Prezados
Há alguns dias me defrontei com uma situação bastante comum. Um grupo de pessoas discutia Gestão do Conhecimento e alguns ainda relutavam em abandonar a ideia do conhecimento como algo que pode ser acumulado.
Há uma insistência em pensar a Gestão do Conhecimento como um processo de acúmulo, como se o conhecimento fosse um daqueles ativos, cuja escassez gera valor, valendo a pena acumulá-lo e como se isto fosse realmente possível.
Este é o resultado, bastante previsível, quando se aplica a intangíveis, conceitos usados para gerir tangíveis.
Para quem vive no maravilhoso mundo da fantasia de imaginar a Gestão do Conhecimento como um conjunto de técnicas para guardar conhecimento e deixá-lo disponível para ser usado quando alguém precisar, a questão é muito simples. Basta decidir que técnicas serão escolhidas.
Peter Senge, em uma vasta obra, que muito analisa o problema do aprendizado e do conhecimento, chama atenção para o fato de que esta abordagem é típica do mundo ocidental, onde lidamos com o conhecimento como se fosse algo que pudesse ser possuído. Num mundo assim, as duas palavras, informação e conhecimento, acabam sendo muitas vezes usadas como se fossem sinônimos, não havendo, para muitos, uma clara distinção entre os dois.
Senge argumenta que se em nossa linguagem do dia a dia, por exemplo, nossos modelos mentais nos permitem falar que o conhecimento é algo que os indivíduos "adquirem", podemos dizer que os indivíduos o "possuem". Por que não?
Por outro lado, quando nos aprofundamos um pouco mais no assunto e definimos conhecimento como sendo "uma capacidade de ação eficaz", uma capacitação portanto, fica claro que isso não é algo que se "pega" no sentido de se adquirir. É algo que se aprende, pois o conhecimento é construído.
Senge deixa as coisas bem claras, quando diz que o compartilhar conhecimento não se trata de dar às pessoas algo ou conseguir alguma coisa delas. Isso é válido apenas para o compartilhamento de coisas, ou até mesmo de informações.
O compartilhamento de conhecimento ocorre quando as pessoas estão genuinamente interessadas em ajudar uns aos outros a desenvolver novas capacitações. É sobre como criar processos de aprendizagem.
A maior parte das capacitações que são importantes no ambiente organizacional são mais do que coletivas, são emergentes. Ninguém poderia acumulá-las, mesmo que tentasse.
Senge tem razão quando diz que grande parte do conhecimento em que se está realmente interessado em arranjos organizacionais é como a química de uma boa equipe esportiva. Alguma coisa bem difícil de ser guardada.
Forte abraço
Fernando Goldman
Fernando
ResponderExcluirReceio que as pessoas só estão genuinamente interessadas em cooperar quando se encontram no mesmo barco(na mesma enrascada), quando é questão de vida ou morte.
No mais tem sempre uma assimetria, e ganha quem melhor sabe utilizar as artes cênicas. Ou não estamos tratando de problemas humanos?
Abração
Ferdinand
Fernando
ResponderExcluirUma citação que cabe aqui é a do Churchil que se não estou enganado poderia ser traduzida como: Adoro aprender. Mas detesto ser ensinado.
Abração
Ferdinand
Eu acredito que conhecimento é inerente de cada pessoa, uma mesma informação pode gerar conhecimentos distintos em pessoas distintas.
ResponderExcluirAcredito que o acumulo de informações organizadas e disponíveis, pode vir a gerar conhecimento ao individuo que tiver acesso a essa informações. Um exemplo é uma exposição artistica, são informações que podem trazer algum conhecimento ao indivíduo que a prestigiar.
Agora em questão de acumular talvez se olhar por outro angulo, temos a experiência, a experiência não é um acumulo de conhecimento?