quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

É possível comprar diferenciação?

Prezados

O nosso amigo Ferdinand encaminhou um comentário:

Fernando
Temos uma questão a ser pensada.
A turma que usa o método TRIZ, simplifica bastante a necessidade de conhecimento nas organizações. Penso que muitos devem achar que a é a solução para a inovação. Como isto deve impactar as organizações e o ambiente econômico. Quais os prós e contras que poderíamos alinhavar para cada um dos caminhos?
Forte abraço
Ferdinand


Minha resposta:

Andei lendo sobre os 40 princípios do método TRIZ e eles me pareceram muito sábios, mas passíveis de serem resumidos numa máxima bem conhecida: “se você faz uma pergunta há 50 anos e não obtém uma resposta adequada, talvez esteja na hora de mudar a pergunta”.

Bem, antes de tudo, gostaria de reafirmar que não conheço em detalhes o método TRIZ. Assim, não gostaria de fazer mais comentários sobre o mesmo. Todos os comentários que farei aqui dizem respeito a um método qualquer que possa ser oferecido a uma empresa.

As empresas focam cada vez mais na necessidade de desenvolver aquilo que Selznick chamou de competências distintivas. Aquilo que propicia vantagens competitivas sustentáveis, na linguagem da Visão Baseada em Recursos.

Estamos falando de maneiras próprias de ver o mundo e fazer as coisas. Diferenciação é o caminho para a longevidade. Fazer coisas que sejam valiosas, raras e difíceis de imitar pelos competidores, conforme Barney bem conceituou em seu framework VRIO.

Estamos falando de criar competitividade, que em última análise propicia sustentabilidade à empresa. A longevidade da empresa, resultado de sua sustentabilidade ao longo do tempo, em todas as dimensões, resulta não só de suas capacitações estáticas para agir no dia-a-dia de forma eficiente, como também de suas capacitações dinâmicas para agir eficazmente em ambientes de rápida mudança.

Tais capacitações resultam da forma como suas pessoas trabalham. Dependem do conhecimento das pessoas e da forma como o conhecimento das pessoas emerge no Conhecimento Organizacional, responsável pela forma como a empresa age.

As empresas e outros arranjos organizacionais "sabem como fazer determinadas coisas". A maioria das atividades desenvolvidas por uma empresa envolve coordenação e integração de conhecimentos. Não é de se esperar que uma só mente humana possa possuir todo conhecimento necessário à execução de uma atividade. Se pudesse, não se precisaria de uma empresa para fazê-la.

Se é assim que o mundo funciona, de alguma forma as empresas têm capacitação para fazer as coisas. Elas não só sabem como fazer as coisas, como também que coisas fazer.

O que estudamos aqui neste blog é a idéia de que esse "conhecimento organizacional", um ativo intangível específico de cada empresa, é um fenômeno real - totalmente diferenciado de um mero conhecimento coletivo - e que é muito importante entender quais os princípios que regem a forma como esse conhecimento organizacional é adquirido, mantido, ampliado e, por vezes, perdido. Em uma outra palavra: gerido.

Desenvolver o conhecimento idiossincrático*, o que dá sentido a formas distintas da empresa fazer as coisas, é reconhecido como cada vez mais importante. O conhecimento idiossincrático, por sua vez, implica na constante criação do conhecimento, tanto individual como organizacional. Importante lembrar que entre as características mais importantes do conhecimento está sua rápida obsolescência.

Na Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional toma-se como premissa que o conhecimento organizacional se cria a partir do conhecimento criado pelos indivíduos e que a inovação é um fim, do qual a criação do conhecimento é um meio.

É precisamente por causa do conhecimento tácito dos indivíduos envolvidos na criação do conhecimento organizacional que as formas idiossincráticas de fazer as coisas em uma empresa são difíceis de imitar. Tudo isto porque o conhecimento realmente diferenciador, entendido como capacitação para ação eficaz, não pode ser comprado em um mercado aberto. Ele tem de ser criado, o que requer tempo, esforço, e quase sempre um contexto específico (organizacional e institucional), que é difícil de reproduzir em uma empresa diferente daquela em que ele se originou.

Em resumo, um método que esteja disponível a qualquer um, em um mercado aberto, pode até ser muito útil de ser aplicado em determinada empresa, mas não será capaz de por si só criar vantagem competitiva sustentável.

Forte abraço

Fernando Goldman

* O termo idiossincrático diz respeito à disposição particular de um indivíduo para reagir a determinados agentes exteriores.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Brookes e a Ciência da Informação



Prezados

Ultimamente, diferentes pessoas têm me questionado, por que eu não cito Brookes e sua famosa equação.

Brookes, em 1980*, propôs que os modelos mentais são transformados durante o processo informacional. Para ele, a equação:

K(S) + ΔI = K (S+ΔS),

proposta no âmbito da Ciência da Informação, explica a transformação do conhecimento do usuário.

Na equação proposta, K(S) representa a estrutura de conhecimento de um individuo associada a um estado de conhecimento. ΔI representa uma nova informação e ΔS representa uma variação de estado, que se dá no indivíduo ao processar a nova informação. K (S+ΔS) representa a nova estrutura de conhecimento do individuo, já modificada, indicando o efeito da transformação da informação em conhecimento.

Brookes expressa assim que a estrutura de conhecimento do individuo, mais o acréscimo de uma informação, geram uma nova estrutura de conhecimento.

É um elegante exercício de colocar em linguagem matemática aquilo que diferentes pensadores já haviam chamado atenção, mas, com todo respeito, não creio que acrescente muita coisa na tarefa de melhor entender o Conhecimento Organizacional.

Forte abraço

Fernando Goldman

* BROOKES, Bertram. The foundations of information science. Part I. Philosophical aspects. Journal of information Science, v. 2, p. 125-133, 1980.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Mensagem do Natal de 2010

Prezados

A mensagem de Natal, minha e deste blog, para este ano, será um filme que recebi do amigo Ricardo Padão.

Feliz Natal para todos que participam de nossas discussões. Aos que fazem comentários, como o Ferdinand, como também aos que ficam na moita.

Aproveito a oportunidade para agradecer e retribuir todos votos já recebidos.

Feliz Natal a todos

Fernando Goldman

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Estudo de Caso


Prezados

Sabem qual é a fixação de muitos pesquisadores? estudo de caso.

Tem seu valor? Talvez tenha, mas quando se trata de um ativo tão específico como o conhecimento organizacional é preciso cuidado. Muito cuidado.

Primeiro, é difícil encontrar estudos de casos de fracassos ou de ações que não produziram resultados satisfatórios. Quando muito, lições aprendidas.

Depois, uma coisa é você buscar estudos de casos, que ajudem a falsear, ou não, sua proposição formulada. Outra coisa é você buscar estudos de casos para formular uma proposição. Isto é indução!

Como Popper bem explicou, não importa quantas vezes você testou uma hipótese, ela pode se mostrar falsa em um próximo teste. É o famoso "problema da indução". Por isso, antes de sair fazendo estudos de casos, tentando entender o que já deu certo para n empresas, ou, o que é pior, para uma só empresa, é importante formular uma teoria que te possibilite estabelecer nexo causal.

Nexo causal? sim, a relação de causa e efeito entre conduta e resultado.

Para exemplificar, com um pouco de humor, segue uma piada bem conhecida:

Sobre GORDURA:
No Japão, são consumidas poucas gorduras e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA; em compensação, na França se consomem muitas gorduras e, ainda assim, o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;

Sobre
VINHO:
Na Índia, se bebe pouco vinho tinto e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;
Em compensação, na Espanha se bebe muito vinho tinto e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;

Sobre
SEXO:
Na Argélia, se transa muito pouco e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;
Em compensação, no Brasil se transa muuuuuito e o índice de ataques cardíacos é menor do que na Inglaterra e nos EUA;

CONCLUSÃO ( tentando estabelecer nexo causal) :

Beba , coma e transe sem parar, pois o que mata é falar inglês!

Forte abraço

Fernando Goldman

Res: Insistindo no "conhecimento"


Prezados

O nosso querido Ferdinand, o leitor que mais dá vida a este blog, me enviou umas questões, que pelo excelente nível, eu gostaria de postar aqui, pois tenho certeza de que seus questionamentos poderão ser úteis para muitos de nós, inclusive para mim, que os respondo.

Assim, peço licença ao Ferdinand para responder suas perguntas em forma de postagem e incentivo outros leitores a usarem o mesmo expediente.

Texto em azul adicionado em 21/12/2010 por Ferdinand

Texto em vermelho adicionado em 22/12/2010 por Fernando Goldman


Postagem original em domingo, 18 de abril de 2010

Diferenciando Conhecimento e Informação

Prezados

Entre as muitas características do conhecimento algumas parecem contraditórias. O s seguintes aspectos merecem atenção especial quando pretendemos distinguir o conhecimento de informação :

1 - conhecer é um ato exclusivamente humano;
Tenho dúvidas. Veja as palestras TED do Bart Weetjens- How I taught rats to snif out land mines, ou a do Ian Dunbar on dog-friendly dog training.

Vão argumentar que é por condicionamento.

Concordo.

Só que o processo é tão complexo que não podemos ter certeza que é apenas condicionamento.

Será que um animal de estimação não "conhece" o dono?

"O conhecer", "o pensar", nos animais pode existir. Nós é que não temos sido capazes de perceber isto de uma forma definitiva.

Não é possível que os animais sejam apenas "autômatos", sem vontade, sem emoções.

Longe disso. Animais não são apenas autômatos, sem vontade, sem emoções. Eu tenho uma "cã", como nós carinhosamente lhe chamamos lá em casa e sei bem disso.

Acontece que os estudos da cognição, psicologia, psicoterapia animal, neurociência e do cérebro vem definindo as diferenças entre os cérebros de seres humanos e animais de diferentes espécies. Se definimos conhecimento como "capacidade de ação eficaz", não podemos esperar que nossos queridos amigos tenham a mesma capacidade de ação de um ser humano, embora muitas vezes sejam capazes de nos surpreender agradavelmente e outras nem tanto.

Para discussão mais detalhada da distinção entre o cérebro humano e o de alguns animais, em especial dos cães, sugiro uma olhada no Livro Inteligência Emocional - Goleman, o qual li há alguns anos. Não tenho aqui a referência completa, mas é muito conhecido.


2 - o conhecimento é dinâmico, nunca estático (diferentemente da informação);

OK, por definição!

É o ato de pensar, perceber, existir!

O ato de conhecer está associado ao ato de pensar, embora não sejam o mesmo ato.



3 - o conhecimento é o resultado do pensamento (não é possível criar conhecimento sem o ato de pensar);

Sim, se aí incluirmos a imaginação, emoções e todos os processos que acontecem no subconsciente.


ok!


4 - o conhecimento é criado no momento presente;
Sim.

O conhecimento é criado no "working memory" mas sem a interveniência da memória, esqueça!

O processo não funcionaria.

Lembre-se da tríade indução - dedução- abdução.


5 - o conhecimento é um fenômeno social - pertence às comunidades, embora, devido a imperfeições, nem todo conhecimento presente em uma comunidade contribua para seu conhecimento organizacional;

Tenho uma enorme dificuldade em concordar, mas ainda não tenho argumentos .
???

Pergunto como acomodar o conhecimento gerado pelos grandes matemáticos, que geralmente trabalhavam reclusos?

Hoje, a sociologia percebe com clareza que são as estruturas sociais que permitem que determinados pensadores (por mais que no distante contexto da história parecessem reclusos) tenham produzido ideias capazes de alavancar a humanidade. Os mecanismos de incentivo ou de desencentivo, bem como os de divulgação ou de repressão criam as circunstâncias para que o gênio se manifeste.

Dizer que o conhecimento é um fenômeno social não tira o valor da construção individual do cohecimento. Veja uma postagem antiga de seu amigo Clemente Nóbrega que, se não estou enganado, tinha o título de Por que o Brasil é ruim de inovação. Nesta linha eu sou fã de carteirinha do Douglas North de 1990.


6 - conhecimento circula através de comunidades de várias maneiras. Ele é coisa e fluxo;

O conhecimento flui se vencidas muitas barreiras, entre as quais:

NIH –not invented here

NWTS – not willing to share

NWTA – not willing to ask

and?



7 - o conhecimento é criado nas fronteiras do conhecimento existente;

Sim, mas isso na própria mente de cada um.

Acho que você está abrindo mão de um componente muito importante, talvez o mais importante: contexto.

Na mente de cada um de nós vai nascendo todo um universo, e cada um chega a um limite próprio.

A fronteira do conhecimento absoluto da humanidade de hoje foram empurradas para tão longe que é inalcançável para cidadãos comuns. Parte das fronteiras são propriedade dos ditos "gênios".

Pegando um gancho neste seu importante comentário, vale lembrar que em qualquer arranjo organizacional o conhecimento não se difunde instantaneamente, nem igualmente. Não podemos nos abstrair da abordagem política do conhecimento. Por outro lado, importante entender também que sendo o conhecimento uma construção individual, sempre haverá os indivíduos que mudarão o modo como vemos as coisas. Alguns são reconhecidos como gênios.



8 - gerir o Conhecimento Organizacional envolve sistemas de informação, mas principalmente os fatores humanos; e o mais importante, surpreendente e difícil de aceitar na prática pelos tecnólogos de plantão:

Não houve comentário a este item.

9 - no seu processo de criação, o conhecimento é tanto um produto final como uma matéria-prima. Em outras palavras, o conhecimento é cumulativo.

Me parece um processo mais complexo que meramente cumulativo:

Cumulativo aqui não pode ser interpretado aritmeticamente.

Acumula enquanto não quebra o paradigma vigente.

Quebrando o paradigma, pode sinalizar as prováveis hipóteses do novo paradigma.

Neste processo a acumulação anterior pode ter apenas valor histórico.

Deve ter uma teoria mais recente do que a do T Kuhn cobrindo estes processos.

Bem, não sei o quanto você está familiarizado com as ideias dos neo-schumpeterianos e com a Teoria Evolucionária da Mudança Econômica, mas suas ansiedades são cobertas pela ideia de Path Dependence.



Forte abraço

Fernando Goldman

sábado, 18 de dezembro de 2010

Em relação ao comentário do Prof. Carlos Lessa


Resposta para a postagem "O Brasil, a energia e a "merda" de Rodrigo Vianna no site da Carta Capital de 9 de dezembro de 2010 às 10:00h, disponível em http://www.cartacapital.com.br/politica/o-brasil-a-energia-e-a-%e2%80%9cmerda%e2%80%9d#comments a respeito de comentários feitos pelo professor Carlos Lessa:

Fernando Luiz Goldman disse:

Prezado Rodrigo

Estive presente no seminário e parabenizo a todos pela qualidade do mesmo. Em especial, foi um prazer ouvir novamente o professor Carlos Lessa, de quem sou fã de carteirinha, mesmo sem nunca ter sido seu aluno.

Porém, homens brilhantes como ele podem algumas vezes e durante algum tempo se deixar enganar. O Professor Lessa me pareceu ter se deixado envolver pelo rolo compressor da "solução hidrelétrica" no Brasil e apresentou uma opinião absolutamente correta com uma conclusão um tanto duvidosa.

Ele tem toda razão quando declara ser imbecil se construir grandes barragens com pequenos lagos, mas errou ao atribuir a culpa de tal situação aos ambientalistas.

Parece pura burrice construir grandes barragens com pequenos reservatórios? Talvez não seja. Pelo menos não para alguns que de um jeito ou de outro acabam se beneficiando da execução da obra. E o bode expiatório já está escolhido. A culpa é dos ambientalistas, que, segundo os beneficiados, não gostam de grandes lagos de hidrelétricas e fazem exigências "descabidas" e de altos custos – financeiros, sociais e ambientais – para viabilizar um lago com volume, capaz de garantir a capacidade de armazenamento compatível com a potência instalada da usina.

Desconsidera-se assim o fato elementar de que no paradigma de geração centralizada e otimização energética – ainda utilizado no Brasil, calcado em grandes usinas e grandes obras de transmissão – para analisar a viabilidade de uma obra de geração não basta analisar a potência instalada da mesma. Deve-se paralelamente analisar a capacidade de armazenamento de água da usina, ou seja, sua energia firme, para não se ficar constantemente refém das condições climáticas.

Assim, o que deveria ser um simples critério de análise da viabilidade de um empreendimento, uma simples avaliação de custo-benefício, é totalmente distorcido e substituído por acusações aos ambientalistas, como se coubesse a eles culpa pelo fato de a solução de grandes hidrelétricas estar cada vez menos sustentável, deixando de ser competitiva.

Na mais clara utilização da chamada "arte da acusação invertida" argumenta-se que os ambientalistas não gostam de grandes lagos hidrelétricos, o que obriga o governo, pobre vítima da situação, a construir usinas com grande potência instalada, porém com pequenos lagos e consequentemente a licitar termelétricas, quando na verdade o problema se trata do absurdo de construir grandes e custosas barragens, atendendo os interesses de grandes empreiteiros, em geral sócios dos empreendimentos, sem um lago adequado. O importante é construir, não importando se faz sentido ou não.

Foge-se de se submeter a uma análise mais abrangente de sustentabilidade o empreendimento e concorrer com outras soluções de energia, mais atuais e cada vez mais competitivas.

Significa acima de tudo, abrir mão do potencial brasileiro para a transição pra uma economia de baixo carbono, pela inovação e competitividade, que poderia ser benéfica a todos brasileiros, em nome da manutenção de um modelo que já apresentou bons resultados décadas atrás, em outro contexto, mas que hoje está ultrapassado, se mostrando concentrador de rendas.

Pelo que conheço da obra e das idéias do professor Carlos Lessa, não creio que ele tenha ainda atentado para todos os detalhes envolvidos.

Forte abraço

Fernando Goldman

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Apresentação na reunião de dezembro de 2010 na SBGC-RJ


Prezados

Segue a apresentação de slides feita por mim na reunião de dezembro de 2010 na SBGC-RJ, sobre o tema " Novas abordagens da Gestão do Conhecimento Organizacional como precursoras da Inovação e da Competitividade".


Forte abraço

Fernando Goldman

Divulgando o NITSUSTENTÁVEL


Clique sobre a imagem, para vê-la ampliada

Reunião de ontem da SBGC-RJ - 14.12.2010

Prezados

Tivemos ontem a nossa última reunião mensal da SBGC-RJ neste ano de 2010, quando tive a oportunidade de apresentar a palestra . Agora só voltaremos a nos reunir em março do ano que vem.

Foi um prazer termos recebido um grupo tão interessado na Gestão do Conhecimento Organizacional.


Foi também um prazer ter conhecido pessoalmente o Ferdinand, que vem dando vida a este blog.

A partir de alguns dos comentários feitos ontem, pretendo fazer postagens para que possamos esclarecer alguns detalhes, em especial, na tentativa de criarmos uma linguagem comum.

Forte abraço

Fernando Goldman

domingo, 12 de dezembro de 2010

Novas abordagens da Gestão do Conhecimento Organizacional como precursoras da Inovação e da Competitividade.

Prezados

A atual economia globalizada, por um lado em crise, por outro lado em expansão como modo de comportamento das nações mais competitivas, caracteriza-se não só por frequentes mudanças tecnológicas – as técnicas, as organizacionais e as de desenhos institucionais – como pela demanda acelerada das chamadas Tecnologias da Informação e das Comunicações, resultando em um modo de vida em sociedade, que pode ser definido como uma "economia do conhecimento e da inovação".

Trata-se de um mundo em que – não mais matérias-primas e capacidade de produção industrial, mas – os trabalhadores do conhecimento, com suas características bem específicas, entre elas a de terem com boa escolaridade e serem capacitados à inovação, são a chave da competitividade e do desenvolvimento.

Passado o período eleitoral bipolarizado aqui no Brasil, pode-se agora analisar com mais frieza que entre as causas do crescimento relativamente lento observado no Brasil, a "falta de inovação" é muitas vezes citada, tornando difícil definir se tal falta de inovação é causa ou efeito.

É comum encontrarem-se questionamentos sobre por que tem sido tão difícil para o Brasil avançar na inovação, como se fosse possível pensar na inovação como uma ação isolada.Tal tipo de abordagem torna o discurso sobre a inovação no Brasil, quase sempre, destituído de qualquer sentido prático.

Três fatores são comumente apontados para a falta de capacitação para inovar no Brasil. O país:

i) ficou para trás de seus competidores, especialmente os da Ásia, na oferta de um serviço educacional criativo e de qualidade para todos os seus cidadãos;

ii) tem buscado uma inovação de ponta, intensiva em capital e P&D, que produza avanços tecnológicos em nível mundial, ignorando as inovações mais corriqueiras dos processos de produção, das mudanças organizacionais e de desenhos institucionais, que tendem a render os melhores resultados econômicos; e

iii) tem dependido muito do governo para incentivar a inovação, desprezando o caminho mais eficiente e menos oneroso do uso de incentivos para encorajar a inovação no setor privado, que normalmente se espalharia mais rapidamente por toda a economia.

Este último problema pode ser interpretado como resultado da cultura de barreiras comerciais para proteger o setor privado da competição internacional, muito embora, comumente, possam ser apontados os avanços já produzidos pelo Brasil, em nível mundial, na agricultura, aeronáutica e na exploração de petróleo em águas profundas nos últimos anos.

Como uma nação que tem entre seus principais problemas uma ainda muito grande desigualdade de renda, o Brasil precisa de soluções criativas para uma espécie de inovação de segunda ordem, algo como uma inovação da inovação, capaz de reconhecer a necessidade de se reavaliar suas estruturas de conhecimento, tais como o sistema educacional, a infra-estrutura tecnológica e a própria política de inovação, para assegurar os tão necessários avanços contra a pobreza.

Há a necessidade de se buscar uma análise e possíveis opções para se conseguir produzir a inovação de segunda ordem em escala suficiente para fazer frente à competição em uma economia global cada vez mais dinâmica.

Embora necessário, não basta resolver os aspectos mais visíveis, tais como capacitar pessoas, para se ter desenvolvimento. Mais importante seria se os formuladores de estratégias empresariais e de políticas públicas reconhecessem:

i) o Conhecimento Organizacional como um ativo intangível , específico, dinâmico e emergente de um arranjo organizacional, ou de um grupo que o componha;

ii) a inovação como criação de conhecimento organizacional;

iii) a Gestão do Conhecimento Organizacional como um meta-processo, o qual não produz conhecimento diretamente aplicável à produção, mas sim processos que conscientemente criam ambientes adequados à emergência do conhecimento (capacitações dinâmicas).

Na terça-feira, dia 14.12.2010, estaremos discutindo este tema na reunião mensal da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento - SBGC-RJ, às 18:30 h, na Valer - Departamento de Educação da Vale, na Avenida Presidente Wilson, 231 / 7º andar - Centro/RJ .

As inscrições são totalmente gratuitas, havendo apenas a necessidade de inscrição, pois as vagas são limitadas.

Inscrições em http://cadastro.synergiaeditora.com.br/sbgc/inscricao/

Forte abraço

Fernando Goldman

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Governança Corporativa e Gestão do Conhecimento

Prezado Ferdinad

Governança Corporativa e Gestão do Conhecimento têm as mesmas iniciais, mas suas ligações não param por aí.

Vendo seus últimos comentários, eu fico com a impressão de que você não anda nada satisfeito com os seus atuais gerentes.

Acredito que você conheça a Teoria de Agência. Segue um trecho muito bem escrito, que ajuda a começar a entender um pouco do assunto.

O que é a Teoria de Agência, Problema e Custos de Agência?

Teoria de Agência, também chamada Teoria do Agente Principal, consiste numa das principais teorias de finanças e é considerada a principal abordagem formal para a governança corporativa. Foi formalizada no artigo seminal de Jensen e Meckling (1976). Os autores definem o relacionamento de agência como "um contrato no qual uma ou mais pessoas - o principal - engajam outra pessoa - o agente - para desempenhar alguma tarefa em seu favor, envolvendo a delegação de autoridade para a tomada de decisão pelo agente".
Dessa forma, se ambas as partes agem tendo em vista a maximização de suas utilidades pessoais, a Teoria de Agência afirma que existe uma boa razão para acreditar que o agente não agirá sempre no melhor interesse do principal.

O problema de agência ocorre quando os gestores tomam decisões com o intuito de maximizar sua utilidade pessoal e não a riqueza de todos os acionistas, motivo pelo qual são contratados.

Os custos de agência são custos em que os acionistas incorrem para alinhar os interesses dos tomadores de decisão (gestores) aos seus. De acordo com Jensen e Meckling (1976), são a soma dos: i) custos de criação e estruturação de contratos entre o principal e o agente; ii) gastos de monitoramento das atividades dos gestores pelo principal; iii) gastos promovidos pelo próprio agente para mostrar ao principal que seus atos não lhe serão prejudiciais; iv)
perdas residuais, decorrentes da diminuição da riqueza do principal por divergências entre as decisões do agente e as decisões que iriam maximizar a riqueza do principal.

Definição cedida pelo Professor Alexandre Di Miceli da Silveira (FEA/USP) e publicada no site do Instituto Brasileiro de Governança Coirpotativa, disponível em p://www.ibgc.org.br/PerguntasFrequentes.aspx.

Repare que se a variável na qual se estivesse interessado fosse o conhecimento organizacional, o problema de agência passaria ocorrer quando os gestores tomassem decisões que contribuíssem para diminuição da qualidade do conhecimento organizacional, a curto ou longo prazo, diminuindo assim as capacitações dinâmicas do arranjo organizacional.

A Teoria da Agência do ponto de vista dos ativos do conhecimento é uma linha de pesquisa que ainda engatinha, mas que pode render muito.

Forte abraço

Fernando Goldman

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Palestra mensal da SBGC-RJ de 14/12/2010: Novas abordagens da Gestão do Conhecimento Organizacional como precursoras da Inovação e da Competitividade.





Caso não consiga visualizar esta mensagem adequadamente,acesse este link

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A Synergia Editora apóia e convida para:

Palestra mensal da SBGC-RJ
Novas abordagens da Gestão do Conhecimento Organizacional como precursoras da Inovação e da Competitividade.

A ser realizada durante a próxima reunião mensal da SBGC-RJ, que acontecerá no dia 14 de dezembro, terça-feira, às 18h30.

Após a palestra haverá debate sobre o tema acima.

Palestrante:
Engº Fernando Goldman

Dados da palestrante:
Diretor regional da SBGC-RJ, é doutorando em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento no Instituto de Economia da UFRJ, Mestre em Engenharia de Produção pela UFF e engenheiro eletricista pela UFRJ.

Local:
Valer - Departamento de Educação Vale
Avenida Presidente Wilson, 231 / 7º andar - Centro/RJ

Inscrições Gratuitas – vagas limitadas – RSVP

Serão fornecidos certificados de participação

Caso não consiga acessar o link de inscrição acima, acesse o endereço: http://emm.to/c/?1107.109.0.1.4.10576.9.1000005.6.10.1694.0.107752.0.3.eb290

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APOIO:
Synergia Editora

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Usando a TCCO para abrir a caixa preta

Prezado Ferdinand

Você questiona a correlação direta entre conhecimento e inovação. Então você questiona a TCCO.

Para tornar a relação entre conhecimento e inovação mais clara, sem usar um texto de Nonaka, vou apelar para Coriat. Coriat faz parte de uma linha de autores que entendem a mudança econômica como fruto das inovações introduzidas pelas empresas.

Segue um interessante parágrafo dele, traduzido por mim, que ajuda a entender a preocupação de criar ferramentas para lidar com a mudança econômica, que nos nosso dias se acelera e por isso tem de ser melhor entendida.

A representação da tecnologia e do progresso tecnológico na economia padrão é sempre reduzida a uma visão bastante simplificada. Tecnologia e mudança técnica são consideradas como fatores exógenos, resultantes de um determinado estado do conhecimento (supostamente disponível e utilizável por todas as empresas), expressa em um "projeto" e são representados por funções de produção. Tal raciocínio abrange não somente a técnica em seu sentido restrito, mas também as estruturas organizacionais - especialmente ao nível das empresas - e para o ambiente institucional no qual as capacidades das empresas e as nações são baseadas. Inovação, em tais condições, não pode deixar de ser tratado como dádiva de Deus, ou como produto da criatividade de indivíduos excepcionais ", o que é aproximadamente a mesma coisa. [...] Com efeito, além de levar em conta fatores importantes como P & D ou a educação, eles continuam a considerar o sistema de produção e os atores e organizações que contribuem para a inovação tecnológica e organizacional como uma enorme caixa preta.*


Gosto muito da frase que eu coloquei em negrito, que bem denota o fato de que estamos falando da inovação sistemática, ou seja, a capacitação (dinâmica) que a firma tem para inovar. Estamos aqui tentando abrir a caixa preta.

Forte abraço

Fernando Goldman

* CORIAT B. ; WEINSTEIN O. Organizations, firms and institutions in the generation of innovation, Research Policy, v. 31, n. 2 pp. 273-290, 2002.

Para que serve a Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional (TCCO)?

De tempos em tempos há a necessidade de termos aqui uma postagem acertando alguns aspectos importantes.

Por exemplo, é importante entender que este blog é fruto do esforço de reflexão de um pesquisador da Dinâmica do Conhecimento Organizacional. No caso, eu.

Por que alguém se propõe a pesquisar um troço tão pouco definido quanto este tal de “Conhecimento Organizacional”? A resposta é simples: exatamente porque ele é um constructo ainda mal entendido e muito mal definido. Se fosse bem entendido e definido, talvez não houvesse motivo para pesquisá-lo.

Não estamos aqui, portanto, falando de uma simples e objetiva ferramenta gerencial, que possa ser comprada e implantada na empresa. Alguma coisa que venha em um DVD, talvez. De preferência plug and play. Não falamos de uma disciplina já consagrada e de larga aplicação como, por exemplo, o é a Gestão Contábil e suas melhores práticas.

Como a teoria que norteia a forma de lidar com o capital financeiro das empresas já tem uma longa estrada, teorias e práticas vêm sendo testadas há bastante tempo e são campo de realização para quem gosta de aplicar regras bem definidas e de poder observar resultados bem práticos.

Não significa que não haja pesquisadores em ciências contábeis. Certamente os há, mas quem não tem paciência para pesquisar, pode perfeitamente se engajar no assunto de forma muito mais objetiva, seguindo procedimentos e rotinas bem detalhados, fazendo balanços contábeis e até ganhando muito bem com isso.

No entanto, quando falamos em Capital Intelectual e, em especial, de uma de suas derivações, o Capital Humano, temos de reconhecer a necessidade de um perfil de pesquisador. Há que se ter a paciência e o prazer da descoberta característicos de quem se dedica à ciência.

Aliás, este é um problema com o qual as empresas se defrontam hoje em dia. Apesar de toda a retórica sobre o conhecimento como fator de produção e do potencial de criação de valor dos intangíveis, elas não sabem como tratar a ambidestria organizacional necessária para lidar simultaneamente com o sucesso taylorista de administrar o dia-a-dia dos bens tangíveis ( bem mais fácil de ser reconhecido no curto prazo) e o sucesso de longo prazo resultante de lidar com intangíveis corretamente, em especial, os intangíveis do conhecimento.

Ambos são necessários e têm seus critérios de sucesso. O que não se pode fazer é confundi-los. Quem se julga muito objetivo, com o chamado perfil gerencial, deve procurar caminhos de respostas mais imediatas, mas não deve pensar em aplicá-las a intangíveis.

A TCCO é uma teoria em construção, que é trabalhada nas pesquisas daquilo que vem sendo chamado de Ciência Organizacional. A TCCO nos diz que nos arranjos organizacionais o conhecimento é criado e expandido através da interação social entre conhecimento tácito e conhecimento explícito ( fenômeno) e procura entender como isto acontece (explicação). Ele procura entender a dinâmica da inovação, algo contínuo, e não a história de uma determinada inovação.

A TCCO atribue à inovação o caráter de criação do Conhecimento Organizacional. Alguém poderia sugerir alguma coisa menos prática para executivos e gerentes com grande capacidade de ação se envolverem? Mas é disto que depende a longevidade das empresas.

Parafraseando Galileu, que disse "e no entanto ela se move", poderíamos dizer sobre a TCCO, e no entanto ela é importante.

Forte abraço

Fernando Goldman

Postagem revisada em 04.12.2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Apresentação no XII Engema

Prezados

Segue a apresentação de slides feita por mim no XII ENGEMA, sobre o tema " Inovação e Sustentabilidade na Transição para uma Economia de Baixo Carbono"


Forte abraço

Fernando Goldman