quinta-feira, 23 de junho de 2011

Something Organizacional

Prezados


Gostaria de compartilhar com vocês um vídeo da música Something tocada em um tributo a George Harrison, em 2002, que é capaz de ilustrar alguns importantes aspectos do fenômeno organizacional.

De imediato, o vídeo nos ajuda a entender que o fenômeno organizacional  transcende o âmbito das empresas. É bem verdade que um número orquestrado não seria em si um exemplo de um fenômeno emergente, pois, obviamente, temos coordenação central, como também acontece nas empresas. No entanto, é fácil perceber que diversos elementos que produzem o Conhecimento Organizacional como fenômeno emergente estão também aqui presentes, levando a um clímax, que poderia ou não acontecer.

Temos algumas feras no vídeo, muitas feras na verdade. Sem as feras, por mais coordenação que se tivesse, poderíamos ter só uma musiquinha bem interpretada. As empresas de excelência sempre têm suas feras também, mas como disse Senge: “para algumas empresas, frente ao que poderiam ser, excelência não passa de mediocridade”.

Mas voltando ao vídeo, algumas destas feras são astros principais e outras destas feras são coadjuvantes. O solo de ukulele ( uma espécie de cavaquinho) de Paul McCatney, por exemplo, vale um vídeo, mas ele é mais valorizado ainda pela entrada de Ringo Star e as baterias, em sequência das guitarras e, em seguida, pela entrada triunfal da orquestra, seguido pelo dueto entre Paul MacCartney e Eric Clapton.

Claro que há a música que dá liga a isto tudo, mas mais do que isto há um contexto, toda uma história ligada ao momento, que nos une aos intérpretes, mesmo ser termos estado lá.

Bem, se você não está nem aí para entender o fenômeno organizacional, não tem problema: curta o vídeo.

Forte abraço

Fernando Goldman

domingo, 19 de junho de 2011

A obsolescência do conhecimento

Prezados


O leitor Ferdinand enviou a este blog o comentário-pergunta abaixo:


Fernando
Entendo que GC é de âmbito local (dentro da empresa).
Mas imagine que estamos num setor que está sendo desconstruído.
Se a turma do planejamento estratégico considera fechar mais uma fábrica por causa da concorrência desleal da China, de quem passa a ser a responsabilidade social?
Pois não são só empregos que perdemos. Perdemos conhecimento, tecnologia, habilidade para gerar riqueza. Perdemos nosso futuro.
A GC não deveria apresentar um “loop” de sobrevivência?
Ou isso é só para estadistas?
Forte abraço
Ferdinand


É uma pergunta muito aberta, que mereceria uma série de considerações: caberia esclarecer que a GC pode acontecer no nível de grupos, dos arranjos organizacionais, inter-organizacionais e por aí vai; depois caberia melhor entender o fenômeno China ( que foge aos objetivos deste blog); e finalmente entendermos que o termo Responsabilidade Social pode perfeitamente ser usado no sentido que você usou, mas que isto nem sempre acontece.


Mas vou me prender ao aspecto que me parece mais relevante: a obsolescência do conhecimento.


Uma das principais características do conhecimento é sua rápida obsolescência, tanto no nível dos indivíduos, quanto dos grupos formados por eles.


Uma Gestão do Conhecimento Organizacional bem feita deveria ser um importante fator para que esta obsolescência não acontecesse.


A figura abaixo ilustra a obsolescência do conhecimento.
Forte abraço
Fernando Goldman

sábado, 18 de junho de 2011

Definição de Gestão do Conhecimento Organizacional (KM) usada neste blog

Prezados
Acabo de atualizar a definição de Gestão do Conhecimento Organizacional (KM) usada neste blog, que agora aparecerá na parte superior do quadro da lateral direita de quem olha a tela.


A definição fica assim:
Gestão do Conhecimento de um arranjo organizacional - ou simplesmente Gestão do Conhecimento Organizacional - é um metaprocesso, que, explícita e sistematicamente, define ações e práticas de apoio para melhorar as políticas, programas e processos do arranjo organizacional, os quais influenciam a qualidade da dinâmica de seu Conhecimento Organizacional


Pontos que me parecem importantes nesta definição de KM:

1 – KM é vista como um metaprocesso. Uma reflexão crítica sobre as políticas, os programas e os processos do conhecimento organizacional. Evita o erro grosseiro de se pensar que KM lida diretamente com o conhecimento. Quem lida diretamente com o conhecimento são os conhecedores.

2 – O objeto da KM é a qualidade da dinâmica do Conhecimento Organizacional, não o conhecimento em si, que só é acessível aos conhecedores.

3 – O foco em um conhecimento crítico ou estratégico é totalmente equivocado para a KM, pois é uma visão estática. O que deve importar é a dinâmica do conhecimento organizacional. Um conhecimento crítico ou estratégico sempre deixará de sê-lo e se a empresa não tiver uma boa dinâmica do conhecimento organizacional não conseguirá se adaptar criando Conhecimento Organizacional adequado.

4 - KM não pode focar apenas resultados econômicos (de curto prazo). Precisa focar resultados de conhecimento, que envolvem longo prazo. Se é verdade que as empresas longevas lidam bem com o conhecimento, é válido afirmar que empresas que lidam bem com o conhecimento terão maior chance de alcançar a longevidade. trata-se de um fator necessário, porém não suficiente.

5 - Uma definição de KM envolve resumir diversos conceitos em um parágrafo estabelecendo um caminho a ser seguido. É muito perigoso partir de uma definição errada ou que induza a erros. O tempo para avaliar ações de KM é muito longo, não se devendo deixar de fazer um monitoramento. Começar com uma definição mais fácil pode ser fatal.
Forte abraço
Fernando Goldman

domingo, 12 de junho de 2011

A Gestão do Conhecimento na República dos Jabutis



Prezados


O jabuti, aquele animal de pernas curtas como a mentira, como todo mundo sabe não sobe em árvores. Diz o ditado popular que se ele está no alto da árvore é porque alguém o colocou lá. Alguém que tem poder para isso. Ainda segundo a sabedoria popular, é melhor não mexer com ele, pois se está lá é para ficar, pois representa algum interesse poderoso.


Muita gente me olha com desconfiança quando me apresento como um pesquisador da Dinâmica do Conhecimento Organizacional. Os jabutis então ficam com o casco arrepiado. Elem acreditam que o único conhecimento que realmente conta é ter conhecimento com quem manda. Muito possivelmente em muitas empresas e órgãos públicos tais pessoas estão cobertas de razão.


Quando tento me aprofundar no assunto e digo que a Era da Informação já passou e que estamos na Era da Inteligência, logo me perguntam se inteligência é sinônimo de esperteza.


Se eu disser que Gestão do Conhecimento é precursora da Inovação e da Competitividade, aí, sim, consigo uma porção de jabutis aliados. Um monte deles focados em inovar e melhorar a competitividade logo se interessam em saber que bala mágica é esta tal de Gestão do Conhecimento. Mas logo vem a decepção, quando descobrem que se trata de algo muito trabalhoso, que exige grande base conceitual, diagnósticos precisos e ações de longo prazo.


Quando descobrem que uma verdadeira Gestão do Conhecimento implicaria em reconhecer o valor dos conhecedores, gente a qual eles, os jabutis, tem verdadeiro horror, quase entram em pânico. Tudo menos dar valor aos conhecedores. Os jabutis adoram comprar sistemas que produzam conhecimento automaticamente, não importa o quanto você fale, esbraveja e esperneie que "automaticamente" é palavra armadilha quando se fala em conhecimento.


Mas logo os jabutis vão ganhando intimidade, ganham coragem, perdem a timidez e perguntam: não tem uma ferramenta tecnológica que eu possa comprar e dizer para todo mundo que eu estou fazendo Gestão do Conhecimento?


Outra pergunta freqüente é: quanto precisamos – precisamos aqui, muitas vezes, significa "podemos" – gastar para implantar um grande projeto de Gestão do Conhecimento. Mais uma vez, vem a decepção ao saber que é possível iniciar os trabalhos com ações simples e localizadas de reflexão crítica sobre os processos de conhecimento da empresa, sem gastar muito, e que não se trata de um projeto, mas de um processo, que precisa ser continuamente feito e realimentado.


Definitivamente a República dos Jabutis não é um território muito adequado para se falar seriamente em inovação e competitividade e entendê-las a fundo, pregando o cuidado com o Conhecimento Organizacional. Muito mais confortável seria seguir o exemplo dos jabutis e bater no peito se apregoando como defensor da inovação e competitividade, como muitos o fazem, mesmo no fundo sabendo que de tal proposição, evidentemente, não se demonstram os fundamentos.


Forte abraço


Fernando Goldman

terça-feira, 7 de junho de 2011

Hayek e o Conhecimento Organizacional


Prezados

Segue mais uma pérola sobre o conhecimento, que pode nos ajudar a melhor entender o Conhecimento Organizacional. É um trecho muito citado de Hayek, mas que sempre vale a pena repetir. Segundo Hayek (1945, pp. 519-520)[1]:

The peculiar character of the problem of a rational economic order is determined precisely by the fact that the knowledge of the circumstances of which we must make use never exists in concentrated or integrated form, but solely as the dispersed bits of incomplete and frequently contradictory knowledge which all the separate individuals possess. The economic problem of society is thus not merely a problem of how to allocate "given" resources [...]. It is rather a problem of how to secure the best use of resources known to any of the members of society, for ends whose relative importance only these individuals know. Or, to put it briefly, it is a problem of the utilization of knowledge not given to anyone in its totality.[2]

Forte abraço

Fernando Goldman





[1] HAYEK, F. A. The use of knowledge in society. American Economic Review. v. 35, n.4, p.519-530, set. 1945.



[2] O caráter peculiar dos problemas de ordem econômica racional é determinado exatamente pelo fato de que o conhecimento das circunstâncias que devemos utilizar nunca existe de forma concentrada ou integrada, mas apenas como pedaços dispersos de conhecimentos incompletos e frequentemente contraditórios que os indivíduos possuem separadamente. O problema econômico da sociedade é, portanto, não meramente um problema de como alocar recursos "dados"[...]. É mais um problema de como garantir a melhor utilização dos recursos conhecidos para qualquer um dos membros da sociedade, para fins cuja importância relativa apenas estes indivíduos sabem. Ou, posto de forma simplificada, é um problema da utilização do conhecimento, que não é dado a ninguém em sua totalidade.

sábado, 4 de junho de 2011

O Conhecimento como base para a Inovação


Prezados


Reproduzo aqui um trecho muito interessante, que pode ser útil na reflexão empreendida neste Blog, de como deveria ser entendida a Gestão do Conhecimento Organizacional:



"... o tema do conhecimento deixou de ser objeto apenas da Pedagogia e da Filosofia. O conhecimento como base para a inovação tem gerado ampla literatura econômica produzida por autores neoschumpeterianos, ao lado de literatura na área de gestão do conhecimento por autores da área de Administração de Empresas."*

Forte abraço


Fernando Goldman



* NICOLAU J. A. ; PARANHOS J. Notas sobre o conceito de inovação, Textos de Economia, Florianópolis, v.9, n.1, p.23-37, jan./jun.2006