Interessante como a Gestão do Conhecimento (KM) é um campo propício para textos de grande confusão mental. Alguns artigos sobre o tema conseguem simultaneamente trazer ideias de grande importância misturadas com alguns dos muitos chavões, que dificultam o avanço da área e sua melhor compreensão.
Nas minhas andanças pela Internet me deparei com mais um artigo. Este, recente do portal knowledgeboard, imediatamente me interessou pelo seu título: “What is Knowledge Management?”. É o nome do meu blog também, é verdade, mas como nome de blog pode dar margem para muitas postagens. Como nome de livro dá até para tentar, mas como nome de artigo é realmente muito pretensioso. Como explicar em tão poucas linhas o que é KM ?
A autora, Farah Piepkorn, se propôs a explorar algumas das principais leituras sobre o passado, presente e futuro da KM e responder àquela pergunta.
Logo de cara, aparece com uma tirada que faz valer a leitura do artigo. Referindo-se à famosa frase de Bacon que diz que “Conhecimento é poder”, ela estabelece que embora Bacon tenha elogiado o conhecimento, foi a KM e não o próprio conhecimento que mudou a sociedade e, posteriormente, o mundo.
Eureca! Ela percebeu que o grande trunfo não está em um determinado conhecimento em si. Este, nós sabemos, fica obsoleto muito rapidamente. A autora do artigo percebeu que a capacitação de transferir conhecimento − e não o próprio conhecimento − é poder.
Eu, em linha com tudo que venho escrevendo, preferiria dizer que a capacitação de criar conhecimento é poder. De qualquer forma, Farah chegou bem perto de perceber que mapear conhecimento, como muitos insistem em propor, tem muito pouca utilidade, ou talvez nenhuma.
O grande salto é mapear, ou melhor, modelar a dinâmica do conhecimento organizacional, implicando tentar entender como ele é criado em uma organização.
Embora parecesse ir bem na sua missão de explicar o que é KM, Farah resolveu dar sua definição de KM:
Gestão do Conhecimento (KM) é o processo de capturar, documentar, armazenar, recuperar, reutilizar, criar e compartilhar o conhecimento para aumentar a produtividade e eficiência da empresa.(tradução minha)
Pronto! Danou-se. Ia tão bem e de repente teve uma recaída. A famosa confusão se a KM deve atuar diretamente sobre o conhecimento ou sobre os processos de conhecimento.
Eu venho trabalhando com uma definição que deixa claro que a KM não deve e não pode de forma alguma ter como objeto o próprio conhecimento, sob pena de se esperar que KM, por exemplo, crie novo conhecimento.
Gestão do Conhecimento de um arranjo organizacional ou simplesmente Gestão do Conhecimento Organizacional (KM) é um metaprocesso, que, explícita e sistematicamente, define ações e práticas de apoio para melhorar as políticas, programas e processos do arranjo organizacional, que influenciam a qualidade da dinâmica do seu Conhecimento Organizacional .Para os que não querem aceitar esta definição ou não aceitam a ideia de KM como um metaprocesso, paciência. Há outras alternativas, por exemplo, o documento European Guide to good Practice in Knowledge Management trabalha com a seguinte definição:
Gestão do Conhecimento é a gestão das atividades e processos para alavancar o conhecimento, aumentando a competitividade através da melhor utilização e criação dos recursos de conhecimento individual e coletivo. (tradução minha)É possível notar que há vários referenciais conceituais percebendo ser a dinâmica do conhecimento que faz a diferença entre as organizações com ou sem longevidade. Sem entender o papel da dinâmica do conhecimento organizacional, fica muito difícil explicar “O que é KM ?”
Forte abraço
Fernando Goldman
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