quarta-feira, 25 de julho de 2012

A Dimensão Tácita do Conhecimento e sua Conversão Social

Prezados

Uma série de questões sobre o conhecimento no âmbito dos diferentes tipos de arranjos organizacionais (empresas, ONGs, repartições públicas, entidades religiosas, políticas, civis e militares, etc.) vem desafiando pesquisadores dos mais diferentes campos do saber. A grande maioria destas questões se resume numa fundamental: ‘o que é Gestão do Conhecimento?’.

Em outras palavras, uma vez definida a importância de se reconhecer o conhecimento como o principal ativo ou recurso de um arranjo organizacional, em que consistiria sua gestão? A pergunta se torna menos trivial, quanto mais se compreendem as dificuldades envolvidas em lidar com o caráter dinâmico do conhecimento.

Não faltam exemplos de ações bem intencionadas que alocaram recursos de empresas competentes, buscando coisas aparentemente simples, como, por exemplo, capturar e codificar o conhecimento tácito de pessoas importantes para a empresa, transformando-o em conhecimento explícito, a ser compartilhado com todos. Ações ingênuas deste tipo, invariavelmente, vêm terminando em enorme frustração, desperdício de tempo e perda de dinheiro.

Embora seja sempre mais fácil por a culpa na falta de cultura de compartilhamento, que estaria enraizada nos profissionais mais competentes, é preciso repensar porque os profissionais de RH, em geral responsáveis por aquelas ações, ditas de Gestão do Conhecimento, se comportam como naquela metáfora do ‘homem cego, num quarto escuro, procurando o gato preto, que nem está lá dentro’.

Não faltam vozes pregando a necessidade de mais pesquisa empírica, de nada adiantando usar o velho argumento de Kurt Lewin, de que ‘não há melhor prática do que uma boa teoria’.

As pessoas querem pesquisar o conhecimento, mas não têm uma ideia mínima do que é o conhecimento. Querem pesquisar a inovação, mas não conseguem estabelecer uma ligação entre ela e o conhecimento. Querem entender o conhecimento no âmbito organizacional, mas não têm certeza se existe um conhecimento organizacional, nem como ele se dá. Querem entender o papel das rotinas para o conhecimento, mas não conseguem discernir se a relação entre as habilidades humanas e as rotinas organizacionais se dá por analogia ou é de ordem ontológica. Querem entender as Capacitações Dinâmicas das empresas de crescimento sustentado, mas não conseguem perceber capacitações como conhecimento adequado a determinado tipo de ação.

Muitos pregam a necessidade de mais pesquisa prática para observar o conhecimento, esquecendo Einstein, quando dizia que ‘se você pode observar  uma coisa ou não, depende da teoria que você usa. É a teoria que decide o que pode ser observado’.

Assim, é inegável a necessidade de uma teoria que sirva de ponto de partida, para se ser efetivo na pesquisa sobre o conhecimento no âmbito organizacional.

O artigo de Ikujiro Nonaka, ‘A dynamic theory of organizational knowledge creation’, publicado em 1994*, é tido por muitos como o ponto de partida para o desenvolvimento da chamada Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional (TCCO).

A TCCO vem contribuindo para o desenvolvimento e uso de dois importantes conceitos, naquilo que vem sendo denominado de Ciência Organizacional. Primeiro, a dimensão tácita do conhecimento, usualmente referida como ‘conhecimento tácito’ e a conversão social do conhecimento, usualmente referida apenas como ‘conversão do conhecimento’.

Duas premissas têm sido identificas na TCCO, sobre as quais mais de 18 anos de trabalho acadêmico profícuo tem sido realizado:

ü  as dimensões tácita e explícita do conhecimento podem ser conceitualmente diferenciadas ao longo de um continuum; e

ü  a conversão social do conhecimento explica, teórica e empiricamente, a interação social entre a dimensão tácita e a explícita do conhecimento.

Qualquer pesquisa que se proponha a melhor entender o conhecimento no âmbito organizacional deveria estabelecer seus pontos de partida. As premissas acima citadas, desde que bem entendidas e aplicadas, seriam excelentes pontos de partida para pesquisas envolvendo o conhecimento no âmbito organizacional. E caso não sejam utilizadas, é muito importante se estabelecer o porque não.  

Forte abraço

Fernando Goldman
*NONAKA, I. A dynamic theory of organizational knowledge creation, Organ. Science, v. 5, p. 1, p.14–37,1994.

domingo, 22 de julho de 2012

O que são conhecimentos explícito e tácito?

Prezados

Em 25/05/2006, quando era o mediador do Fórum da SBGC, respondi uma pergunta ali postada, tentando ajudar a esclarecer as diferenças entre o conhecimento tácito e o explícito, no âmbito da Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional (TCCO). O texto, então, apresentado refletia tal contexto.
O referido texto continha informações colhidas no livro de Nonaka e Takeuchi de 1995 ( traduzido no Brasil em 1997), que é um dos alicerces da TCCO, a qual vem passando desde então por constantes refinamentos, propostos por Nonaka e seus diferentes coautores, visando eliminar a possibilidade de interpretações errôneas.

Cinco anos mais tarde, o texto daquela resposta apareceu numa News da SBGC, o que poderia induzir o leitor a pensar se tratar de um artigo acabado de ser preparado por mim e que, naturalmente, expressaria minha opinião atualizada e completa sobre o assunto.
Este material, disponibilizado na News da SBGC, sob o título ‘O que são conhecimentos explícito e tácito?’, acabou também sendo publicado na Revista Ser Mais, nº 20, ano 3, conforme link http://issuu.com/editora.ser.mais/docs/sermais_-_edicao_20 .
Desde então, diversas pessoas têm me solicitado autorização para reproduzir aquele texto. Pois bem, não há nada, a princípio, que precise ser alterado naquele texto, mas eu sempre faço a ressalva de que é fundamental entendê-lo em seu contexto e ter em mente que tácito e explícito não são dois tipos de conhecimento, mas, sim, duas dimensões do mesmo conhecimento.
Esta importante ideia não foi citada naquele texto, pois seu objetivo imediato era, tão somente, responder uma pergunta no fórum, sobre as diferenças entre o conhecimento explícito e o tácito e não se aprofundar nas ideias de Polanyi ou na forma como a TCCO as usa, o que é sempre muito importante quando se tem a preocupação de evitar os constantes malentendidos que envolvem o conhecimento tácito.
Forte abraço
Fernando Goldman

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Artigo “Narrativas nas Empresas” disponível na Internet

Prezados

Está disponível para leitura na Internet o livro “Contadores de Histórias: um exercício para muitas vozes”, organizado pela Benita Prietro, do qual tive a honra de escrever o capítulo sobre o papel das narrativas nos ambientes empresariais.


Composto de textos, entrevistas, depoimentos, ensaios inéditos de contadores de histórias brasileiros, que têm reconhecimento nacional na sua atividade, o livro se propõe a ser uma referência na área.

Participam contadores que desenvolvem projetos de leitura usando a narração oral e artigos de pesquisadores de áreas ligadas à arte de contar histórias.

O link para ler o artigo “Narrativas nas Empresas” , nas páginas 150 a 155, assim como todo livro é

http://issuu.com/prietoproducoes/docs/00livro_contadoresdehistorias

Forte abraço

Fernando Goldman



sexta-feira, 6 de julho de 2012

"Belo Monte, anúncio de uma guerra": assista ao filme completo

Prezados

Gostaria de convidar vocês a assistir, antes que tirem do ar, ao excelente documentário sobre a construção da Usina de Belo Monte, disponível em


É uma excelente oportunidade de entender um pouco mais como o "rolo compressor da solução hidrelétrica no Brasil" é fator limitante ao desenvolvimento de soluções tecnológicas sustentáveis genuinamente nacionais na área de energia.
Forte abraço
Fernando Goldman