Prezados
Vem muito a propósito, a última postagem do Larry Prusak sobre KM(Knowledge Management) no blog da APQC: “Why is the KM Experience Different in Europe?”
Enquanto nós aqui no Pólo-RJ da SBGC nos preparamos para uma palestra seguida de debate sobre o tema “Mudança da Cultura Organizacional - O Papel das Emoções”, no dia 08/07/2008, Mr. Prusak se questiona porque é tão difícil nos EUA se obter alguém realmente disposto a ouvir sobre aquilo que parece a ele (e a mim também) ser a coisa mais importante que uma organização tem: o seu conhecimento.
Ah Mr. Prusak! Se o senhor vivesse no Brasil, talvez não imaginasse sua vida atual assim tão difícil.
Mr. Prusak, que em apenas dez dias conversou com praticantes e acadêmicos de KM sobre conhecimentos e aprendizado, em somente quatro locais diferentes da Europa – dois na Itália e , dois na Dinamarca, perigosamente generaliza, elencando aquilo que considera as três mais prováveis causas de uma enorme diferença de abordagem entre EUA e a Europa, quando o assunto é KM.
Diz que já teria enriquecido se tivesse ganho um dólar para cada vez que ouviu na América coisas tais como: "Isso é apenas teoria" ou outras piores ainda, dando a entender que KM não passa de bobagem. Muitos aqui no Brasil, mesmo recebendo em Reais, também já teriam feito seu pé-de-meia.
Na opinião dele há três pontos principais que diferenciam o público europeu do americano, quando se trata de KM.
Primeiro, ele imagina haver um interesse muito maior dos europeus pelas teorias e filosofias do conhecimento e do aprendizado. Atribui tal fato ao tipo de formação dos gestores europeus, pois acredita que a maioria tem uma formação mais próxima das chamadas ciências sociais, estando assim mais aberta a discutir conceitos que, a princípio podem parecer por demais obscuros ou filosóficos, mas que são imprescindíveis. Por aqui, no Brasil, às vezes também é muito ingrato ter de discutir com o pessoal de TI e engenharia se faz diferença falar em conhecimento ou informação, ou se isto é um mero detalhe.
Prusak observa que as pessoas com uma formação mais voltada à área de humanas ou ciências sociais (economistas são considerados por ele como exceção) se sentem mais confortáveis diante da ambigüidade e da incerteza.
Ele dá a entender que os executivos americanos não lidam bem com expressões do tipo "Nós simplesmente ainda não sabemos o suficiente sobre isso" ou "Não há a certeza de que isso irá acontecer". Tanto lá, como aqui, há ainda uma ênfase exagerada no que pode ser medido.
Depois, Prusak acredita que muito menos livros sobre o mundo dos negócios são publicados e lidos na Europa Continental. Não sei se isso é realmente tão verdade quanto ele imagina mas, segundo ele, todo aquele lixo – a expressão é dele e eu endosso - sobre a forma como líderes fazem o mundo girar, ou como ser um vencedor, ou sobre “Quem mexeu no meu Queijo?” , lá não é tão consumida e que talvez nesse aspecto a Grã-Bretanha seja mais parecida com os EUA, lamenta ele.
Um terceiro ponto que Prusak levanta é quanto ao fato de que, tal como no Brasil - observo eu, a fenomenologia da produção do conhecimento é mal ensinada nos EUA, cujas escolas de negócios parecem pensar que tecnologia e finanças são tudo o que é importante. Ele não esquece de criticar também os sempre atuais mantras sobre liderança e uma certa dose de xaropada sobre recursos humanos. O conhecimento, na opinião dele, é melhor cuidado em muitas escolas empresariais européias, dando ao assunto, em geral, o que ele chamou de autoridade cognitiva e fornecendo um tipo de cobertura para os gestores dispostos a experimentar sobre o assunto. Reclama que nos EUA raramente se fala de temas como capabilidades, capacidades, teorias da empresa baseada no conhecimento e por aí vai.
Parece que Mr. Prusak anda meio descontente com seus conterrâneos, pois diz ainda haver muitos outros motivos para se mostrar mais confortável de discutir KM com os europeus e ele aponta, por exemplo, o fato de na Europa as pessoas serem muito mais interessadas em conversações e reflexão.
Bem, nós aqui no Pólo-RJ da SBGC andamos fazendo a nossa parte, procurando discutir conceitos, métodos e técnicas sobre KM, reconhecendo as especificidades de cada organização efugindo de buscar soluções mágicas ou metodologias consagradas e esperadas servir para todos os casos.
Acredito que nossa próxima reunião seja mais um passo nesse sentido.
Forte abraço
Fernando Goldman
Capes, CNPq e as jabuticabas
Há 9 anos
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