as raposas), mas com o despreparo e descaso de nossos eleitores. Mas isto foi orquestrado há muitas decadas, e não conserta em uma geração.

Ferdinand disse...

Fernando
Tens práticamente uma centena de visitas por dia no blog o que é ótimo, mas poucos comentários. Vejo a censura/ aprovação do comentário como um dos problemas. Já percebeste o sentimento que fica quando deixas um comentário e que vai direto ao ar? E quando não publicam? Se o comentário está certo ou não é irrelevante, tem sempre a réplica. E é aí que pode surgir o tal conhecimento novo!
Mais um a ser censurado?
Forte Abraço

Ferdinand disse...

Fernando
Não sei se já viste a palestra de Marcel Dicke: why not eat insects?
Diz o mesmo que para passarmos de 6 a 7 Bi de agora para os 9 bi esperados em 2050 precisamos aumentar a produção de alimentos em 70%!! Para isso "the rain forests" vão ser fortemente atacadas. Aí a preocupação com o programa de Etanol brasileiro faz sentido.
E olhe que ninguém mais fala no famigerado vinhoto. Consegum agora produzir álcool sem poluir? Esta questão é muito mais complexa do que querem nos fazer crer.
Abraço
Ferdinand