segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Podemos ainda aprender com Polanyi ?

Prezados

Visitando o site do The Electronic Journal of Knowledge Management, encontrei um interessante artigo de Kenneth A. Grant, da Ryerson University, Toronto, Canadá, intitulado "Tacit Knowledge Revisited - We Can Still Learn from Polanyi". Nele o autor argumenta ser a GC um campo ainda relativamente novo, com a maioria dos livros e artigos técnicos relacionados ao tema, tendo sido publicados nos últimos 20 anos. Pode-se dizer que o interesse generalizado em GC, tanto como assunto acadêmico, quanto como uma questão do mundo dos negócios, data de meados da década de 1990.
Os autores pioneiros, como Stewart, Wiig e Sveiby, publicaram seus primeiros trabalhos por volta de 1990.
Grant cita um trabalho de Serenko e Bontis, de 2004, "Meta-Review of Knowledge Management and Intellectual Capital Literature: Citation Impact and Research Productivity Rankings", no qual aqueles autores constataram que menos de 100 trabalhos foram escritos sobre o tema GC até 1995. Seguiu-se então um rápido crescimento em atividade. Ainda segundo o citado artigo de Serenko e Bontis, em torno de 5.000 documentos foram publicados sobre GC e Capital Intelectual de 1995 a 2002.
O que Grant chama atenção é o fato surpreendente de que entre as fontes mais citadas como referências bibliográficas, apareçam trabalhos escritos por um autor que publicara cerca de 50 anos antes, Michael Polanyi, um químico que se tornou filósofo e viveu de 1891 a 1976.
Os trabalhos referenciados são dois livros, "Personal Knowledge: Towards a Post-Critical Philosophy" (1958), que traz importantes contribuições à epistemologia, como seus conceitos de “dimensão tácita” e “inversão moral”, e "The Tacit Dimension" (1966).
Grant lembra que o segundo é um volume de poucas páginas contendo ensaios construidos sobre um aspecto do conhecimento identificado no primeiro, o "conhecimento tácito". Esses dois livros por sua vez expandem as idéias apresentadas incialmente por Polanyi na Universidade de Aberdeen, entre 1951 e 1952, sobre os conhecimentos tácito e explícito.
Grant examinou cerca de 60 documentos de três grandes periódicos de GC, demonstrando que a obra de Polanyi tem sido frequentemente mal interpretada por alguns autores. Ele sugere ainda que, em alguns casos, os citados autores podem nem mesmo ter lido os referidos trabalhos de Polanyi. Além disso, esta situação conduziu a uma interpretação errônea do trabalho de Polanyi, afetando questões mais amplas na GC.
Grant destaca que o trabalho de Polanyi ainda hoje é relevante e um exame mais aprofundado de sua teoria estabelecendo que todo conhecimento tem elementos pessoais e tácitos, levando à compreensão de que o conhecimento nem sempre pode ser totalmente explicitado, pode ser usado para apoiar ou refutar uma ampla variedade de abordagens largamente difundidas em GC. Em particular, tal reexame do trabalho de Polanyi questionaria muitas das idéias da segunda geração da GC, de insistir nos esforços para tornar todo conhecimento explicitado através da utilização de sistemas de informação, sem considerar as questões sociais mais latentes. Possivelmente, seriam refutados também aqueles que utilizam as dificuldades relativas à questão do conhecimento tácito para descartar a GC, considerando-a um equivoco conceitual. Grant finaliza argumentando que essa importante compreensão ofereceria suporte aos mais recentes trabalhos de GC.

Forte abraço

Fernando Goldman

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