O objetivo desse blog é permitir que interessados em Gestão do Conhecimento(Knowledge Management - KM) possam trocar idéias e aprimorar sua visão do assunto. Aqui todos somos aprendizes.
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
Mensagem de Ano Novo - 2014
Aos amigos deste blog, os sinceros votos de um Feliz Natal e um 2014 repleto de Paz e sonhos realizados.
Forte abraço
Fernando Goldman
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Parágrafos Esclarecedores sobre Gestão do Conhecimento Organizacional – nº 8
“Nós entramos
decididamente numa nova era com o trabalhador do conhecimento. O principal fator
de produção é o saber que temos. O problema é que esse saber não é
quantificável e controlável. O conhecimento emerge numa conversação entre
humanos, não é uma "coisa" em si. É um processo contínuo de
entendimento, em que este só surge se houver interação. É um processo social. O
entendimento nasce nesse ato social. Não é possível, por isso, controlar o
saber, nem geri-lo.
Conhecer é uma ação corporal, e ninguém pode ser proprietário dela. Seria o mesmo que dizer que alguém pode ser proprietário do meu ato de andar. Todo esse movimento para a Gestão do Conhecimento - para passá-lo do nível implícito para o explícito, codificando-o - e para a medição do capital intelectual é baseado em algo impossível. O capital intelectual não tem qualquer sentido - deriva da idéia do saber como coisa de que se pode ser proprietário. E gasta-se, inutilmente, imenso dinheiro e tempo nisso. É absurdo.”
Ralph Stacey*
* Para conhecer a fonte deste parágrafo e ver o comentário sobre ele do saudoso Jayme Teixeira Filho, acesse o link http://janelanaweb.com/digitais/stacey.html
Conhecer é uma ação corporal, e ninguém pode ser proprietário dela. Seria o mesmo que dizer que alguém pode ser proprietário do meu ato de andar. Todo esse movimento para a Gestão do Conhecimento - para passá-lo do nível implícito para o explícito, codificando-o - e para a medição do capital intelectual é baseado em algo impossível. O capital intelectual não tem qualquer sentido - deriva da idéia do saber como coisa de que se pode ser proprietário. E gasta-se, inutilmente, imenso dinheiro e tempo nisso. É absurdo.”
Ralph Stacey*
* Para conhecer a fonte deste parágrafo e ver o comentário sobre ele do saudoso Jayme Teixeira Filho, acesse o link http://janelanaweb.com/digitais/stacey.html
sábado, 31 de agosto de 2013
A natureza do conhecimento
Prezados
Em sua “August 2013 Gurteen Knowledge Letter”, o David
Gurteen apresentou alguns pensamentos sobre a natureza do conhecimento. Como
estes pensamentos do Gurteen estão muito alinhados com as ideias discutidas
neste blog, vou tomar a liberdade de traduzir e reproduzí-los a seguir.
Forte abraço
Fernando Goldman
“No mundo da KM, falamos o tempo todo sobre o
compartilhamento, a transferência e a captura de conhecimento. Mas nós
realmente não podemos fazer isso.”
“O conhecimento só existe na mente humana. No papel, ou em
um banco de dados, ou até mesmo quando codificado em nossa voz, ele é informação -
uma difusa e pobre representação do nosso conhecimento, em um momento no tempo,
incompleta e sem o contexto completo.”
“Isso significa que eu não posso te dar diretamente o meu
conhecimento e você não pode me dar o seu. O conhecimento é sempre transferido
através de alguma forma de informação codificada. O conhecimento é codificado
como informação e, em seguida, o conhecimento existente na mente do receptor é
usado para reconstruir as informações novamente em conhecimento. Um tipo
engraçado de processo no qual muito se perde e é distorcido ao longo do
caminho. Sim, você pode argumentar que o conhecimento é, finalmente,
compartilhado ou transferido, mas está longe de ser um processo perfeito.
“Quando falamos ou interagimos , nenhum de nós tem
qualquer controle sobre o que o outro presta atenção ou retém em sua cabeça.
Acontece o mesmo com a leitura, duas pessoas vão ler o mesmo livro ou relatório,
aprendendo e tirando conclusões muito diferentes."
“Sabemos disso , mas ainda falamos sobre o
compartilhamento de conhecimento e a transferência de conhecimento. Nós
simplesmente não podemos transferir conhecimento , no verdadeiro sentido da
palavra . É a metáfora errada para descrever o processo que ocorre, no entanto,
parece que estamos presos a ela.”
“Tudo o que podemos fazer é ajudar uns aos outros a
desenvolver seu próprio conhecimentos. O
conhecimento não é estático. Não é uma coisa . É dinâmico e em constante
mutação.”
“Numa conversação, novo conhecimento pode emergir na minha
cabeça e na sua. Ele nunca mais será o mesmo conhecimento . E quando nós nos
separarmos e refletirmos sobre as coisas faladas, nosso conhecimento vai mudar.
E cada vez que nos lembrarmos da conversa, o conhecimento vai emergir um pouco
diferente.”
“Troço engraçado e etéreo esse tal de conhecimento.
Não é à toa que é tão difícil de ser "gerenciado" ”.
domingo, 25 de agosto de 2013
Comunidades de Prática com Artefatos Epistemológicos
Prezados
Para os que ainda não conhecem, Comunidades
de Prática, normalmente designadas como CoP, estão entre as ferramentas mais
efetivas de Gestão do Conhecimento Organizacional, sendo utilizadas por muitas das empresas reconhecidas como de excelência.
CoP permitem que especialistas em
determinado assunto tirem partido das Tecnologias da Informação e Comunicação
para aumentar a interação que propicia a criação de conhecimento.
Como diz o velho ditado "é da discussão
que nasce a luz" e as CoP fornecem meios de discussão organizada,
sistematizada e profícua, diminuindo dessa forma o stress, o desperdício de
tempo e a energia despendida para atingir um consenso pelos especialistas, que
podem assim se dedicar de forma mais prazerosa a suas atividades fim.
Mas não se deve pensar, de forma alguma, que
criar uma CoP é garantia de sucesso automático. Muitas CoP fracassam, por uma série
de razões, que demandariam muito espaço para discussão.
Em outra linha de raciocínio, segundo Giavanni Dosi, a
Tecnologia se faz em três dimensões: as receitas, as rotinas e os artefatos.
Poderíamos dizer “artefatos tecnológicos”, mas como estamos falando de
Tecnologia, não há necessidade do adjetivo.
Há uma definição clássica de Tecnologia, do mesmo
Dosi, que é a seguinte:
"Podemos definir tecnologia como um conjunto de partes do conhecimento [pieces of knowledge], tanto as diretamente ‘práticas’ (relacionadas a problemas e dispositivos concretos) quanto as ‘teóricas’ (praticamente aplicáveis, embora não necessariamente já aplicadas), know-how, métodos, procedimentos, experiências de sucesso e fracasso, e também, dispositivos e equipamentos físicos. Os dispositivos físicos existentes incorporam — por assim dizer — os sucessos no desenvolvimento da tecnologia em uma atividade definida de solução de problemas. Ao mesmo tempo, a parte ‘desincorporada’ da tecnologia consiste de perícias particulares, experiência de tentativas e soluções tecnológicas prévias, juntamente com o conhecimento e as realizações do ‘estado-da-arte" (Dosi, 1982: 151-2).
O termo “dispositivos” (em inglês, no
original, devices) vem sendo substituído pelo termo artefatos (artefacts) e se
a Tecnologia é feita de partes do conhecimento podemos, em analogia aos Artefatos
Tecnológicos, falar em Artefatos Epistemológicos.
Os Artefatos Epistemológicos incorporariam,
então, os sucessos no desenvolvimento do conhecimento em uma determinada atividade
de Tomada de Decisões.
Um bom exemplo seria um Manual de Engenharia
de uma grande construtora. O Manual incorpora os sucessos no desenvolvimento do
Conhecimento Organizacional da construtora, mas diferentemente do que se
costuma ouvir, ele não é um repositório de conhecimentos. Ele é um repositório
de informações. Informações que podem propiciar a construção de conhecimento
pelos indivíduos, que trabalham hoje na construtora.
É até possível imaginar um Artefato Epistemológico
feito fora da empresa, mas na prática eles são construídos pela interação entre
os conhecedores dentro da empresa, que percebem os elementos de informação
necessários à construção do conhecimento.
Se para formar Artefatos Epistemológicos é
necessária a interação entre conhecedores e, como vimos antes, CoP propiciam
esta interação de uma forma bastante efetiva, por que não se pensar em CoP
baseadas em Artefatos Epistemológicos?
De imediato, três tipos de eventos que
permeiam a Gestão do Conhecimento Organizacional podem ser contemplados em CoP
baseadas em Artefatos Epistemológicos: melhores práticas, lições aprendidas e
pontos de atenção.
Se você consegue que especialistas, com
diferentes graus de prática, em diferentes áreas de um arranjo organizacional (uma empresa, por exemplo), que compartilham um domínio do conhecimento ( uma
especialidade), se sintam membros de uma comunidade a ponto de se proporem a
discutir, presencialmente ou virtualmente, melhores práticas, lições aprendidas
e pontos de atenção, em uma CoP, registrando os pontos consensados em um
Artefato Epistemológico, você certamente alcançou uma grande contribuição para
a Gestão do Conhecimento Organizacional.
Forte abraço
Fernando Goldman
sábado, 13 de julho de 2013
Minha Defesa de Tese de Doutorado
Prezados
É com
muita satisfação que informo ter feito, ontem, dia 12 de julho, junto ao
programa de Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento, do Instituto de
Economia da UFRJ, minha Defesa de Tese de Doutorado, com o título A DINÂMICA DA
CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO SOBRE INOVAÇÃO NO SISTEMA
ELETROBRAS. A banca composta pelos Professores Doutores Paulo Bastos Tigre (PPED/UFRJ),
Ana Celia Castro - (PPED/UFRJ), Renata Lèbre La Rovere - (PPED/UFRJ), Marcos do
Couto Bezerra Cavalcanti - (COPPE/UFRJ) e Vinícius Carvalho Cardoso - (Politécnica-UFRJ)
aprovou a tese sem ressalvas.
Esta
certamente é uma vitória pessoal que muito me orgulha, mas também é de todos
aqueles que compartilham a crença na força das ideias e que comigo têm
participado do meu blog e de outros canais onde procuro discutir e melhor
compreender o Conhecimento Organizacional e suas implicações para a inovação e
a competitividade. A todos que de uma
forma ou outra, direta ou indiretamente, contribuíram para o desenvolvimento daquele
trabalho, que certamente eu não os conseguiria enumerar, o meu muito obrigado.
Forte abraço
Fernando Goldman
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Parágrafos Esclarecedores sobre Gestão do Conhecimento Organizacional – nº 7
Uma vez que a origem de qualquer recurso tangível de uma
empresa está fora dela, é mais provável que sua vantagem competitiva surja a
partir dos seus intangíveis - específicos de conhecimento - que permitem à
empresa agregar valor a seus fatores de produção de uma forma relativamente
única. Assim, é o conhecimento da empresa e sua capacidade de gerar
conhecimento que estão no centro de uma Teoria da Firma, que pareça mais
epistemológica. (tradução nossa) (SPENDER, 1996, p. 46)
SPENDER, J. C. Making knowledge the basis of a
dynamic theory of the firm. Strategic Management Journal, v. 17(edição
especial), p. 45–62, 1996.
domingo, 9 de junho de 2013
Parágrafos Esclarecedores sobre Gestão do Conhecimento Organizacional – nº 6
Vivemos hoje
em uma sociedade pós-industrial em que o conhecimento vem, cada vez mais, sendo
reconhecido como a principal fonte de riqueza. A evidência avassaladora é que as
economias que são pobres em recursos naturais, mas especialistas na produção e
exploração de conhecimentos em geral superam as economias que têm recursos
naturais abundantes, mas são carentes de tais habilidades. Estamos descobrindo, porém, que o
conhecimento é uma coisa muito fugaz. Ativos
geradores de riqueza, cujo principal componente é o conhecimento, simplesmente
não se comportam da mesma forma que ativos físicos, com os quais estamos mais
familiarizados. Nós realmente ainda
não sabemos como lidar com a riqueza do conhecimento. Um indicador simples de nossa situação
é que estamos encontrando cada vez mais dificuldades para chegar a medidas robustas
do PIB para a economia baseada no conhecimento. (tradução nossa) (BOISOT, 1998, p. xiii)
BOISOT, M. H. Knowledge Assets:
Securing Competitive Advantage in the Information Economy. Oxford and New York, Oxford University Press,
1998.
domingo, 2 de junho de 2013
Parágrafos Esclarecedores sobre Gestão do Conhecimento Organizacional – nº 5
É conveniente pensar a indústria como a
realização de um número indefinidamente grande de atividades, atividades
relacionadas à descoberta e estimativa do futuro que se deseja, a pesquisa,
desenvolvimento e projeto, a execução e coordenação dos processos de
transformação física, a comercialização de bens e assim por diante. E nós temos
que reconhecer que essas atividades têm
de ser realizadas por organizações com capacitações adequadas, ou, em outras
palavras, com o conhecimento apropriado, experiência e habilidades. A
capacitação de uma organização pode depender do domínio de uma determinada
tecnologia de materiais, como a química da celulose, a engenharia eletrônica ou
civil, ou pode derivar de habilidades em marketing ou do conhecimento e
reputação em um mercado em particular. (tradução nossa) (RICHARDSON, 1972, p.
888)
RICHARDSON, G. B. The Organisation of Industry. The Economic Journal, v. 82, n. 327, p. 883‐896, 1972.
RICHARDSON, G. B. The Organisation of Industry. The Economic Journal, v. 82, n. 327, p. 883‐896, 1972.
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Parágrafos Esclarecedores sobre Gestão do Conhecimento Organizacional – nº 4
Quando as pessoas dizem que "todos os nossos ativos saem
pela porta de noite" elas estão mostrando sua ignorância sobre o que é Capital
Estrutural. Um negócio muito bem sucedido depende de pessoas que chegam todas
as manhãs. Mas também tem processos padronizados e de conhecimento
compartilhado que permanecem na empresa quando as pessoas vão para casa à
noite. (tradução nossa)*
* O que é o capital estrutural? Postado por Mary Adams em 29
de maio de 2013, 08:16 no blog www.smarter-companies.com.
Disponível em
http://www.smarter-companies.com/profiles/blogs/what-is-structural-capital?utm_source=Update%3A++May+30%2C+2013&utm_campaign=5%2F30+Update&utm_medium=email
sábado, 25 de maio de 2013
Da Gestão da Informação à Criação do Conhecimento Organizacional
Prezados
Nos próximos dias 12 e 13 de junho próximo estarei
participando do eDOC 2013 – Rio de Janeiro, um evento para profissionais que se
dedicam a processar informações e obter resultados, onde apresentarei a
palestra de abertura.
O link para o evento é http://www.edocconsultoria.com.br/eventos/detalhe/134/rio-de-janeiro-rj
e segue a descrição da palestra, que apresentarei:
Da Gestão da Informação à Criação do
Conhecimento Organizacional
Em uma economia cada vez
mais baseada em conhecimento, a Dinâmica da Inovação Organizacional é um tema
de crescente relevância e, apesar de décadas de pesquisas, importantes aspectos
conceituais permanecem ainda pouco conhecidos. Diante dos conceitos de
“sociedade da informação”, “sociedade em rede” e “capitalismo cognitivo” a
palestra aborda, em linguagem simples e acessível, a real natureza do “trabalho
imaterial” nos modernos ambientes de engenharia, mostrando a efetiva gestão da
informação como o elemento que propicia o sucesso de Comunidades de Prática
focadas em artefatos epistemológicos, caracterizando as formas mais avançadas
de capitalismo.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Parágrafos Esclarecedores sobre Gestão do Conhecimento Organizacional – nº 3
"Joseph Schumpeter pode ser citado como alguém capaz de
manter duas idéias opostas em mente ao mesmo tempo. Schumpeter postulava o
"desequilíbrio dinâmico" como o único estaco estável da economia, e a "destruição criativa", por parte
dos inovadores, como a força impulsora da economia. Uma onda de interesse atual
em Schumpeter é o reflexo dos
nossos tempos. O que é digno de nota é o fato de que seus postulados são a antítese da teoria
econômica prevalente, baseada na idéia do equilíbrio como norma de uma economia saudável e nas
políticas, monetária e fiscal, como impulsionadoras de uma economia moderna.
Uma mente diferenciada agora tem a oportunidade de manter duas visões opostas - a tese de Schumpeter e a antítese da economia dos dias
modernos - ao mesmo tempo e
usá-las para encontrar um melhor caminho."
(TAKEUCHI; NONAKA, 2008, p.17)*
TAKEUCHI, H.; NONAKA, I. Criação e dialética do conhecimento. In: ________. (Org.). Gestão do conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008. p.17-38.
(TAKEUCHI; NONAKA, 2008, p.17)*
TAKEUCHI, H.; NONAKA, I. Criação e dialética do conhecimento. In: ________. (Org.). Gestão do conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008. p.17-38.
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Divulgação de estudo pioneiro sobre Economia Política da Informação e Comunicação
Prezados
Segue material publicado pela Claudia Chamas no grupo PPED-UFRJ, que além do link para
baixar o livro, fornece importantes informações - em especial para os alunos de
NAI-5 - sobre "sociedade da informação", "sociedade em
rede", "capitalismo cognitivo" e "trabalho imaterial".
Forte abraço
Fernando Goldman
Divulgação de estudo pioneiro sobreEconomia Política da Informação e Comunicação "Trabalho com informação", de Marcos Dantas, está disponível para livre acesso, na internet Editado e publicado com apoio do Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ e projeto gráfico da I Graficci Comunicação & Design, o livro pode ser baixado livremente, em PDF ou e-book (formato .epub), no endereço http://www.facebook.com/l/vAQH9u9Jp/www.marcosdantas.pro.br/conteudos/trabalho-com-informacao-valor-acumulacao-apropriacao-nas-redes-do-capital Inicialmente dissertação de mestrado em Ciência da Informação (IBICT/ECO-UFRJ), a primeira versão de Trabalho com informação: valor, acumulação, apropriação nas redes do capital, de Marcos Dantas, data de 1994, revista em 1996 e 1999. Mas não é necessariamente um livro datado: ao contrário, escrito, na sua maior parte antes de a internet ter se transformado nesse fenômeno de massas que hoje todos vivenciamos e quando ainda quase nada se falava, no Brasil, de "sociedade da informação", "sociedade em rede" e, absolutamente nada, de "capitalismo cognitivo" ou "trabalho imaterial", o estudo antecipava alguns dos grandes problemas que se encontram na agenda social e política atual, dentre eles o conflito entre o livre acesso ao conhecimento e as leis de propriedade intelectual, assim como a real natureza do trabalho ("imaterial"?) no capitalismo contemporâneo. Para Dantas, o trabalho, nas formas mais avançadas de capitalismo, é informacional, conceito que reconhece a materialidade do trabalho mas entende que, entre a atividade sócio-metabólica humana e o seu produto material final, efetua-se todo um amplo conjunto de atividades de produção, registro e comunicação de materiais sígnicos, na forma de textos, cálculos matemáticos, desenhos, operações em instrumentos de medição ou controle, programação de computadores etc. Nestas atividades encontra-se o centro do processo de valorização no capitalismo tardio. Daí, Dantas rotular este capitalismo como a etapa do capital-informação, conforme aliás intitulou outro livro, "A lógica do capital-informação", também extraído, embora parcialmente, daquela mesma dissertação. Neste novo livro, em seu primeiro capítulo, o autor propõe um exame dialético das Teorias da Informação, desde o atomismo de Claude Shannon à crítica sistêmica de Henri Atlan e Henri Laborit, para então rediscutir a teoria do capital de Karl Marx, buscando nela situar essa dimensão da natureza e da história – a informação – que obviamente não poderia ter sido percebida, à sua época, por este grande pensador alemão. E seguiu não sendo percebida pelos seus epígonos... Em seguida, debate os conceitos de "sociedade da informação", conforme ainda eram postulados na primeira metade da década 1990, dialogando, entre outros autores, com Daniel Bell e Radovan Richta, este um dos poucos marxistas a perceber, ainda na década 1960, as transformações pelas quais passava o capitalismo e, daí, as possibilidades (afinal frustradas) do socialismo. Então, o livro avança nas questões polêmicas da atualidade, desde descrições detalhadas do trabalho informacional comandado pelo capital, até os conflitos econômicos e políticos que, já nos anos 1990, tratavam da chamada "propriedade intelectual". Simplesmente, a informação, por sua natureza (se cientificamente compreendida), não pode ser reduzida a mercadoria, sustenta Dantas. Por isso, o valor da informação (extraído do trabalho) só pode ser apropriado através de métodos violentos expressos nas leis de "propriedade intelectual" sancionadas pelo Estado (capitalista). Essa apropriação se dá na forma de rendas informacionais, fundamento do capitalismo rentista e financeiro dos nossos dias. O autor então examina algumas leis que àquela época emanavam dos Estados Unidos, precursoras dos SOPA e ACTA de nossos dias, por meio das quais o governo desse país impunha, ao resto do mundo, o monopólio do conhecimento pretendido por suas corporações transnacionais. Nesse cenário, Dantas discute o "copyright" do software, as patentes farmacêuticas, a biopirataria, os rearranjos regulatórios ("neo-liberais") nas comunicações e aponta para o destino necessariamente "proprietário", sob o capitalismo, que viriam a ter as redes digitais, quando mal nascia a internet. Só faltou falar em "jardins murados", expressão desconhecida à época em que escreveu este trabalho. Infelizmente, o livro não atraiu o interesse das editoras, em meados da década 1990. Esses assuntos, no Brasil, não "vendiam". Marx estava fora de moda. E, do exterior, não nos tinham chegado novas "grandes narrativas" para agendar nossas idéias acadêmicas e ideologias mediáticas. Todos os mais importantes autores que começaram a ser divulgados entre nós discutindo esta "nova sociedade" que emergia com o digital e a internet, a exemplo de Pierre Levy, Manuel Castells, Antonio Negri, Boaventura de Souza Santos, Zygmunt Bauman, ou mesmo David Harvey, Slavoj Žižek e ainda outros, só aportariam por aqui no final daquela década 90 ou primeiros anos deste atual século. No entanto, exatamente porque agora contamos com a internet, Dantas decidiu que esta sua obra não deveria ser entregue à "crítica roedora dos ratos". Seus conceitos fundamentais e vários dos problemas que aborda têm orientado, desde então, os seus trabalhos e seguem sendo por ele aperfeiçoados. Não raro, parecem confirmados pelos fatos. Sobretudo, para Marcos Dantas, hoje, como a mais de 15 anos atrás, ainda cabe divulgar e discutir esta sua contribuição para demonstrar a atualidade e, ao mesmo tempo, dialeticamente, atualizar o pensamento de Karl Marx.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
Re: O conhecimento precisa de liberdade e ar fresco...
Prezado Marcos (Comentário a uma postagem do Marcos Cavalcanti no Facebook)
Que bom! Ler no blog da Luciana Sodré Costa (http://bigdatarevolution.blogspot.com.br/2013/05/open-data-nao-e-bandeira.html ) que o
"Conhecimento é [...] um ato humano e contextualizado. Experiência única, baseada em outras experiências únicas que não podem ser armazenadas. Por mais detalhada que seja a descrição de um determinado conhecimento, ela será sempre, no máximo, um conjunto de informações".
Forte abraço
Fernando Goldman
De: Marcos Cavalcanti <notification+252es4xa@facebookmail.com>
Para: Banco Social do Conhecimento Lusófono <207726699269484@groups.facebook.com>
Enviadas: Quinta-feira, 9 de Maio de 2013 16:04
Assunto: [Banco Social do Conhecimento Lusófono] O conhecimento precisa de liberdade e ar fresco...
Marcos Cavalcanti 9 de maio de 2013 16:04 O conhecimento precisa de liberdade e ar fresco para se desenvolver. Ambientes fechados e excessivamente controlados são a morte do conhecimento e das organizações que continuarem a trilhar este caminho!
Open Data não é Bandeira
bigdatarevolution.blogspot.com Ver publicação no Facebook · Editar configurações de e-mail · Responda a este e-mail para adicionar um comentário.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Identificando uma lenda
Prezados
De qualquer forma, a criação do Conhecimento Organizacional, tal como descrita no modelo SECI, é um processo social, não implicando em se buscar a “explicitação do conhecimento tácito” de um indivíduo, o que seria, no mínimo, um erro conceitual grotesco.
A Karen Barros fêz um comentário na postagem "Podemos ainda aprender com Nonaka e Takeuchi?" de 08 de março de 2008, que eu
reproduzo abaixo:
Fernando, sobre o modelo SECI, será conseguimos mesmo
explicitar o conhecimento tácito ou isso é apenas uma lenda? Porque percebo que
as pessoas enxergam algumas coisas de maneiras diferentes, e o conhecimento
tácito também está relacionado à maneira que enxergamos as coisas no nosso dia
a dia.
Abraços,
Karen Barros
Abraços,
Karen Barros
Oi Karen, você está coberta de razão. O modelo SECI não é
sobre “explicitar o conhecimento tácito”. Ele é sobre como a partir do
conhecimento tácito dos indivíduos é criado um Conhecimento Organizacional, que
se apresenta na forma de um arquétipo, explícito portanto, podendo ser tangível (o protótipo de um
novo produto, por exemplo) ou intangível (uma visão do que a empresa deve
buscar, por exemplo).
De qualquer forma, a criação do Conhecimento Organizacional, tal como descrita no modelo SECI, é um processo social, não implicando em se buscar a “explicitação do conhecimento tácito” de um indivíduo, o que seria, no mínimo, um erro conceitual grotesco.
Após a conversão social do conhecimento tácito dos indivíduos
em um Conhecimento Organizacional, o conhecimento tácito dos conhecedores não
fica explícito. Você está certa: isto é apenas uma lenda.
Forte abraço
Fernando Goldman
domingo, 5 de maio de 2013
Parágrafos Esclarecedores sobre Gestão do Conhecimento Organizacional – nº 2
As comunidades de negócios e acadêmicas continuam a ter interesse nos
conceitos de gestão do conhecimento e competências estratégicas ou capacitações
essenciais. Este livro tenta estabelecer as ligações entre competências
estratégicas, gestão do conhecimento, aprendizagem organizacional e inovação -
mais especificamente, como uma organização identifica, avalia e explora as suas
competências e as converte em novos processos, produtos e serviços. (tradução nossa)
Do abstract do livro Tidd, J. (2006) From
Knowledge Management to Strategic Competence: Measuring technological, market
and organizational innovation, (Imperial College Press).
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Tendências para energia sustentável
Prezado
Segue link que descreve grande avanço em armazenamento de eletricidade do Instituto Fraunhofer.
Forte abraço
Fernando Goldman
Cada vez mais a eletricidade está sendo gerada por fontes alternativas, como a energia solar e a eólica, e quase um quarto da eletricidade que usamos hoje é derivado de fontes renováveis. O Governo Federal Alemão estabeleceu como objetivo gerar toda a eletricidade que o país precisa a partir do sol, vento e biomassa até 2050. Mas ....
http://www.vdibrasil.com.br/ site/atualidadesvdi/ index.php?id=49883
Segue link que descreve grande avanço em armazenamento de eletricidade do Instituto Fraunhofer.
Forte abraço
Fernando Goldman
Cada vez mais a eletricidade está sendo gerada por fontes alternativas, como a energia solar e a eólica, e quase um quarto da eletricidade que usamos hoje é derivado de fontes renováveis. O Governo Federal Alemão estabeleceu como objetivo gerar toda a eletricidade que o país precisa a partir do sol, vento e biomassa até 2050. Mas ....
http://www.vdibrasil.com.br/
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Os Ingleses e sua estranha justiça
Prezados
Recebi de um amigo as informações abaixo. Talvez não tenham muita relação com KM, mas acho muito oportuno divulgar. Quem sabe não serve de exemplo para nós brasileiros?
Detalhe: Fui verificar a veracidade das informações na Internet e descobri que outros políticos ingleses estão reclamando da pena. Acham a pena branda demais, diante da gravidade da situação.
Forte abraço
Fernando Goldman
Para conhecimento e reflexão. São outros conceitos culturais.
Em 2003, um deputado inglês chamado Chris Huhne foi pego por um radar dirigindo em alta velocidade. Pra não perder a carteira, pois na Inglaterra é feio uma autoridade infringir a Lei, a mulher dele, Vicky Price, assumiu a culpa.O tempo passa, o deputado vira Ministro da Energia, o casamento acaba, a Vicky decide se vingar e conta a história pra imprensa.Como é na Inglaterra, o tal do Chris Huhne é obrigado a se demitir primeiro do ministério e depois do Parlamento. ACABOU A HISTORIA?NÃO.Na Inglaterra é crime mentir para a Justiça e ontem a Justiça sentenciou o casal envolvido na fraude do radar em 8 meses de cadeia pra cada um. E vão ter de pagar multa de 120 mil libras, uns 350 mil reais.Segredo de Justiça? Nem pensar, julgamento aberto ao público e à imprensa.Segurança nacional? Nem pensar, infrator é infrator.E o que disse o Primeiro Ministro David Cameron quando soube da condenação do seu ex-ministro: 'É uma conspiração da mídia conservadora para denegrir a imagem do meu governo.' Certo? Errado.O que disse o Primeiro Ministro David Cameron acerca do seu ex-ministro foi o seguinte: 'É pra todo mundo ficar sabendo que ninguém, por mais alto e poderoso que seja, está fora do braço da Lei.'Estes ingleses são um bando de botocudos. Só mesmo em paísinhos capitalistas um ministro perde o cargo por mentir para um guarda de trânsito.Porque aqui neste paraíso ptista-sindicallista a Primeira Lei que um guarda de trânsito aprende é saber com quem está falando.
domingo, 31 de março de 2013
Respondendo ao Dudu
Prezado Dudu
Obrigado pelo elogio Dudu, mas acho que você não entendeu direito. Antes de tudo, vale a pena reforçar a ideia de que nada do que eu digo aqui é uma verdade absoluta, simplesmente porque não existem verdades absolutas. É muito importante entender que o que tentamos fazer aqui é construir modelos nesse campo da Gestão do “Conhecimento Organizacional”. Outras pessoas têm outras visões do assunto. Importante é o que funciona e o que não funciona.
Dentro desta proposta construtivista, envoltos em ambientes de incerteza Knightiniana e racionalidade limitada, fazemos conjecturas informadas sobre o caminho à nossa frente, que se tornam hipóteses de trabalho, devendo ser constantemente atualizadas à medida que novas evidências surgem. (TEECE, 2007)
Há, assim, uma grande necessidade de entendermos o que diferencia empresas que se mostram bem sucedidas em ambientes de negócios cada vez mais globais, complexos e dinâmicos. Esse tipo de empresas aprende constantemente, inovando de três formas: ora inovando em produtos e processos; ora inovando em sua organização interna ou seus modelos de negócios ou ainda em suas relações e parcerias; e ora influenciando as instituições dos ambientes de negócios onde atuam ou pretendem atuar.
Estas inovações são fruto da criação de Conhecimento Organizacional, que acontece em dois tipos de Aprendizado Organizacional: o de 1ª e o de 2ª Ordem. Veja bem que aqui não confundimos Aprendizado Organizacional com Treinamento & Desenvolvimento.
A maior parte das empresas tem focado seus esforços de Gestão do “Conhecimento Organizacional” no Aprendizado Organizacional de 1ª Ordem. Significa dizer nas Rotinas Operacionais e em suas Rotinas de Melhoria, ricas em conhecimento explícito, em ações mais próximas da Gestão da Informação, privilegiando coisas como repositórios de Boas Práticas e Lições Aprendidas, por exemplo, sem, porém, modificar as Estruturas de Conhecimento Organizacional. O foco é Eficiência Alocativa.
O chamado Aprendizado Organizacional de 2ª Ordem necessita de Estruturas de “Conhecimento Organizacional” flexíveis o suficiente para propiciarem uma Eficiência Adaptativa. Estas Estruturas de Conhecimento Organizacional são rotinas que determinam os processos, programas e políticas de conhecimento institucionalizadas na empresa.
É preciso entender que estas Estruturas de Conhecimento Organizacional são predominantemente tácitas, o que explica a importância das narrativas nas empresas. Em algumas empresas há muitos documentos escritos formulando processos, programas e políticas de conhecimento, que na verdade não existem ou não são levados em conta, enquanto em outras se percebe a força destas Estruturas de Conhecimento Organizacional, embora elas não estejam bem descritas nos manuais.
Voltando para sua pergunta, Dudu, é nessas Estruturas de Conhecimento Organizacional e nas rotinas que as modificam, Rotinas de Evolução, que deveria estar o principal foco da Gestão do Conhecimento Organizacional, porque são elas que permitem uma criação do Conhecimento Organizacional, propiciadora do Aprendizado Organizacional de 2ª Ordem, o que significa novas capacitações.
Já a chamada conversão do conhecimento tácito em explícito, descrita por Nonaka no Modelo SECI, é um processo social, nunca se dando no âmbito de um único indivíduo.
Vou tentar responder seu
comentário da postagem anterior, de 07 de março de 2013.
Você me diz:
“Parabéns pelo post Fernando muito esclarecedor, mas se entendi direito você diz que o GC organizacional foca ou deve focar apenas no conhecimento tácito, que a chamada conversão em explicito se dá de uma maneira individual?”
Obrigado pelo elogio Dudu, mas acho que você não entendeu direito. Antes de tudo, vale a pena reforçar a ideia de que nada do que eu digo aqui é uma verdade absoluta, simplesmente porque não existem verdades absolutas. É muito importante entender que o que tentamos fazer aqui é construir modelos nesse campo da Gestão do “Conhecimento Organizacional”. Outras pessoas têm outras visões do assunto. Importante é o que funciona e o que não funciona.
Dentro desta proposta construtivista, envoltos em ambientes de incerteza Knightiniana e racionalidade limitada, fazemos conjecturas informadas sobre o caminho à nossa frente, que se tornam hipóteses de trabalho, devendo ser constantemente atualizadas à medida que novas evidências surgem. (TEECE, 2007)
Há, assim, uma grande necessidade de entendermos o que diferencia empresas que se mostram bem sucedidas em ambientes de negócios cada vez mais globais, complexos e dinâmicos. Esse tipo de empresas aprende constantemente, inovando de três formas: ora inovando em produtos e processos; ora inovando em sua organização interna ou seus modelos de negócios ou ainda em suas relações e parcerias; e ora influenciando as instituições dos ambientes de negócios onde atuam ou pretendem atuar.
Estas inovações são fruto da criação de Conhecimento Organizacional, que acontece em dois tipos de Aprendizado Organizacional: o de 1ª e o de 2ª Ordem. Veja bem que aqui não confundimos Aprendizado Organizacional com Treinamento & Desenvolvimento.
A maior parte das empresas tem focado seus esforços de Gestão do “Conhecimento Organizacional” no Aprendizado Organizacional de 1ª Ordem. Significa dizer nas Rotinas Operacionais e em suas Rotinas de Melhoria, ricas em conhecimento explícito, em ações mais próximas da Gestão da Informação, privilegiando coisas como repositórios de Boas Práticas e Lições Aprendidas, por exemplo, sem, porém, modificar as Estruturas de Conhecimento Organizacional. O foco é Eficiência Alocativa.
O chamado Aprendizado Organizacional de 2ª Ordem necessita de Estruturas de “Conhecimento Organizacional” flexíveis o suficiente para propiciarem uma Eficiência Adaptativa. Estas Estruturas de Conhecimento Organizacional são rotinas que determinam os processos, programas e políticas de conhecimento institucionalizadas na empresa.
É preciso entender que estas Estruturas de Conhecimento Organizacional são predominantemente tácitas, o que explica a importância das narrativas nas empresas. Em algumas empresas há muitos documentos escritos formulando processos, programas e políticas de conhecimento, que na verdade não existem ou não são levados em conta, enquanto em outras se percebe a força destas Estruturas de Conhecimento Organizacional, embora elas não estejam bem descritas nos manuais.
Voltando para sua pergunta, Dudu, é nessas Estruturas de Conhecimento Organizacional e nas rotinas que as modificam, Rotinas de Evolução, que deveria estar o principal foco da Gestão do Conhecimento Organizacional, porque são elas que permitem uma criação do Conhecimento Organizacional, propiciadora do Aprendizado Organizacional de 2ª Ordem, o que significa novas capacitações.
Já a chamada conversão do conhecimento tácito em explícito, descrita por Nonaka no Modelo SECI, é um processo social, nunca se dando no âmbito de um único indivíduo.
Forte abraço
Fernando Goldmanquinta-feira, 7 de março de 2013
Nonaka e a Gestão do Conhecimento – 2ª parte
Prezados
...
continuando a postagem anterior.
Quando
o Eduardo me pergunta se “as organizações não são competentes nos dias de hoje
para promover a Gestão do Conhecimento?”, a resposta fatalmente acaba sendo “depende”.
Depende do que a pessoa chama de Gestão do Conhecimento. Na verdade, vai
depender muito mais do que você entende por conhecimento. Gosto muito de uma
frase da Verna Allee (1997) que diz “a forma como definimos o conhecimento
estabelece a forma como lidamos com ele”.
Para
quem acredita que o conhecimento é como uns caroços de feijão e pode ser
armazenado com cuidado para ser usado quando necessário, não há dificuldade em
fazer Gestão do Conhecimento. Também não haverá grandes resultados dela. A prática
vem mostrando que este tipo de abordagem, simplesmente, não funciona.
Isto
me remete para a segunda pergunta do Eduardo:
“relacionado ao que Nonaka diz, podemos perceber que as organizações não são competentes na Gestão do Conhecimento. No meu ponto de vista as empresas estão em grandes partes comprometidas com o treinamento de funcionários, mas fazer o compartilhamento e registro do conhecimento é o grande desafio. Concorda?”
“relacionado ao que Nonaka diz, podemos perceber que as organizações não são competentes na Gestão do Conhecimento. No meu ponto de vista as empresas estão em grandes partes comprometidas com o treinamento de funcionários, mas fazer o compartilhamento e registro do conhecimento é o grande desafio. Concorda?”
Olha
Eduardo, sinceramente, não concordo não. Se o grande desafio fosse realmente
fazer o compartilhamento e o registro do conhecimento, nossos problemas já
teriam se acabado.
Nossos
problemas começam exatamente quando percebemos que informação e conhecimento
são coisas distintas e não gradações do mesmo tema. Informação é uma coisa e
conhecimento é outra. Nossos problemas aumentam quando percebemos que
precisamos diferenciar as competências dos indivíduos das competências
organizacionais e temos enormes dificuldades em fazer isso, porque as empresas
- em especial seus setores de RH, ou outra designação mais atual para a mesma
coisa - ao acreditarem que as competências organizacionais são a simples soma
escalar das competências dos indivíduos, caem – como o Eduardo disse – na
armadilha do Treinamento e Desenvolvimento, ou seja, focam nos indivíduos como
o caminho de obter competências organizacionais.
O
grande erro está em querer gerir o conhecimento como caroços de feijão e não
entender o que ele vem a ser. E o que falar do Conhecimento Organizacional? Só
depois de entender que o Conhecimento Organizacional não é de verdade um
conhecimento, mas sim uma metáfora e que o conhecimento não se comporta como
caroços de feijão é que se torna possível começar a pensar em “Gestão do
Conhecimento Organizacional”, algo que foca nas estruturas tácitas do Conhecimento
Organizacional, enquanto tácitas, e não na transformação do tácito em
explícito, como tantas vezes ouvimos por aí.
Forte abraço
Fernando Goldman
quarta-feira, 6 de março de 2013
Nonaka e a Gestão do Conhecimento – 1ª parte
Prezados
Fernando Goldman
O
leitor deste blog, Eduardo Klass, fez alguns comentários e questionamentos à
postagem anterior, “Parágrafos Esclarecedores sobre Gestão do Conhecimento
Organizacional – nº 1”, sobre os quais eu vou preferir abrir uma nova postagem
para responder.
Entre
as perguntas feitas pelo Eduardo, algumas podem ser respondidas diretamente,
outras pedem um “depende”.
Quando
ele escreve “com relação ao que Nonaka diz, podemos dizer que as organizações
não são competentes nos dias de hoje para promover a Gestão do Conhecimento?”,
eu confesso que fico embatucado, pois não sei exatamente o que o Eduardo está
entendendo por “Gestão do Conhecimento”. Na verdade, o problema não é com o
Eduardo. Como já escrevi antes neste blog, não há a menor certeza de que o que
o Eduardo está pensando como sendo Gestão do Conhecimento, seja a mesma coisa
que eu penso, ou algum outro leitor pensa. Na verdade, nem sei se o que o
Eduardo pensa que Nonaka disse, foi realmente escrito por Nonaka.
Há um
enorme volume de citações de Nonaka que dizem que ele disse coisas que talvez
nunca tenha dito. Principalmente quando se referem a Nonaka e Takeuchi (1995),
ou pior ainda a Nonaka e Takeuchi (1997, na tradução para o português). Quando o
assunto é conversão do conhecimento tácito em explícito é impressionante como
as pessoas atribuem ao pobre do Nonaka uma porção de ideias que ele nunca
defendeu. Há um artigo clássico do Snowden em que ele diz que chega a ser irônico
atribuíram ao Nonaka exatamente aqui que ele nega. Muita gente, de boa fé,
defende algumas ideias como sendo de Nonaka, porque leu em algum lugar que ele
havia dito aquilo.
Talvez
um bom ponto de partida seja entender que Nonaka não é realmente um autor
daquilo que usualmente é referido como Gestão do Conhecimento. Surpresa! Nonaka
não é, a rigor, um autor de Gestão do Conhecimento. Quando a onda da Gestão do
Conhecimento se instalou ele andou até publicando livros, pelo menos um eu
tenho certeza, com coletânia de artigos sobre o tema, mas, acreditem, Nonaka não é
dessa tribo que anda por aí querendo explicitar o conhecimento tácito dos
conhecedores.
Nonaka
escreveu um artigo, entre outros, para a edição de novembro-dezembro de 1991,
da Harvard Business Review – uma publicação considerada não acadêmica, porém de
grande prestígio entre gestores. Este
artigo é considerado um marco para definir o início das publicações em inglês
que caracterizam a construção da chamada Teoria da Criação do Conhecimento
Organizacional. O artigo de Nonaka (1991) se chama “The Knowledge-Creating
Company” e continua atual, sendo que até hoje muitas das ideias ali propostas
não foram plenamente absorvidas.
Para
entender Nonaka e a Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional é necessário
entender que o assunto de Nonaka, seu foco de pesquisa, não é gerir informação,
muitas vezes confundida com conhecimento. O assunto dele é a dinâmica da inovação.
Foi pesquisando a dinâmica da inovação, que ele percebeu que a inovação é a
criação de Conhecimento Organizacional.
Continuo
em outra postagem
Forte abraço
sábado, 2 de março de 2013
Parágrafos Esclarecedores sobre Gestão do Conhecimento Organizacional – nº 1
"Embora muitas
vezes esquecida, uma consequência lógica e interessante do atual
desenvolvimento rumo a uma economia global é que quanto mais facilmente o
conhecimento codificável (negociável) pode ser acessado, mais importante o
conhecimento tácito se torna para manter ou melhorar a posição competitiva de
uma empresa. ... Em outras palavras, um efeito da globalização em curso é que
muitas capacitações, anteriormente, localizadas e os fatores de produção se tornam
disponíveis em qualquer lugar. O que não é onipresente, no entanto, é o
resultado de criação de conhecimento não negociável /não codificável - o
conhecimento tácito incorporado - que num dado momento apenas pode ser produzido
na prática. A incapacidade de troca fundamental deste tipo de conhecimento
aumenta a sua importância à medida que a internacionalização dos
mercados prossegue." (1999, p. 172) (tradução nossa)
Origem: MASKELL, P. ; MALMBERG, A. Localised learning
and industrial competitiveness. Cambridge Journal of Economics, 23, 167-186,
1999.
Citado
em: GERTLER M. S. Tacit Knowledge and the Economic Geography of Context.
Presented at the Nelson and Winter DRUID Summer Conference, Aalborg, Denmark,
12-15 June 2001.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
UBUNTU PARA VOCÊ EM 2013!
Prezados
Neste início de ano recebi uma mensagem de um amigo, que gostaria de compartilhar com vocês. Eu acho mesmo que já a havia recebido outras vezes antes, mas isto não importa. O que importa é que, verdadeira ou ficção, ela traduz meu espírito para este ano que se início.
Neste início de ano recebi uma mensagem de um amigo, que gostaria de compartilhar com vocês. Eu acho mesmo que já a havia recebido outras vezes antes, mas isto não importa. O que importa é que, verdadeira ou ficção, ela traduz meu espírito para este ano que se início.
Forte abraço e UBUNTU PARA VOCÊ EM 2013!
Fernando Goldman
Um antropólogo estava estudando uma tribo na África, chamada Ubuntu, e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa.
Sobrava muito tempo, então, propôs uma brincadeira pras crianças, que achou ser inofensiva.
Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam
sair correndo até o cesto, e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.
As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado.
Quando ele disse "Já!", instantaneamente todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto.
Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem, felizes.
O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou por que elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.
Elas simplesmente responderam: Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"
Ele ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo, e ainda não havia compreendido, de verdade, a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?
Ubuntu significa: "Sou quem sou, porque somos todos nós!"
Na tradução literal da expressão inteira que é utilizada por esse povo:
Umuntu ngumuntu nagabantu = Uma pessoa só é uma pessoa por causa das outras pessoas.
*Atente para o detalhe: porque SOMOS, não pelo que temos...
UBUNTU PARA VOCÊ!