sexta-feira, 18 de maio de 2012

Tecnologia, Desenvolvimento e Ilusões

Prezados

Recebi do Ferdinand, o mais atuante leitor deste blog, a indicação para a leitura de uma interessante coluna, publicada no site da Associação dos Engenheiros da Petrobrás - AEPET, com o título "Tecnologia, Desenvolvimento e Ilusões", de autoria de Adriano Benayon.

A referida coluna pode ser encontrada em http://www.aepet.org.br/site/colunas/pagina/235/Tecnologia-Desenvolvimento-e-Iluses .

Vale a pena ler o texto de Benayon e aproveitarmos a oportunidade para uma reflexão sobre o que trata a teoria desenvolvida por Nonaka e o qual a relação dela com o artigo de Benayon.

O artigo de Benayon trata da interação da tecnologia com o desenvolvimento econômico e social. A obra de Nonaka trata da Criação de Conhecimento Organizacional. Talvez não seja simples estabelecer a conexão entre os dois temas, se não tivermos clareza de que a tecnologia é o conhecimento necessário à produção.

Novamente, pode parecer um simples jogo de palavras, mas há uma relação direta entre a Inovação Tecnológica - que compreende a inovação técnica, organizacional e institucional - e a criação de conhecimento organizacional.

Significa dizer, que toda argumentação de Benayon se traduz na incapacidade brasileira de gerar um conhecimento organizacional, seja a nível das firmas, seja a nível nacional, que propicie o desenvolvimento controlado de ativos de conhecimento, que nos propiciem vantagens competitivas sustentáveis, que normalmente se traduzem em tecnologia própria e assimetrias propiciadoras de rendas extraordinárias.

Isto não é alcançavel partindo-se do zero. Vem daí a ideia de catching-up  e toda literatura sobre os retardatários, que no fundo é sobre o que trata o texto do Benayon. No fundo é sobre o que trata o Clemente Nóbrega quando incita a uma espécie de pirataria mental.

O que Nonaka propõe, para quem ainda percebeu o link entre os assuntos, é uma teoria que nos ajude a entender como se dá o processo de criação do conhecimento organizacional, possibilitando, assim, o desenvolvimento  de novas tecnologias.

A proposta de Nonaka é universal, nada tendo a ver com a cultura japonesa ou especificamente com a de qualquer outro país, mas a necessidade de entender o fenômeno é exagerada no caso brasileiro. 

Forte abraço

Fernando Goldman


  

sábado, 12 de maio de 2012

Um artigo que vale a pena ler.


Prezados
Acho que, por mais de uma vez neste blog, já tive oportunidade de escrever sobre a influência que exerceu e exerce em mim a música “O Samba do Crioulo Doido”.

Segundo a Wikipédia, O Samba do Crioulo Doido é
uma paródia composta pelo escritor e jornalista Sérgio Porto, sob pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, em 1968, para o Teatro de Revista, em que procura ironizar a obrigatoriedade imposta às escolas de samba de retratarem nos seus sambas de enredo somente fatos históricos. A expressão do título é usada, no Brasil, para se referir a coisas sem sentido, a textos mirabolantes e sem nexo.


Muitos textos acadêmicos que trazem em seu título a etiqueta “Gestão do Conhecimento” me remetem ao Samba do Crioulo Doido.

Artigos que seguem uma receita relativamente simples, quando se aventuram pelo conhecimento e seus construtos associados ao fenômeno organizacional, podem gerar resultados bem “complexos”, ou talvez fosse melhor dizer “bem complicados”.

Por exemplo, pode-se começar por formular uma questão de pesquisa que contenha a expressão “Gestão do Conhecimento”. Para responder a tal questão elabora-se um objetivo central, que pode se desdobrar em objetivos específicos para então se realizar uma “pesquisa qualitativa, exploratória, bibliográfica” utilizando como ferramenta a revisão sistemática da literatura numa determinada base de dados.

Parece bem objetivo. Parece propiciar uma contribuição ao desenvolvimento do conhecimento na área de Administração. A qualidade da argumentação e as implicações gerencias parecem ser significativas para o estudo desenvolvido. Mas o resultado muitas vezes é um Samba do Crioulo Doido.

Alguns artigos elaborados dentro de tal receita padrão conseguem fugir um pouco desse estigma. É o caso de um um interessante artigo, que acabo de ler, com o título “A INFLUÊNCIA DO CAPITAL HUMANO E SUAS COMPETÊNCIAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO: OS ESTUDOS CONTIDOS NA LITERATURA ACADÊMICA CONTEMPORÂNEA”, de uma lista de sete autores*, publicado na Revista do CCEI, do Centro de Ciências da Economia e Informática (Rev. CCEI - URCAMP, v.15, n.28, p. 57-75 - ago., 2011), disponível em http://www.urcamp.tche.br/ccei/portal/images/Revista_CCEI/revista_28_artigo_03.pdf.

Embora trazendo algumas ideias um tanto questionáveis, do tipo “Nonaka & Takeuchi (1997) definem o conhecimento como a infor­mação da qual o ser humano se apropria e interpreta, passando a ter novas ideias” ( o sublinhado é meu) e não se preocupando em distinguir competências individuais e organizacionais, o artigo é bem interessante e merece ser lido.

Infelizmente, o artigo se apóia na tradução para o português do livro de Nonaka e Takeuchi e não cita as páginas onde determinadas ideias foram colhidas, o que dificulta saber se tais ideias são fruto da tradução ou de uma interpretação própria dos autores do artigo.

Percebe-se a ênfase em citar Nonaka em seu trabalho com Takeuchi, originalmente de 1995, perdendo-se a oportunidade de citar trabalhos mais recentes e atualizados da Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional.

Em contrapartida um dos artigos selecionados como resultado da pesquisa é justamente “Organizational knowledge creation theory: evolutionary paths and future advances”, de Nonaka, Von Krogh e Voelpel, de 2006, que segundo os sete autores diz que “a criação do conhecimento organizacional é o processo de disponibilização e ampliação do conhecimento dos indivíduos, sua cristalização e conexão com o sistema de organização do conhecimento” - talvez tenham querido dizer "sistema de conhecimento da organização" - e indica “áreas para avançar no futuro, incluindo teoria e investigação sobre a origem do conhecimento”.

Menos mal. De qualquer forma, vale a pena conferir o artigo da Revista do CCEI, mesmo que ao final você fique com uma leve sensação de que está ouvindo um samba enredo lá no fundo.

Forte abraço

Fernando Goldman
* Juarez Domingos Frasson Vidotto, Thiago Meneghel Rodrigues, Vitória Augusta Braga de Souza, Patrícia de Sá Freire, Neri dos Santos, Gregório Jean Varvakis Rados e Paulo Maurício Selig.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Leading Issues in Social Knowledge Management


Prezados

Acabo de receber um e-mail da Gurteen Knowledge Community, , sobre o lançamento do livro Leading Issues in Social Knowledge Management, que - para quem ainda não aderiu àquela comunidade – eu reproduzo abaixo.
De imediato, gostaria de recomendar, fortemente, a todos aqueles que têm algum real interesse pelo tema Gestão do Conhecimento, que leiam a introdução do livro - escrita pelo Gurteen.

Trata-se de um pequeno texto de cinco páginas, com uma enorme capacidade de síntese do que vem ocorrendo no desenvolvimento desta expressão.

Independentemente de comprar o livro, acho que quem sinceramente se interessa em entender o que seria fazer “Gestão do Conhecimento” não pode perder a oportunidade de ler a introdução escrita pelo Gurteen que conceitua importantes aspectos sobre o tema. De uma forma bastante esclarecedora. Basta clicar no link sobre o livro e abrir as dez páginas disponíveis para leitura on line.

Forte abraço

Fernando Goldman

To: All members of the Gurteen Knowledge Community


It's not very often that I do a global mail shot other than my monthly knowledge letter but I have something a little special to announce that I thought might interest to you.


I am delighted to tell you that I'm the editor of a new book "Leading Issues in Social Knowledge Management" that has just been published by Academic Publishing International.


The book is a collection of ten academic papers that I have carefully selected to create the volume and I have also written a short editorial comment on each paper.


So I did the relatively easy bit, all the hard work was done by the contributors in this important emerging field. There are 19 contributors so a few too many to mention.


You will find more details of the book here.


I have agreed with the publishers that members of my community may obtain GBP5.00 off the price of the book by entering "Gurteen5" in the discount code field when you place your order.


best wishes David


David GURTEEN
Gurteen Knowledge
Fleet, United Kingdom

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Firmando algumas ideias

Prezados

Na Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional, o conhecimento é definido em três partes:


1ª parte - o conhecimento é uma crença justificada em uma verdade;

2ª parte - o conhecimento é aquilo que se sabe e possibilita capacitação de:

a) definir e resolver problemas; e

b) ação eficaz;

3ª parte - o conhecimento é explícito e tácito ao longo de um continuum, tendo caráter contextual.

A partir da definição acima, é possível perceber que o termo ‘conhecimento’ é entendido aqui de uma forma bastante diferente de seu uso na linguagem comum, quando muitas vezes é confundido com a simples ‘informação’.

Para muitas aplicações no dia a dia do trabalho, a confusão conceitual que normalmente é feita entre o que é ‘informação’ e o que é ‘conhecimento’ pode não ser realmente muito importante.

Porém, quando se busca a inovação e o correspondente desenvolvimento controlado dos ativos intangíveis geradores de diferenciais competitivos, especialmente os de conhecimento, é necessário se estar atento a uma definição mais formal do que é o conhecimento.

Na epistemologia aqui adotada a terceira parte da definição acima assume especial importância, uma vez que estabelece não haver tal coisa como um conhecimento objetivo, que possa ser separado do conhecedor.

Muitas ações chamadas de Gestão do Conhecimento buscam ‘capturar’ o conhecimento, separando-o do conhecedor, quando - sob a ótica de conhecimento aqui descrita – estão apenas produzindo informações.

Estas informações produzidas, naturalmente, se apresentadas a outro ser humano, lhe possibilitarão construir seu próprio conhecimento sobre o assunto, ou seja, sua capacidade de ação eficaz sobre aquele assunto, desde que, é claro, este outro ser humano tenha o contexto necessário para tal construção.

Forte abraço
Fernando Goldman