Prezados
Em 1876, William Orten era o presidente da Western Union, empresa que detinha o monopólio da mais avançada tecnologia de comunicações disponível, o telégrafo. Orten recebeu a oferta da patente de uma nova invenção − um tal de Alexander Graham Bell havia desenvolvido uma maneira de transmitir voz por um fio. Naquele momento, tratava-se apenas da invenção de um completo desconhecido.
Em 1876, William Orten era o presidente da Western Union, empresa que detinha o monopólio da mais avançada tecnologia de comunicações disponível, o telégrafo. Orten recebeu a oferta da patente de uma nova invenção − um tal de Alexander Graham Bell havia desenvolvido uma maneira de transmitir voz por um fio. Naquele momento, tratava-se apenas da invenção de um completo desconhecido.
Pois bem, como se sabe, a invenção de Graham
Bell mais tarde viria a se constituir em uma inovação tecnológica, gerando não só um artefato tecnológico − o aparelho telefônico − mas, principalmente, uma nova tecnologia de comunicações − a comunicação telefônica.
Em resumo, a patente inicial do
telefone foi oferecida por US $ 100.000 da época (cerca de US $ 2 milhões em
dólares atuais) à Western Union. Conta a história que, naquele momento, Orten, a luz de tudo que sabia, considerou a ideia ridícula, e escreveu diretamente para Alexander Graham
Bell, dizendo: "Após cuidadosa consideração de sua invenção, embora seja
uma novidade muito interessante, chegamos à conclusão de que ela não tem possibilidades
comerciais ... Que uso poderia esta empresa fazer de um brinquedo elétrico?
"
Conta ainda a história que a
empresa fundada por Bell − diante da recusa de Orten, a Bell Company, que mais tarde viria a se
transformar na AT&T − a partir de uma série de inovações técnicas e de
modelos de negócios, que se auto alimentaram, sustentadas portanto, conseguiu cada vez mais
novos clientes, explorando todo seu potencial de crescimento em rede, depois de
estabelecer uma tímida posição inicial de comunicações ponto a ponto. Mais do que um produto, o telefone
se firmou como uma tecnologia de comunicações e alavancou, e ainda vem
alavancando, novos produtos, novos processos, novos serviços, novos modelos de
negócios, novos comportamentos, novas formas de pensar e muitos deles, como bem
se sabe, nada mais tem a ver com a ideia original do telefone em si.
Aqui, é importante se começar a
perceber que há diferenças fundamentais entre invenção, inovação incremental,
inovação radical, inovação disruptiva (o telefone foi disruptivo para a Western Union) e as tecnologias emergentes. Só uma correta conceituação
destes processos que são recursivos (A implica B que amplifica A) permite uma
teorização capaz de ajudar a entender o que é esta tal de Indústria 4.0, que tanto sofre com as confusões conceituais entre inovações e tecnologias. E isto
tem muito a ver com Gestão do Conhecimento Organizacional. Não com a discussão
rasa sobre como gerir o conhecimento das pessoas na empresa, mas com
meta discussões sobre como gerir a inovação e o conhecimento das empresas e de outros
tipos de arranjos organizacionais na sociedade pós-industrial, com fortes implicações
nas estratégias empresariais e nas Políticas Públicas. Pode parecer estranho, mas a Indústria 4.0 não é um novo tipo de indústria: ela é pós-industrial.
Forte abraço
Fernando Goldman
Fontes:
Andersen, E.
It Seemed Like A Good Idea At The Time: 7 Of The Worst Business Decisions Ever
Made. Disponível em https://www.forbes.com/sites/erikaandersen/2013/10/04/it-seemed-like-a-good-idea-at-the-time-7-of-the-worst-business-decisions-ever-made/#2e4fa303e803.
Acesso em 29.jun.2018.
Christensen,
Clayton M; Anthony, Scott D.; Roth, Erick A. Seeing what´s next – Using the
theories of disruptive innovation to predict industry change. Harvard Business
School
Press. 2004.