domingo, 10 de abril de 2011

Coriat: A Teoria da Firma entre contratos e competências


Prezados


Nesta sexta-feira, dia 08 de abril, tive a oportunidade de assistir a brilhante palestra do Benjamin Coriat, intitulada "A Teoria da Firma entre contratos e competências. Revisão crítica dos desenvolvimentos comtemporâneos.", realizada no Instituto de Economia da UFRJ.


Felizmente a palestra foi em português. Mesmo assim, como não dei muita atenção às aulas do professor Belair, lá no Colégio Pedro II, apesar de toda sonoridade familiar do idioma francês, não domino aquela língua e confesso que me apossou a dúvida se o título da palestra traduzido ao português expressa realmente o que Coriat pensa sobre capacitações e competências.


No texto dos slides, ele usa a palavra compétences , que deve significar mesmo competências, mas quando fala se refere a capabilities. Eu sei que muita gente tem dificuldade de diferenciar competences e capabilities, mas não fiquei certo se: ele não distingue as duas, se por simplificação colocou tudo no mesmo saco, ou se a tradução embaralhou um pouco as coisas.


Voilà! Não vai ser este pequeno detalhe que vai diminuir o brilho da história da Teoria da Firma que a capacidade de síntese demonstrada pelo Coriat construiu. A verdade é que nós procuramos compreender o mundo através de histórias coerentes, construídas em nossas mentes, que as vezes chamamos de teorias ou hipóteses, e que mudam o tempo todo influenciadas por histórias que nos contam ou pelos fatos que observamos. A tal da busca da verdade.


Tais histórias são construídas através de associações e direcionam nossos comportamentos. Como disse o próprio Coriat, em sua palestra, uma teoria só serve se ela for capaz de prever alguma coisa.


As histórias de uma palestra como a do Coriat influenciam as histórias de quem as ouve, mesmo que este alguém que as ouve, com elas não concorde plenamente.


Mas a verdade é que gostei de muito do que ouvi, pois muito do que ouvi de Coriat coincide com a forma como eu gosto de contar esta história, da qual ele é um personagem vivo.


Tive alguns momentos de especial prazer, Um deles foi quando ele chamou atenção para a importância do correto entendimento do Aprendizado Organizacional e dos trabalhos de Cyert*, que vem sendo pouco citado ultimamente e tem enorme importância.


Outro ponto que ele destacou é a importância de entender as mudanças organizacionais como os elementos que viabilizam a utilização com sucesso das inovações técnicas.


Finalmente, ele concluiu que para avançar na Teoria da Firma há a necessidade de reconhecer a Firma como uma entidade viva e abordá-la através da informação, do conhecimento e dos interesses, o que a meu ver valeu a tarde.


Pena mesmo foi ele ter respondido de forma furtiva à minha pergunta sobre o Conhecimento Organizacional. Teria sido bem interessante conhecer a real visão dele sobre o assunto.


Forte abraço


Fernando Goldman


* Richard M. Cyert escreveu em 1963, junto com James March, o livro A Behavioral theory of Firm, que é um importante marco na literatura do Aprendizado Organizacional e onde eles buscam integrar a Teoria da Firma e a Teoria Organizacional. A referência é:


CYERT R. M.; MARCH J. A behavioral theory of firm, Englewood Criffs, NJ: Prentice-Hall, 1963, 332 p.


Há uma segunda edição revisada de 1992.

3 comentários:

Ferdinand disse...

Fernando
Pelo que escreves no segundo parágrafo realmente não ficou claro se a palestra foi em português ou em francês.
No youtube ví uma palestra dele em francês, falando sobra a atual crise européia. Fala com propriedade o moço. Muito bom.
Abraço
Ferdinand

Ferdinand disse...

Fernando
Descobrí agora três vídeos no youtube sobre Propriedade Intelectual, e aí o moço fala até muito bem em português.
Grato pela indicação de mais este expoente.
Forte abraço
Ferdinand

Ferdinand disse...

Fernando
Através do Coriat ficou claro como é injusto o tratamento para com os países do terceiro mundo. Parece que os países do G8 só olham para seus umbigos. Penso que no fundo o problema é o capitalismo selvagem que está mais exuberante que nunca. Nunca antes foi tão fácil tirar dinheiro dos "naives".
Abraço
Ferdinand